Com informações da Agência Brasil, PT e Brasil de Fato

O Ministério da Saúde decidiu incorporar, nesta quinta-feira (21), a vacina contra dengue ao Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público universal.

Conhecida como Qdenga, a vacina não será disponibilizada em larga escala em um primeiro momento, mas será focada em público e regiões prioritárias. A incorporação do imunizante foi analisada e aprovada pela Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS (Conitec).

“O Ministério da Saúde avaliou a relação custo-benefício e a questão do acesso, já que em um país como o Brasil é preciso ter uma quantidade de vacinas adequada para o tamanho da nossa população. A partir do parecer favorável da Conitec, seremos o primeiro país a dar o acesso público a essa vacina, como um imunizante do SUS. E, até o início do ano, faremos a definição dos públicos alvo levando em consideração a limitação da empresa Takeda do número de vacinas disponíveis. Faremos priorizações”, explicou a ministra da Saúde, Nísia Trindade.

A estratégia para utilização da quantitativo de vacinas será definida pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) e pela Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) que também vão estipular o público alvo prioritário e regiões com maior incidência da doença para aplicação das doses. A definição dessas estratégias deve ocorrer nas primeiras semanas de janeiro.

Segundo o laboratório, a previsão é que sejam entregues 5,082 milhões de doses em 2024, entre fevereiro e novembro. O esquema vacinal é composto por duas doses.

O imunizante Qdenga tem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com indicação para prevenção de dengue causada por qualquer sorotipo do vírus para pessoas de 4 a 60 anos de idade, independentemente de exposição prévia.

Para o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, a vacina será importante para controlar a dengue no país. “A dengue é uma doença que impacta praticamente todo o território nacional e o controle do vetor vem sendo insuficiente para reduzir as taxas de infecção. Estamos fechando o ano com recorde de óbitos. A vacina, sem dúvida, junto com outras medidas, será um importante instrumento para controle dessa doença”, disse. 

Segundo ele, a Organização Mundial da Saúde preconiza entre 6 e 16 anos de idade como a faixa etária ideal de introdução da vacina. Dentro dessa faixa etária, já há outros imunizantes que podem ser associados à aplicação da vacina da dengue e otimizar os atendimentos nos hospitais.

Vacina contra dengue para grupos prioritários chega ao SUS a partir de fevereiro

Segundo a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o governo estuda transferência de tecnologia para produção nacional. 

Em publicação nas redes sociais, Trindade ressaltou, no entanto, que as doses oferecidas inicialmente pela farmacêutica que produz o imunizante são limitadas. Portanto, a campanha de vacinação vai priorizar grupos e regiões mais vulneráveis.

Ainda de acordo com a postagem, a determinação segue análise da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS (Conitec) sobre acesso e custo-benefício.

“Incorporamos a vacina da dengue ao SUS. O Brasil será o primeiro país com sistema universal como o nosso a dar acesso público a ela”, escreveu a ministra.

O processo de imunização em 2024 vai contar com 6,2 milhões de doses, que chegarão a 3,1 milhões de pessoas, por limitação da fabricante. Mas a ministra destacou que o governo já trabalha com a possibilidade de produção em território nacional.

“Estamos discutindo uma transferência de tecnologia com a empresa e é muito provável que consigamos um resultado positivo. Temos dois grandes laboratório, Butantan e Fiocruz, com capacidade de produção para chegarmos à escala de que nosso país e população precisam”, disse Trindade.

O imunizante Qdenga, fabricado pela Takeda Pharma, é composto por quatro sorotipos do vírus da doença. Ele foi aprovado para comercialização no Brasil em março pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Administrada em duas doses injetáveis, com intervalo de três meses entre as aplicações, a vacina tem grau de eficiência de 66,2% entre pessoas que nunca tiveram dengue antes e de 76,1% entre as que já tiveram a doença.

A Anvisa recomenda a vacina para pessoas entre quatro e 60 anos de idade. Até então, o único imunizante aprovado no país, Dengvaxia, era destinado apenas para quem já havia tido dengue.

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