20 de março de 1942 – Nazistas levam 999 mulheres a Auschwitz

A semana na história - 18 a 24 de Março

O regime conduzido por Adolf Hitler dá início, em 20 de março de 1942, ao seu plano para erradicar os judeus através de campos de trabalho escravo na Polônia. E começa levando 999 mulheres para o campo de Auschwitz. O governo alemão queria eliminar as mulheres férteis da próxima geração de judeus, mas também, segundo o historiador Pavol Mešťan, conseguir que as famílias abrissem mão de suas filhas.

Imaginava-se que as meninas seduziriam suas famílias a segui-las até os campos de realocação, diz Mešťan, onde os judeus eram “reassentados” ou “realojados” — eufemismos para mortes. Na estação de trem, as meninas foram embarcadas em vagões de passeio e não tiveram nem mesmo a chance de se despedir de seus pais.

Quando chegaram a Auschwitz, não sabiam que eram prisioneiras. Edith Grossman, uma das prisioneiras que sobreviveram ao Holocausto, diz que desconfiou do arame farpado que cercava as barracas. O complexo de campos de extermínio foi preservado como um memorial.

Durante os próximos três anos, cinco câmaras de gás e crematórios foram construídos em um complexo de barracas que cobriam mais de 38 quilômetros quadrados. Pelo menos 960.000 judeus foram exterminados em Auschwitz, além de cerca de 74.000 poloneses, 21.000 ciganos, 15.000 prisioneiros de guerra soviéticos.

Os nazistas tinham formas de matar jovens mulheres saudáveis. Elas eram submetidas a uma dieta precária de cerca de 600 calorias por dia, combinada com trabalho árduo que incluía demolir prédios e limpar pântanos com as próprias mãos. “As meninas começaram a morrer”, conta Edith.

Das primeiras 999 jovens enviadas a Auschwitz, estima-se que menos de cem tenham sobrevivido para ganhar a liberdade novamente, entre elas cerca de oito das amigas de infância de Edith. Os soviéticos libertaram Auschwitz em 27 de janeiro de 1945. Encontraram 7 mil prisioneiros esqueléticos, sendo 4 mil mulheres.

26 de março de 1964 – Marinha reage à rebeldia militar

Cerca de 2 mil marinheiros se reúnem na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro para comemorar o segundo aniversário da fundação da Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil. O ato contou com a presença de sindicalistas, líderes estudantis, de Leonel Brizola e do marinheiro João Cândido, líder da Revolta da Chibata de 1910. A entidade era considerada ilegal pela Marinha.

O ministro Silvio Mota enviou um contingente de fuzileiros para prender os marujos reunidos na sede do sindicato, mas o tiro saiu pela culatra. Os fuzileiros aderiram à manifestação. O movimento só foi sufocado quando tropas do Exército cercaram o prédio e prenderam os rebelados.

Jango substituiu o ministro e manda libertar os marinheiros. A rebelião e a posterior anistia foram recebidas por boa parte da oficialidade da Marinha como quebras da disciplina e da hierarquia, o que fortaleceu os setores golpistas das Forças Armadas e contribuiu para o isolamento de Jango, culminando com o Golpe de Estado desfechado pelos militares, com apoio dos civis, que resultaria a partir de 31 de março de uma ditadura sangrenta pelos próximos 21 anos.

24 de março de 1975 – Ditadura apreende edição do Pasquim

A polícia apreende nas bancas o número 300 do jornal O Pasquim. Era a primeira edição publicada sem os cortes feitos pela censura prévia exercida sobre o tabloide humorístico carioca desde 1970. A suspensão da censura em jornais e revistas era um gesto da “distensão lenta, gradativa e segura” dos generais Ernesto Geisel, o ditador de plantão, e o ministro da Casa Civil, Golbery do Couto e Silva.

A censura já havia sido interrompida no jornal O Estado de S.Paulo em janeiro, mas continuou vigorando para a revista Veja, sob o comando de Mino Carta até 1976, o semanário Opinião (até 1977) e diário O São Paulo, editado pela Arquidiocese de São Paulo, até 1978. O jornal Movimento funcionou sob censura prévia de abril de 1975 a junho de 1978.

Na capa da edição 300, abaixo do logotipo, o editor d’O Pasquim, o jornalista Millôr Fernandes, publicou um de seus mais famosos aforismos: “Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados”.

No editorial intitulado “Sem Censura”, ele contou aos leitores que o jornal estava liberado do exame prévio dos textos e ilustrações, mas concluiu com uma advertência: “Sem censura não quer dizer com liberdade”. Foi um teste para os limites da “distensão”. Depois da apreensão do jornal, Millôr deixaria O Pasquim.

24 de março de 1976 – Começa a sangrenta ditadura argentina

A semana na história - 18 a 24 de Março

As Forças Armadas argentinas prendem e depõem a presidenta Isabel Martinez de Perón, a Isabelita. Uma junta militar assume o comando do país e dá início à mais sangrenta ditadura da história da Argentina e da América do Sul. O novo regime seria responsável pela morte e desaparecimento de cerca de 30 mil pessoas num período de sete anos .

O golpe de março de 1976 foi o último de uma série de seis intervenções das Forças Armadas na vida política da Argentina no século 20. Os militares tiraram do poder Isabelita, como era conhecida a mulher de Juan Domingo Perón, eleito em 1973 e que morreu menos de um ano depois da posse.

O próprio Perón, que antes fora presidente do país por dois mandatos, já havia sido alvo de um golpe de Estado em 1955 também por parte dos militares. Seus governos tiveram como marcos a nacionalização de estradas de ferro e de serviços públicos, a promoção do desenvolvimento industrial e do emprego e a introdução de benefícios sociais aos trabalhadores.

A popularidade conquistada por Perón junto às classes trabalhadoras fortaleceu o Partido Justicialista e consolidou o movimento que ficou conhecido historicamente como peronismo naquele país.

Após a deposição de Isabelita, quatro juntas militares mantiveram nos sete anos seguintes uma política sistemática de fazer desaparecer não apenas seus adversários, como também seus filhos. As Forças Armadas orientavam os agentes da repressão a encaminhar as crianças de até quatro anos para adoção por familiares de militares.

Mães de desaparecidos que começaram a se reunir em 1977 na Plaza de Mayo para cobrar do governo notícias de seus filhos organizaram uma rede de informações que lhes permitiu localizar mais de uma centena de crianças sequestradas. A ditadura acabaria em 1983 com a economia do país em frangalhos e uma fragorosa derrota na guerra contra o Reino Unido pelas Ilhas Malvinas.