“Há quem diga que a primeira vez que a ideia de criação de um Partido dos Trabalhadores apareceu foi em julho de 1978, no Congresso dos Trabalhadores de Empresas de Petróleo, em Salvador, Bahia. Outros dizem que a decisão de formar o PT foi tomada em janeiro de 1979, no XI Congresso dos Metalúrgicos de São Paulo, realizado em Lins (…) Levado pelas crescentes pressões populares e também pelo calendário de abertura, o regime lançou em dezembro de 1979 a reforma partidária. Procurava, assim, dividir as forças oposicionistas, garantir o apoio ao governo com a criação de um partido de centro (o partido popular) e assegurar a representação das classes trabalhadoras sob uma sigla “confiável”, com o renascido PTB. Mas, o que o regime não previu, foi o surgimento do PT.

O movimento pró fundação do PT desembocou, em 13 de outubro de 1979, em uma reunião que aprovaria uma declaração política. Em 10 de fevereiro de 1980, a Comissão Provisória Nacional, reunida no Colégio Sion, em São Paulo, com mais de 1.200 pessoas, aprovou o Manifesto do Partido dos Trabalhadores. Em 31 de maio e 1º de julho de 1980, o PT realizou um Encontro Nacional que aprovou seu programa e estatuto.” 

Texto de Kazumi Munakata para a exposição Partido dos Trabalhadores: Trajetórias, apresentada no 11º Encontro Nacional do PT, realizado em 1997, no Hotel Glória, Rio de Janeiro, RJ. 

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Rumo ao socialismo democrático 

“Há muita gente que pergunta: qual é a ideologia do PT? O que pensa o PT sobre a sociedade futura? Aqueles que colocam tais perguntas avançam, ao mesmo tempo, as suas próprias interpretações, que visam, em alguns casos, criticar o partido. Não seria o PT apenas um partido trabalhista a mais? Não seria o PT apenas um partido social-democrata, interessado em buscar paliativos para as desigualdades do capitalismo? Sabemos de onde vêm essas dúvidas e essas interpretações. E sabemos disto até porque são compartilhadas por alguns militantes do próprio partido, que construíram, para si, a teoria estranha de que o PT é uma frente ou um partido apenas tático (…).

Sabemos que caminhamos para o socialismo, para o tipo de socialismo que nos convém. Sabemos que não nos convém, nem está em nosso horizonte, adotar a ideia do socialismo para buscar medidas paliativas aos males sociais causados pelo capitalismo ou para gerenciar a crise em que este sistema econômico se encontra. Sabemos, também, que não nos convém adotar como perspectiva um socialismo burocrático, que atende mais às novas castas de tecnocratas e de privilegiados que aos trabalhadores e ao povo. 

O socialismo que nós queremos se definirá por todo o povo, como exigência concreta das lutas populares, como resposta política e econômica global a todas as aspirações concretas que o PT seja capaz de enfrentar… O socialismo que nós queremos irá se definindo nas lutas do dia a dia, do mesmo modo como estamos construindo o PT. O socialismo que nós queremos terá que ser a emancipação dos trabalhadores. E a libertação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores.” 

Trecho do Discurso de Lula na 1ª Convenção Nacional do PT, realizada em São Paulo, entre 8 e 9 de agosto de 1981 



“Tudo leva a crer que o Partido dos Trabalhadores será um autêntico representante dos movimentos sociais da gente pobre deste país, refletindo seus avanços e conquistas, mas também suas incongruências e fraquezas. O partido deverá ajudar estes movimentos a se ampliar e a se unir, na defesa de interesses comuns (…). A sua viabilidade dependerá da vitalidade dos movimentos sociais que lhe dão origem”

(Paul Singer na Folha de S. Paulo em 14.02.1980)

Íntegra na revista Perseu – Dossiê e Documentos (FPA, 2017)

MANIFESTO DE FUNDAÇÃO DO PT

Primeiros signatários

Mário Pedrosa
escritor, crítico de arte e líder socialista;

Manoel da Conceição
Líder camponês;

Sérgio Buarque de Holanda
Historiador

Lélia Abramo
Presidente licenciada do Sindicato dos Artistas de São Paulo;

Moacir Gadotti
Em nome do educador Paulo Freire;

Apolônio de Carvalho
Combatente na Guerra Civil Espanhola e na Resistência Francesa e um dos líderes dos movimentos da resistência popular no Brasil.

Mesa Diretora

Jacó Bittar
Sindicato dos Petroleiros de Paulínia (presidente)

Henrique Santillo
Senador por Goiás (secretário)

Henos Amorina
Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco

Wagner Benevides
Dirigente sindical de Minas Gerais

José Cicote
Dirigente sindical de Santo André;

Paulo Skromov
Sindicato dos Coureiros de São Paulo

Luiz Inácio da Silva
Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema

Olívio Dutra
Bancário do Rio Grande do Sul

Édson Khair
Deputado federal do Rio de Janeiro

Manoel da Conceição
Líder camponês do Nordeste

Arnóbio Vieira da Silva
Líder popular de Itanhaém

Lourin Martinho dos Santos
Construção civil do Rio Grande do Sul