“Principal objetivo é garantir o direito à educação para mais pessoas e assegurar condições de permanência na universidade e na pós-graduação”, destaca a nova edição da Focus Brasil, em reportagem de capa

A nova Lei de Cotas, sancionada pelo presidente Lula na semana passada, é destaque da nova edição da Focus Brasil, editada pela Fundação Perseu Abramo (FPA). “Entre as principais mudanças, estão reserva de 50% das vagas de ingresso nos cursos de graduação para estudantes com renda familiar igual ou menor a um salário mínimo, inclusão de quilombolas na reserva de vagas; políticas de inclusão em programas de pós-graduação de pretos, pardos, indígenas e quilombolas e pessoas com deficiência; e avaliação do programa a cada dez anos, com ciclos anuais de monitoramento”, informa matéria assinada por Bia Abramo.

A revista traz ainda um histórico da Lei de Cotas e como o instrumento transformou a vida de milhares de estudantes brasileiros. “Os números são muito eloquentes: em 2019, 55.122 estudantes pretos, pardos ou indígenas ingressaram no ensino superior público. Sem as subcotas étnico-raciais, esse número seria de 19.744”, destaca a publicação.

A edição conta, ainda com entrevista com Márcia Lima, à frente hoje da Secretaria de Políticas de Ações Afirmativas e Combate e Superação do Racismo. “O bom conhecimento vem das diferentes perspectivas e experiências. Então acho que as ações afirmativas não são um ganho para os estudantes negros ou pobres cotistas, são um ganho para a sociedade brasileira. E eu espero que no futuro próximo a gente tenha pessoas jovens, formadas, com essa preocupação, formadas pela diversidade e que possam dar valor ao quanto que a equidade racial pode colocar o Brasil em outro lugar”, diz Márcia, doutora em sociologia e professora licenciada da USP,

Na seção Carta ao leitor, o diretor de comunicação da FPA Alberto Cantalice analisa os ataques da extrema-direita ao ministro da Justiça Flavio Dino. “Foi só o ministro empreender um cerco ao garimpo ilegal, ao desmatamento e ao contrabando na Amazônia; enfrentar o crime organizado do Rio de Janeiro e instalar sob orientação do presidente Lula a GLO nos portos e aeroportos Brasil afora para começarem os ataques”, observa Cantalice. “É notória a insatisfação da bancada de deputados federais e senadores no Congresso com a desenvoltura do ministro”, lembra o diretor.

“O firme compromisso de derrotar as máfias instauradas pelas milícias e o tráfico armado, quebrando os seus braços financeiros, é o início do processo de retomada pelo Estado de territórios dominados pelas organizações criminosas que oprimem os trabalhadores, e transformam a vida da imensa maioria da população em verdadeiro inferno”, argumenta.

Em artigo, a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) celebra o Dia da Consciência Negra e a luta contra a desigualdade racial no âmbito da Lei de Cotas e sua representatividade. “A Lei de Cotas representa um traço de união entre a luta dos movimentos negros do passado com a forte mobilização social e institucional do presente“, aponta a parlamentar. “Por isso, na celebração do Dia da Consciência Negra desse ano, resolvi focar na atualização e ampliação da Lei de Cotas como símbolo fundamental da valor e da capacidade intelectual nosso povo”.

Nas páginas de Cultura, a matéria “Como se saiu o Brasil no Grammy Latino detalha a participação brasileira em uma das premiações mais aguardadas do lado de cá do Globo, que não venceu nenhuma das categorias principais. O texto aponta para uma situação que se repete: o distanciamento do Brasil do resto da América Latina, tendo vencido somente em categorias em que, praticamente, concorria com ele mesmo. “Ainda que a música brasileira tenha concorrido em várias delas, nossos principais prêmios em 2023 estiveram nas categorias específicas para língua portuguesa ou em gêneros exclusivamente brasileiros, como samba/pagode ou sertanejo, na quais o Brasil concorreu com… o Brasil”.

Na seção memória, texto de Isaías Dalle traça um paralelo entre o Dia da Consciência Negra e a Proclamação da República, dois eventos da Semana na História. “O futuro quis que duas datas históricas convivessem próximas no calendário brasileiro, apesar das incompatibilidades que guardam entre si. A Proclamação da República, festejada nos dias 15 de novembro, e o Dia da Consciência Negra, nos dias 20, costumam ser apontadas até mesmo como eventos opostos”, apresenta o artigo.

Na cobertura de Brasil, dados alarmantes: feminicídios e estupros continuam a crescer, de acordo com Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Apesar da legislação avançar, o aparato de acolhimento e proteção tem falhado para proteger meninas e mulheres. “Em números absolutos, 34 mil mulheres foram vítimas de estupro:  a cada 8 minutos, uma menina ou mulher foi estuprada entre janeiro e junho deste ano no país. Do total dos casos, 70% o crime foi praticado contra  meninas de até 13 anos”, alarma a jornalista Bia Abramo sobre sua apuração para a matéria “Violência contra mulher, uma vergonha nacional”.

E mais:

As duas guerras de um brasileiro-palestino – Hasan Rabee, que voltou ao Brasil depois de mais de um mês de espera para deixar Gaza,  vem sofrendo ataques nas redes xenófobos e racistas nas redes; defesa vai processar, entre outros, a deputada Carla Zambelli

Greves cinematográficas – Dezesseis anos separam duas históricas greves no coração de Hollywood e arredores

Maria Capra recupera direito ao mandato – Afastada por ter denunciado atos de saudação nazista, a vereadora petista Maria Capra conseguiu seu mandato de volta em São Miguel D’Oeste, em Santa Catarina

Acesse a edição completa da Focus Brasil aqui.

`