A petista Maria Tereza Capra obteve na Justiça uma liminar que lhe devolve o mandato de vereadora na cidade catarinense de São Miguel D´Oeste. O cargo havia sido cassado em fevereiro deste ano, por ela ter chamado a atenção, nas redes sociais, para um gesto de saudação nazista encenado por uma pequena multidão, em frente a um quartel do Exército, após a vitória de Lula no segundo turno das eleições presidenciais.

Única parlamentar petista do município, Maria Tereza foi cassada por seus pares, alguns dos quais participaram da catarse extremista, acusada de estar conspurcando a imagem da cidade. Naquela manifestação, os presentes, braços erguidos, pediam intervenção militar para impedir a posse de Lula.

Segundo a decisão do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, proferida na última quinta-feira, o retorno de Capra à câmara municipal deve ser imediato e seus vencimentos como parlamentar, suspensos após a cassação, pagos retroativamente.

“Justiça foi feita”, disse Capra a jornalistas, após a decisão. Embora provisória e passível de recurso, a medida recoloca o caso em perspectiva real, na opinião dela.

Cidade de 41 mil habitantes, próxima da fronteira com a Argentina, São Miguel D’Oeste, vivenciou em 2022 uma campanha presidencial profundamente marcada pela violência política. Bolsonaro obteve 66% dos votos no segundo turno. Seus apoiadores fizeram circular listas de comerciantes e profissionais suspeitos de votar em Lula, conclamando a população a boicotá-los. Maria Capra, advogada que tem escritório na cidade, foi uma das moradoras a perder clientela, acusada de “financiar o comunismo”, segundo palavras usadas na lista de boicote.

Em Santa Catarina, grupos e células nazistas ativas tiveram aumento de 158% durante o período Bolsonaro, segundo pesquisa da antropóloga Adriana Dias.•

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