Trabalhadores voltam ao Planalto
Lula recebe dirigentes de sindicatos, depois de seis anos sem diálogo com o governo federal
O presidente Lula reabriu as portas do Palácio do Planalto aos trabalhadores na quarta, 18. Diante de cerca de 500 representantes de 10 centrais sindicais, o presidente assinou o despacho de criação do grupo de trabalho que discutirá a nova política de valorização do salário mínimo.
“Vocês sabem que o que vocês têm aqui não é o presidente da República. Vocês têm aqui um sindicalista que virou presidente da República do Brasil por conta de vocês”, comentou. Lula comentou que houve profundas transformações no mundo do trabalho desde os anos 1980.
Após ouvir críticas dos dirigentes sindicais sobre a falta de diálogo com o governo desde o golpe contra Dilma Rousseff, além de manifestações de desagravo pelos ataques de 8 de janeiro, Lula comentou a retomada do diálogo com o movimento sindical pelo Palácio do Planalto.
“Sinto que vocês estão com sede de democracia, estão com sede de participação. O que houve aqui foi uma tentativa de golpe por gente preparada. Eu não sei se o ex-presidente mandou, o que sei é que tem culpa, porque passou quatro anos estimulando o ódio e mentindo para a sociedade”, disse.
Durante o encontro, presidente reafirmou a promessa de campanha de reajustar a tabela do Imposto de Renda (IR), elevando a faixa de isenção para trabalhadores que recebem até R$ 5 mil e o compromisso de valorizar o salário mínimo.
Ao ressaltar que a massa salarial caiu muito nos últimos anos, Lula relembrou que, durante seu segundo mandato, 95% dos acordos salariais feitos pelas categorias organizadas incluía aumento real acima da inflação. Ele defendeu que a estrutura sindical, criada nos tempos de Getúlio Vargas, seja reinventada, com o desafio de criar uma nova relação entre capital e trabalho.
“Nós já provamos que é possível aumentar o mínimo acima da inflação, e o mínimo é a melhor forma de a gente fazer distribuição de renda neste país. Não adianta o PIB crescer se ele não for distribuído”, defendeu Lula ao falar da revalorização do piso nacional. “O salário mínimo tem que subir de acordo com o crescimento da economia.” •