Pesquisa Quaest reforça que brasileiros estão ainda com muitas expectativas em relação ao cenário nacional e temem a piora nas condições de vida, com medo do desemprego

A expectativa dos brasileiros sobre a situação econômica do país segue em alta, de acordo com a última pesquisa Quaest, realizada sob encomenda da Genial. Os dados apontam que a economia continua como tema de grande atenção da maior parte da população – como sugerimos em artigos anteriores na tentativa de compreender a avaliação regular do governo como parte da expectativa de quem está ‘esperando para ver’ a melhora da situação.

Para a maior parte dos brasileiros, o principal problema do Brasil é a economia (31%), seguido por ‘questões sociais’ — com 22%, categorização do instituto para temas como fome/miséria, desigualdade, pobreza, população em situação de rua, habitação e moradia.

Desde dezembro, os dados apontam para uma reversão de expectativas – de mais otimistas para mais cautelosas, reforçando o peso de tal questão para a construção de popularidade. Esta é a principal avaliação do Núcleo de Opinião Pública, Pesquisas e Estudos (Noppe), da Fundação Perseu Abramo, baseada nos dados da pesquisa.

Na semana anterior, abordamos os dados de avaliação do governo com foco no recorte de votação nas eleições anteriores, indicando como estão pensando os eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do líder da extrema-direita nacional Jair Bolsonaro, mas também aqueles que não votaram nas eleições de outubro de 2022 ou votaram em branco ou nulo.

De acordo com o levantamento da Quaest, a maior parte dos entrevistados relata uma percepção de manutenção da situação econômica nos últimos 12 meses: 39% afirmam que a economia ficou do mesmo jeito, 34% que piorou e 23% que melhorou. Houve uma queda substancial na parcela que afirma ter visto melhora de 7 pontos percentuais desde fevereiro.

A expectativa de mudança na situação econômica nos próximos 12 meses é positiva para 51% — 11 pontos a menos do que o registrado em fevereiro pela Quaest. E negativa para 29% — ou 9 pontos a mais.

Um dado importante é que embora uma grande maioria dos eleitores de Lula esperem melhora econômica, o número caiu de 86% para 76% no período já mencionado. Houve ainda piora nas expectativas relacionadas a emprego e renda. Aumentou de 35% para 43% a perspectiva de que o desemprego irá aumentar, de 39% para 49% a expectativa de aumento da inflação e de 26% para 37% a expectativa de diminuição do poder de compra. Entre os consultados, 29% acreditam que o desemprego vai diminuir no próximo ano, enquanto 24% pensam que vai continuar do jeito que está. 4% dos entrevistados disseram não saber ou preferiram por não responder.

O estudo foi feito com base em 2.015 entrevistas feitas pessoalmente com eleitores brasileiros de 16 anos ou mais, entre os dias 13 e 16 de abril. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais – para mais ou para menos.  •

* Cientista político doutorando pela USP, é analista do Núcleo de Opinião Pública, Pesquisas e Estudos da Fundação Perseu Abramo.

`