A imensa maioria dos brasileiros e brasileiras que sufragaram o nome de Lula nas últimas eleições, tem pressa. Muita pressa.

Composto em quase dois terços por eleitores de até dois salários-mínimos de renda familiar, esse grupo compõe a chamada baixa renda brasileira. Portanto, as classes D e E. “Quem tem fome tem pressa”, já dizia o saudoso sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, nos idos dos anos de 1990.

É pensando na resolução dos problemas imediatos dessas camadas sociais que Lula, com a sensibilidade que lhe é peculiar, focou-se desde a transição de governo. Foi dele a ideia de suplementar o Bolsa Família em mais R$ 150 para mães com filhos de até 6 anos de idade.

Para um país populoso como o nosso, o valor que parece irrisório, abrange um contingente de 8,9 milhões de crianças pobres espalhadas nos quatro cantos do país e que compunham o cenário dantesco da insegurança alimentar, herança do Golpe de 2016 e da nefasta “administração” da dupla Bolsonaro-Guedes.

Agindo nessa direção, a equipe econômica de Lula, liderada pelo ministro Fernando Haddad, apresenta o plano intitulado Novo Arcabouço Fiscal. O desafio de superar a muralha imposta aos gastos públicos pelo teto de gastos, cuja aprovação contou com o apoio militante da mídia mainstream, sufocou a economia nacional e legou ao novo governo o pornográfico número de 33 milhões de pessoas passando fome.

O Novo Arcabouço Fiscal tem que dar certo. E é apostando no seu fracasso que a extrema-direita e os cultuadores da “mão invisível” do mercado irão se movimentar.

As incompreensões de alguns políticos e economistas do campo progressista apesar de legítimas, não podem, pelo açodamento ou a “vontade de aparecer”, servir de combustível para turbinar os inimigos da democracia.

Todo plano por mais completo que se apresente, em uma democracia, é passível do escrutínio dos mais variados setores. O espírito público da equipe econômica aliada ao olhar de Lula aos pobres, porém, devem nortear os aprimoramentos que podem e vão acontecer.

É preciso ainda continuar a pressionar o Banco Central para que rompa o “garrote” sobre o crescimento, reduzindo significativamente a taxa de juros. Essa ação, combinada com o aperto sobre a sonegação fiscal, dará uma folga ao orçamento para que o Estado, por meio de seus instrumentos, possa investir na reindustrialização, ciência, tecnologia e inovação — a chave do nosso futuro enquanto nação soberana.

Vai dar certo!

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