A participação do PT nas eleições presidenciais a partir da redemocratização
Crédito: Lurdinha Rodrigues/Acervo do Instituto Cidadania. Comício da campanha presidencial de Lula no Pará, em 1989, e no verso da foto, a seguinte dedicatória: “Lula, a chuva é uma homenagem de Oxum à tua luta, à tua garra. Um grande abraço, companheiro”. “A derrota nas urnas por pequena margem […] jamais será capaz de apagar da nossa memória as muitas vitórias alcançadas nesta campanha, não só por Lula, pelo PT, pelos partidos e líderes progressistas que se aliaram a nós, mas pelos milhões de brasileiros, quase a metade do país, que despertaram para a realidade de que o sonho é possível.” (“O ano em que quase lavamos a alma” de Ricardo Kotscho em Sem Medo de Ser Feliz). Lula-Lá! Campanha para mudar o Brasil Sem medo de ser feliz, o PT, juntamente com outros partidos de esquerda, ousou concorrer à Presidência da República em 1989. E quase chegou lá. Teria sido apenas mais uma derrota. Mas por que então esse sabor de vitória? Só porque pela primeira vez no Brasil um candidato operário chegou a ameaçar de fato uma rotina política já tão viciada, a ponto de as classes dominantes serem obrigadas a mobilizar uma parafernália de artimanhas - baixarias mesmo! - para assegurar a manutenção do poder e de seus privilégios? Também, mas não apenas isso. A candidatura de Lula não foi mais uma campanha eleitoral. Foi um movimento cívico e democrático, comparável às Diretas-Já!, de afirmação da cidadania. A sociedade (ou pelo menos uma grande parte dela) encontrou-se consigo mesma, agarrando a história com as próprias mãos, dispensando "salvadores da pátria" a prometer o paraíso aos desamparados "descamisados". Cada um dos participantes desse gigantesco movimento, petistas ou não, provou que é sujeito de sua própria história, que pode, se quiser, transformar o mundo e a sociedade. E tudo isso muita festa e alegria, sem medo de ser feliz.
Crédito: Ibanes Lemos. Fundo PT/DN. Acervo CSBH/FPA. Em 1994 e 1998, sob impacto do Real e da estabilidade econômica, as campanhas presidenciais não causam a mesma mobilização de 1989, mas proporcionam crescimento no número de votos obtidos por Lula. A foto acima é da campanha Lula Brasil, em Porto Alegre/RS, onde Olívio Dutra (PT) concorria ao governo do estado.
Crédito: Autoria desconhecida. Fundo PT/DN. Acervo CSBH/FPA. Em 1994 e 1998, sob impacto do Real e da estabilidade econômica, as campanhas presidenciais não causam a mesma mobilização de 1989, mas proporcionam crescimento no número de votos obtidos por Lula. A foto acima é da campanha de 1998, com a chapa Lula-Brizola para a presidência da República.
Crédito: Marcello Casal Jr./Agência Brasil.Presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a faixa presidencial, ao lado de sua mulher Marisa Letícia, o presidente Fernando Henrique Cardoso e dona Ruth e o vice-presidente José Alencar e sua mulher Marisa Gomes, no Parlatório do Palácio do Planalto. Brasília, 01 de janeiro de 2003.
Crédito: Ricardo Stuckert. Em 2006, Luiz Inácio Lula da Silva foi reeleito por mais de 58 milhões de brasileiros, 60,83% dos votos válidos. A campanha, que tinha como slogan Lula de novo, com a força do povo, acenava para a continuidade e o aprofundamento das transformações implementadas em seu primeiro mandato. Mais uma vez, Lula subia a rampa do Planalto com o político e empresário mineiro José Alencar, vice-presidente em seus dois governos.
Crédito: Roberto Stuckert. (…) A erradicação da miséria nos próximos anos é uma meta que assumo, mas para a qual peço humildemente o apoio de todos que possam ajudar o país no trabalho de superar esse abismo que ainda nos separa de ser uma nação desenvolvida” (Trecho de seu primeiro pronunciamento como presidenta eleita, em 31 de outubro de 2010).
Crédito: Roberto Stuckert. Em meio à crise política e à escalada de ataques contra seu governo, Dilma Rousseff foi reeleita presidenta da República, em 26 de outubro de 2014, por 54.501.118 milhões de votos, o equivalente a 51,64% dos votos válidos. Apontando Mais mudanças, mais futuro, os atos da campanha se transformaram em atos de resistência e mobilização social contra o discurso de ódio e de criminalização da esquerda que ganharia força, a partir dali, culminando na quebra do pacto democrático em 2016. Foto realizada durante a campanha de 2014.
