Depois da crise, o efeito Lula na realidade. Alta do PIB de 1,9% coloca país em 3º lugar em ranking de 34 países. Segundo levantamento do OCDE, a economia brasileira, com sinais de franca recuperação, está atrás apenas de Polônia e China

A notícia surpreendeu o mercado e irritou a oposição. A economia brasileira está em recuperação e demonstrou sinais de vigor. No primeiro trimestre de 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,9% no 1º trimestre, acima das expectativas do mercado. Segundo o IBGE, a soma dos bens e serviços finais no país bateu R$ 2,6 trilhões. “Resultados que comprovam que nosso país já está melhorando”, comemorou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O índice foi puxado, principalmente, pelo crescimento de 21,6% da agropecuária, maior alta desde o quarto trimestre de 1996.

O resultado ficou acima do esperado por analistas do mercado, que previam um crescimento de 1,3% sobre o quarto trimestre de 2022 e de 3,0% em relação ao mesmo período do ano anterior. Na comparação com o primeiro trimestre de 2022, o PIB cresceu 4,0%. No acumulado dos quatro trimestres terminados em março de 2023, foi registrada uma elevação de 3,3% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores. O resultado é bom, mas mostra que o país está bem na fita mesmo em relação a outras economias.

Levantamento com 34 países que divulgaram resultados do PIB do primeiro trimestre de 2023 mostra que o crescimento médio foi de 0,4% no período. Os dados são da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O Brasil está entre os três que tiveram o melhor resultado no período, atrás apenas de Polônia e China. Holanda, Irlanda e Lituânia ficaram na lanterna do ranking. Ao todo, são 27 economias com crescimento, uma com estabilidade (Alemanha) e cinco em retração, na comparação com o trimestre anterior.

Enquanto a China ganhou fôlego no período, os Estados Unidos e outros países registraram desaceleração. A perspectiva é de esfriamento da economia global ao longo deste ano, diante do aumento generalizado de juros para combater a inflação. A China cresceu 2,2% no período entre janeiro e março. O fim das restrições contra a Covid-19 e o esforço de Pequim para acelerar o crescimento ajudaram a economia chinesa a se recuperar após um de seus piores resultados no ano passado.

Nos EUA, a economia cresceu a uma taxa anualizada de 1,3%, com desaceleração na comparação com o final de 2022 e abaixo das estimativas. Com a desaceleração, há expectativa de que a autoridade monetária dos EUA tenha mais cautela na definição de sua política monetária, diante dos temores de uma possível recessão.

A Europa apresentou crescimento de apenas 0,1%, mas algumas economias, como Portugal, tiveram desempenho acima da previsão de boa parte dos analistas. O Fundo Monetário Internacional avalia que, após dois anos de demanda elevada, a economia global deve desacelerar.

Sobre o crescimento do PIB brasileiro, a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis ressalta que problemas climáticos impactaram negativamente a agropecuária em 2022. Mas, neste ano, há uma previsão de safra recorde de soja, que representa aproximadamente 70% da lavoura no trimestre, com crescimento de mais de 24% de produção.

“A safra da soja é concentrada no primeiro semestre do ano. Ao compararmos o quarto trimestre de um ano ruim com um primeiro trimestre bom, observamos esse crescimento expressivo da Agropecuária”, disse. O segmento representa cerca de 8% da economia do país.

O setor de serviços, que tem o maior peso no PIB, cresceu 0,6% no período. O resultado foi puxado, principalmente, pelas altas nos setores de transportes e atividades financeiras, ambos com crescimento de 1,2%. •

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