9 de junho de 1935 – Zuzu Angel Nasce em curvelo, minas gerais


Zuleika “Zuzu” Angel foi uma estilista famosa nos anos 1960 por suas criações com motivos brasileiros e que fizeram sucesso nos Estados Unidos. Casada com o norte-americano Norman Angel Jones, com quem teve dois filhos: Hildegard, que veio a se tornar uma influente jornalista, e Stuart Edgar, estudante de economia que militou no Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8).

Preso em 14 de abril de 1971, Stuart Angel Jones foi torturado até a morte por agentes do Centro de Informações da Aeronáutica (Cisa) na Base Aérea do Galeão. Os agentes queriam que ele informasse o paradeiro do ex-capitão Carlos Lamarca, que na época estava em contato com o MR-8.

Stuart, que tinha um encontro marcado com Lamarca, nada revelou. De acordo com relato do militante Alex Polari de Alverga, que também estava preso no Galeão, o estudante foi amarrado a um jipe militar e arrastado pela pista de pouso. Quando o jipe parava, os agentes levavam a boca do rapaz ao cano de descarga e o forçavam a respirar os gases do escapamento.

Numa carta que chegou às mãos de Zuzu Angel no Dia das Mães, Polari contava que o filho agonizou abandonado na pista, pedindo água. Apesar do relato, a ditadura não admitiu publicamente a morte do militante e manteve a fotografia de Stuart Angel Jones nos cartazes de “terroristas procurados”.

A estilista Zuzu Angel deu repercussão internacional ao “desaparecimento” de seu filho Stuart Edgar Angel Jones. Também em 14 de abril, mesmo dia e 5 anos após a prisão de seu filho, em 1976, Zuzu morreu em um acidente automobilístico na saída do túnel Dois Irmãos, na autoestrada Lagoa-Barra, no Rio.

De acordo com a versão oficial, ela teria dormido ao volante de seu Karmann Ghia. A estilista havia deixado uma declaração, escrita um ano antes, na qual alertava: “Se eu aparecer morta, por acidente ou outro meio, terá sido obra dos assassinos do meu amado filho”.

7 de junho de 1937 – ‘Macedada’ liberta cerca de 300 presos políticos

José Macedo Soares, ministro da Justiça há apenas quatro dias, ordena a imediata libertação de 300 presos políticos do levante comunista de 1935 que se encontravam sem processo formado.

O estado de guerra, declarado por Getúlio em dezembro de 1935, também foi finalmente revogado, o que tornava ilegal manter pessoas encarceradas sem justificativas, provas, processos ou julgamento.

A libertação dos presos políticos ficou conhecida como a “macedada” e se prolongou até setembro, apesar dos protestos de Filinto Müller e dos integralistas. Os confrontos entre grupos de esquerda e de direita voltaram a acontecer, alguns com mortes.

Após grandes manifestações em seu apoio, Pedro Ernesto, ex-prefeito do Distrito Federal, preso em abril de 1936, seria libertado no dia 14 de setembro.

Livre, ele faria um violento discurso contra o governo federal, ao declarar apoio à candidatura do governador paulista Armando de Sales Oliveira à Presidência da República.

Sua euforia, porém, duraria pouco, pois cerca de um mês depois seria novamente preso — desta vez, na companhia do filho.

11 de junho de 1940 – Getúlio flerta com ideias fascistas

Getúlio Vargas pronuncia importante discurso durante almoço no encouraçado “Minas Gerais”, em comemoração do aniversário da batalha naval do Riachuelo. Diante de ministros e militares, afirma: “Marchamos para um futuro diverso de quanto conhecíamos em matéria de organização econômica, social ou política e sentimos que os velhos sistemas e fórmulas antiquadas entram em declínio. Não é, porém, como pretendem os pessimistas e os conservadores empedernidos, o fim da civilização, mas o início, tumultuoso e fecundo, de uma nova era”.

E continua: “Passou a época dos liberalismos imprevidentes, das demagogias estéreis, dos personalismos inúteis e semeadores de desordem. À democracia política substitui a democracia econômica, em que o poder, emanado diretamente do povo, e instituído para a defesa do seu interesse, organiza o trabalho, fonte de engrandecimento nacional e não meio caminho de fortunas privadas. Não há mais lugar para regimes fundados em privilégios e distinções; subsistem somente os que incorporam toda a nação nos mesmos deveres e oferecem, equitativamente, justiça social e oportunidades de luta pela vida”.