Crédito: Ricardo Stuckert. As eleições de 2018 aconteceram em meio a um cenário profundamente antidemocrático: Lula, o candidato do PT e à frente de todas as pesquisas eleitorais estava preso. Em todo o país, o golpe acelerava o desmonte da cidadania. Nas ruas, atos e mobilizações protestavam contra o arbítrio. Em meio a esse cenário, forma-se a chapa Haddad-Manuela D´Ávila que, para além da quebra do pacto democrático, tiveram de lidar com a emergência das novas tecnologias, capitaneadas pela extrema-direita no Brasil e no mundo. Mesmo assim, Haddad conquistou 44 milhões de votos, representando quase 45% dos votos válidos. Em seu discurso, após a vitória da extrema-direita, na figura caricata de Jair Bolsonaro, Haddad afirmava: "(…) Talvez o Brasil nunca tenha precisado mais do exercício da cidadania do que agora. Eu coloco a minha vida à disposição deste país. Tenho certeza de que falo por milhões de pessoas que colocam o Brasil acima da própria vida, do próprio bem-estar. (...) Não tenham medo, nós estaremos aqui".
Crédito: Ricardo Stuckert. Construindo uma grande frente política e social em defesa da democracia, a campanha de 2022 resgatou os valores da cidadania, denunciou a cultura do ódio que se fortaleceu durante os quatro anos de bolsonarismo e apontou a retomada de um projeto de desenvolvimento sustentável para o país, desde o golpe sob desmonte de políticas públicas e grave crise econômica, com apoio de democratas de todos os partidos e de várias regiões. Como “nunca antes na história desse país”, Lula assume seu terceiro mandato de presidente da República, eleito por 59.563.912 de brasileiros, o equivalente a 50,83% dos votos válidos.
O PT disputou as nove eleições presidenciais desde a redemocratização. Venceu cinco, perdeu quatro. Em 1989, catalizou o sonho de 31 milhões de pessoas que votavam pela primeira vez após 21 anos de ditadura. Em 1994, os 31 milhões se transformaram em 17,1 milhões de votos, os tucanos alçavam voo com o Plano Real que lhes daria a eleição naquele nao, e a reeleição de Fernando Henrique Cardoso em 1998, com 53,06%. Nesse período, Luiz Inácio Lula da Silva passava dos 17 milhões de votos da eleição anterior para 21,4 milhões em 1998.
Quatro anos de neoliberalismo depois (confira as lutas do período), o PT vencia as eleições com 52,7 milhões dos votos, dando início a sucessivas vitórias eleitorais. Em 2006, Lula se reelege com o apoio de 58,2 milhões de brasileiras e brasileiros, 60,83% contra os 39,17% de seu atual vice-presidente e à época candidato tucano, Geraldo Alckmin. Quatro anos de desenvolvimento com inclusão social depois (confira os dados dos governos Lula e Dilma), Lula elegia sua sucessora, “a mãe do PAC” e então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, naquele ano de 2010, por 55,7 milhões de votos.
Em 2014, mais uma vitória, Dilma recebia, o apoio de 54,4 milhões brasileiros, em meio a brutal processo de desestabilização do governo que culminaria no golpe dois anos depois. Em 2018, além dos graves ataques à democracia, da criminalização permanente do partido e de suas lideranças e das novas formas de disseminação da campanha de ódio, acontecia a arbitrária prisão de Lula, meses antes das eleições de 2018, mantendo-o fora da disputa eleitoral. Mesmo assim, a chapa Fernando Haddad e Manoela D´Ávila conquistou 47 milhões de votos, 44,8% ante os 55,13% do candidato de extrema-direita, Jair Bolsonaro.
Em 2022, após quatro derrotas e quatro vitórias, em meio à necessidade de reconstrução do país, Lula vence as eleições. Sua vitória resulta na ação de uma frente ampla, com representantes de todos os setores da sociedade contra os ataques (mortes, campanha de ódio, retrocessos…) ao Estado Democrático de Direito. A chapa Lula e Alckmin obteve apoio de 57,2 milhões de brasileiros, a maior votação da trajetória do presidente Lula, após acirrada e vitoriosa disputa eleitoral.
Confira a arte, rememore os jingles e leia cada um
dos programas de governo: