“Somos mestiços. Não apenas etnicamente mestiços. Somos culturalmente mestiços. Dançando o Aruanã sob a lua; rezando numa capela de Nossa Senhora Chestokova; curvadas sobre a almofada da renda de bilros; trocando objetos e valores no Moitará; depositando ex-votos aos pés dos nossos santos; sambando na avenida; contemplando a pedra barroca tocada pela eternidade do Aleijadinho; dobrando a gaita numa noite de frio, no sul; tocados pela décima corda da viola sertaneja; possuídos pelo frevo e pelo maracatu nas ladeiras de Olinda e Recife; atados à corda do Círio de Nazaré; o coração de tambores percutindo nas ruas do Pelourinho ou no sapateado do cateretê; girando a cor e a vertigem do Boi de Parintins e de São Luís; digerindo antropofagicamente o hip hop no caldo da embolada ou do jongo. Somos irremediavelmente mestiços.”

A Imaginação a Serviço do Brasil – Programa de Políticas Públicas de Cultura, Coligação Lula Presidente, 2002

Há um jeito petista de ser, uma cultura própria, mais que uma ideologia. Um entusiasmo só comparável ao das torcidas de futebol, que leva os militantes a sair às ruas, bandeira em punho, estrelinha no peito. Desde o início o partido produziu uma imagem própria, e apostou na criatividade da militância. A estrela é reproduzida de diversas maneiras, camisetas proliferam em oficinas caseiras, lemas são inventados e “pegam” rápido – quem não se lembra do “PT Saudações” ou do “OPTEI”?

Isso só é possível porque o PT pôde contar com a colaboração militante de profissionais da cultura de alta qualidade nas mais variadas áreas. Mas o partido vem também construindo os próprios instrumentos de política cultural. Em 1996, o Diretório Nacional instituiu a Fundação Perseu Abramo, com o objetivo de articular o campo intelectual e artístico petista e contribuir com a construção da memória do PT e da esquerda, investigar as principais questões da sociedade brasileira e da esquerda mundial e refletir sobre elas.

Desde sua criação, a FPA vem se consolidando como um profícuo espaço de ações, pesquisas, formulações, discussões, estudos, publicações e diversas atividades que são poderosos instrumentos de expressão e debates. A ação institucional se dá em diversas frentes que promovem e dão espaço para um conjunto extenso de atividades e articulações, aglutinando especialistas, militantes e pensadores dos mais variados temas que colaboram para o aprofundamento da reflexão política e para a pluralidade de opiniões.

As linhas gerais do plano de trabalho que constituíram as tarefas da FPA no momento de sua criação se centraram em recuperar a memória e história do Partido dos Trabalhadores, promover a reflexão ideológica, política e cultural, socialização do patrimônio político-ideológico-cultural por meio de eventos, publicações e educação política, e pesquisas de opinião pública. Dessa maneira, para dar andamento aos primeiros trabalhos foram criados o núcleo Administrativo-Financeiro, o setor editorial, o Projeto Memória e História, o Núcleo de Opinião Pública (NOP), o setor de comunicação, o Projeto de Reflexão, e a edição e publicação da Revista Teoria & Debate.

Decorridos 25 anos de sólida trajetória, a FPA ampliou e diversificou projetos, relações, diálogos e parcerias que contribuíram ativamente para o legado de atividades, produtos e conteúdos que concretizam a ação institucional, e dão fôlego para continuidade dos trabalhos que colaboram de maneira fundamental na construção de uma sociedade mais justa, democrática e igualitária.

Recentemente, diante das condições impostas pela pandemia e disseminação do coronavírus que nos colocou a necessidade do distanciamento social, a FPA se reinventou para oferecer produtos e serviços que funcionassem de maneira virtual, tais como a Revista Focus e a ampla programação de debates do Pauta Brasil. Essa ação colabora ainda mais para que os conteúdos tenham ampla abrangência e chegue a todos os interessados e interessadas nas discussões que atingem a sociedade brasileira. 

Dentre setores e projetos, atualmente temos a estrutura composta por: Administrativo, Centro de Altos Estudos, Centro Sérgio Buarque de Holanda – Centro de Documentação e Memória Política -, Comunicação, Editora FPA, Escola Nacional de Formação do PT (ENFPT), Financeiro, Grupo de Conjuntura, Núcleos de Acompanhamento de Políticas Públicas (NAPPs), Núcleo de Cooperação Internacional, Núcleo de Formação, Núcleo de Opinião Pública, Pesquisas e Estudos (NOPPE), Reconexão Periferias e Revistas Focus e Teoria e Debate. Além destes setores, a FPA possui órgãos constitutivos formados pela Diretoria Executiva, atualmente composta por 10 diretores indicados pelo Diretório Nacional; e o Conselho Curador que colabora na gestão da ação institucional, contribuindo para o desenvolvimento das atividades e planos de trabalho.

Em 2021 a Fundação Perseu Abramo celebrou 25 anos de existência. Parte dessa história foi celebrada e contada pela atual direção em evento comemorativo desses relevantes anos de contribuição. Confira aqui o vídeo do evento com as presenças de Dilma Rousseff, Fernando Haddad, Gleisi Hoffmann e Laís Abramo. A mediação foi realizada pelos atuais diretores Aloizio Mercadante e Elen Coutinho.  



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