O discurso de Vargas, entendido por muitos como um flerte com as ideias fascistas, causou grande impacto. Para o presidente dos EUA, Franklin Roosevelt, que temia alinhamento com a Alemanha, foi um aviso: o apoio brasileiro tinha um preço. Meses depois, ele retomaria as negociações para o financiamento de uma usina siderúrgica no Brasil.

6 Junho de 1944 – Aliados invadem a Normandia: é o Dia D

A maior operação militar aeronaval da história tem lugar nas praias da Normandia, no noroeste da França. Transportados por milhares de barcos e protegidos por cerca de 10 mil aviões, quase 200 mil homens de 14 países, liderados pelos exércitos dos Estados Unidos e do Reino Unido, chegam à França para libertar a Europa Ocidental do domínio nazista.

A operação Overlord, como era chamada, começara pouco após a meia-noite, quando 24 mil paraquedistas saltaram atrás das linhas de defesa alemãs. A partir das seis e meia da manhã, teve início o desembarque das tropas aliadas.

Os alemães haviam erguido o Muro do Atlântico, uma grande linha de defesa formada por minas e uma série de abrigos subterrâneos ao longo da costa, onde estavam a postos 100 mil homens fortemente armados.

O desembarque, por isso, foi um banho de sangue — os tiros de fuzis não cessavam, e as explosões, quando não matavam imediatamente, deixavam corpos mutilados na areia e no mar. Mesmo assim, os Aliados conseguiram ultrapassar as linhas inimigas. No final do dia, 175 mil homens tinham desembarcado na Normandia. Nove mil homens morreram na batalha.

13 de junho de 1942 – Brasil produzirá motores de avião
O governo funda a Fábrica Nacional de Motores (FNM), empresa estatal idealizada pelo brigadeiro Antônio Guedes Muniz e que terá sede em Xerém, município de Duque de Caxias, no estado do Rio de Janeiro.

A instalação da fábrica foi facilitada por incentivos financeiros e assistência técnica do governo dos EUA, em cumprimento dos Acordos de Washington, pelos quais aquele país incentivaria a economia de guerra dos países aliados. A FNM — que ficaria conhecida como “fê-nê-mê” — construiria motores para aviões, participando da fabricação de 50 unidades do motor Wright, de 450 cavalos-vapor, usado em aviões de treinamento e pelo Correio Aéreo Nacional.

6 de junho de 1964 – Cassado, Juscelino parte para o exílio

É cassado o mandato do senador Juscelino Kubitschek (PSD-GO) juntamente com outros 39 políticos. O ex-presidente JK era aliado de João Goulart, mas se distanciou dele às vésperas do golpe. Votou na eleição indireta de Castelo Branco e sua expectativa era a de disputar a eleição presidencial prevista para outubro de 1965.

A suspensão dos direitos políticos do ex-presidente, contra quem não pesavam acusações de subversão, foi anunciada no programa radiofônico oficial “A Voz do Brasil”.

Aos 62 anos de idade, ao tomar conhecimento de que seria cassado, o predestinado senador pelo PSD discursou no Senado cinco dias antes do ato que o afastou definitivamente da vida política brasileira.

“Este ato é um ato de usurpação, e não um ato de punição. Será um ato de traição às promessas da revolução que ofereciam a oportunidade a todos os brasileiros de colaborarem na obra comum de reconstrução do país. Muito mais do que a mim, cassam os direitos políticos do Brasil”.

6 de junho de 1966 – Prestes recebe pena de 14 anos de prisão

Vivendo na clandestinidade e julgado à revelia, Luís Carlos Prestes, secretário-geral do Partido Comunista Brasileiro (PCB), é condenado a 14 anos de prisão. O processo baseou-se em dezenas de cadernetas com anotações sobre atividades do PCB apreendidas no ano anterior pela polícia de São Paulo em uma das casas que morou.

Durante o ano de 1966, nas discussões preparatórias para o 4° Congresso do PCB, o partido começou a se dividir na avaliação política do golpe militar e da derrota da esquerda no Brasil. Abriram-se dissidências na estrutura do PCB, que iriam gerar organizações como a Ação Libertadora Nacional (ALN), a Corrente, o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) e o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR). Todas essas organizações optaram pela luta armada, contrariando a orientação do partido.

11 de junho de 1970 – Quarenta trocados por embaixador alemão

Numa ação conjunta da Ação Libertadora Nacional (ALN) e da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), é sequestrado no Rio de Janeiro o embaixador da República Federal da Alemanha, Ehrenfried von Holleben. Um agente de segurança foi morto e dois ficaram feridos durante a captura do diplomata. Quatro dias depois, por exigência dos sequestradores, foram soltos, banidos e enviados para a Argélia 40 presos políticos (incluindo vários participantes do sequestro do embaixador dos EUA, em setembro de 1969). O manifesto das organizações foi divulgado em rádio e TV.

