Ex-ministro diz que Brasil será maior ao atuar em conjunto com vizinhos e sinaliza que desenvolvimento nacional virá com preservação ambiental, mais tecnologia e promoção social. “Vamos apoiar a transição justa para a economia de baixo carbono”

O economista Aloizio Mercadante tomou posse na Presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em cerimônia concorrida no Rio de Janeiro, que contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice Geraldo Alckmin — ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio — e da ex-presidente Dilma Rousseff.

Ele assumiu o cargo prometendo promover uma agenda de investimentos do banco em soluções e projetos que respeitem o meio ambiente, assegurem um futuro com uso intensivo de tecnologia e permitindo maior inclusão social. “O BNDES precisa apoiar a transição justa para a economia de baixo carbono, bem como promover a inclusão produtiva e a reurbanização inteligente, visando construir as cidades do futuro”, disse.

Ex-ministro da Ciência e Tecnologia, Casa Civil e Educação nos governos Dilma, Mercadante afirmou que não pretende disputar mercado com a iniciativa privada e que deseja maior cooperação com os outros países sul-americanos. “Nosso destino está, portanto, indissoluvelmente ligado ao destino da nossa região. O Brasil é grande, mas será ainda maior quando atuar em conjunto com seus vizinhos”, disse.

Ex-presidente da Fundação Perseu Abramo e um dos coordenadores da campanha vitoriosa de Lula à Presidência, Mercadante também reafirmou compromisso com a igualdade racial, e anunciou a construção de um museu sobre a história da escravidão no Rio. “Não podemos esquecer essa chaga. O museu ficará localizado no Valongo, que foi a porta de entrada que recebeu mais escravos africanos em todo mundo”, disse, referindo-se ao cais no centro da capital fluminense.

Mercadante assume o BNDES com o desafio de promover uma reindustrialização da economia nacional. A carteira da indústria do banco, que já chegou a ser de 43%, hoje é de 16%. “O país não seria o que é sem o BNDES. Quando esse banco foi criado, o Brasil era um país de 52 milhões de habitantes, predominantemente agrário, com indústria incipiente e estrutura precária. Três décadas depois, o Brasil se convertia em um país predominantemente urbano e industrial. Antes da crise externa, conhecida com a década perdida, a indústria brasileira era maior que as da Coreia e da China juntas. Essa transformação fantástica não seria possível sem a participação do BNDES, a história desse banco se confunde com a da industrialização e da modernização da estrutura do país”, lembrou.

Ele defendeu interação com a iniciativa privada. “Precisamos de parcerias e o BNDES pode contribuir para reduzir risco, abrir novos mercados, alongar prazos e elaborar bons projetos para os investimentos”, comentou. E destacou que o BNDES trabalhará para ampliar as exportações brasileiras com bens industriais de alto valor agregado, fortalecendo o desenvolvimento de uma indústria mais digital, limpa, circular, inovadora e descarbonizada.

O economista lembrou que o BNDES é o maior banco de desenvolvimento das Américas e esteve na linha de frente para viabilizar financiamentos de longo prazo nos grandes ciclos de desenvolvimento do país. Entre os casos de sucesso, citou a fabricante de aviões Embraer. “Apenas oito países do mundo têm capacidade tecnológica para produzir aeronaves e o Brasil é um deles. Hoje a Embraer é uma história de sucesso do talento brasileiro que contou, em 125 anos, com R$ 25 bilhões em financiamento do BNDES para a exportação de 1.275 aviões para inúmeros países”, ressaltou. •

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