Metade dos militantes libertados pertenciam à VPR; os demais à ALN, ao PCBR e ao MR-8 – inclusive Vera Sílvia Magalhães, que nem sequer podia caminhar devido às sequelas das torturas. A ação ocorreu durante a Copa do Mundo, disputada no México, que atraía a atenção dos brasileiros.

Embora o sequestro passasse a impressão de que a guerrilha urbana seguia forte, a situação das organizações da luta armada era dramática. A VPR, idealizadora do plano, tinha tão poucos militantes que para realizar a ação teve de pedir ajuda à ALN, que colaborou com dinheiro, armas e quadros.

6 de junho de 1977 – Estudantes da UnB desafiam o regime

Na Universidade de Brasília (UnB), reina como reitor em 1977 um preposto do regime, o autoritário capitão-de-mar-e-guerra José Carlos Azevedo, ligado ao chefe do gabinete militar da Presidência, general Hugo Abreu. A universidade, que era considerada um centro de resistência ao regime, já havia sofrido três invasões desde o golpe de 1964 e tivera um de seus principais líderes, Honestino Guimarães, preso e desaparecido, em 1973.

Em abril, o reitor suspendera 16 estudantes em represália a um ato público que havia recordado o assassinato do estudante Edson Luís pela polícia em 1968, no Rio de Janeiro. Os alunos tentaram inutilmente negociar a suspensão das punições e entraram em greve no final de maio. Em junho, Azevedo pede uma nova invasão do campus, efetuada pela PM e os fuzileiros navais. Agentes do SNI são infiltrados como estudantes para espionar.

A greve continua, sob o lema “põe o capitão na rua”. Parlamentares de oposição, a Igreja Católica, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e outras organizações se solidarizam com os estudantes. A ocupação duraria três meses. Dezenas de estudantes foram presos e processados com base na Lei de Segurança Nacional — 64 suspensos e 34 expulsos.

Em setembro, um encontro nacional de estudantes na PUC de São Paulo também terminaria em invasão policial, fortalecendo a luta para recriar a União Nacional dos Estudantes (UNE). Embora derrotada, a greve da UnB foi um marco na ressurreição do movimento estudantil, que recuperaria seu protagonismo na luta pela democracia.

7 de junho de 1977 – Jornalistas exigem o fim da censura

A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) divulga manifesto contra a censura, assinado por quase 3 mil jornalistas. É o mais explícito documento em favor da liberdade de imprensa desde o Golpe de 1964.

“Nós jornalistas manifestamos nossa disposição de lutar contra a censura e todas as formas de restrição à liberdade de expressão e informação; e firmamos nossa posição, contrária à manutenção dos atos de exceção que impedem o livre exercício da nossa profissão e, com isso, sufocam o debate e a participação consciente da população”, dizia o manifesto.

Naquela altura os censores da ditadura militar atuavam diretamente sobre jornais independentes ou identificados com a oposição ao regime – “Movimento”, “O Pasquim” e “O São Paulo”, da Arquidiocese de São Paulo – e em todas as rádios e TVs. A amplitude do manifesto da ABI mostrou que as entidades da sociedade civil estavam perdendo o medo de denunciar o regime autoritário.

10 de junho de 1980 – Governo derruba o velho prédio da UNE

Cerca de 500 policiais militares reprimem com bombas e cassetetes uma manifestação contra a demolição do prédio histórico da União Nacional dos Estudantes (UNE) no Flamengo, no Rio de Janeiro. Quatro parlamentares são feridos e 14 pessoas, presas.

A demolição do prédio – alegadamente por razões de segurança – havia sido suspensa na véspera pelo juiz Carlos Aarão Reis, da 3ª Vara Cível. Para fazer valer sua ordem, o juiz chegou a dar voz de prisão a 13 operários que trabalhavam na derrubada do imóvel e a mostrar um revólver a agentes da Polícia Federal.

Meses antes, a nova direção da UNE eleita em 1979 havia anunciado que iria restaurar e ocupar sua antiga sede, incendiada em 1º de abril de 1964, quando era o centro da resistência dos estudantes ao golpe.

A decisão de demolir o prédio, que pertencia ao patrimônio Wda União, foi tomada logo depois do anúncio de que os estudantes voltariam ao Flamengo. A liminar do juiz Aarão Reis acabaria sendo cassada pelo Tribunal Federal de Recursos e a demolição foi concluída.

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