Ainda na noite do segundo turno, o presidente eleito fez um discurso emocionante em São Paulo, agradecendo o apoio do povo, acenando com aliança democrática e defendendo a unidade nacional

 

A partir de 1º de janeiro de 2023, vou governar para 215 milhões de brasileiros e não apenas para aqueles que votaram em mim. Não existem dois Brasis. Somos um único país, um único povo, uma grande nação”, disse o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em seu pronunciamento em um hotel em São Paulo logo após o Tribunal Superior Eleitoral confirmar sua vitória, ainda na noite de domingo, 30 de outubro.

Lula afirmou que pretende unir o país após ser eleito para um terceiro mandato com uma vitória apertada, com 50,90% dos votos válidos (com 99,98% das urnas apuradas). “Chegamos ao final de uma das mais importantes eleições da nossa história. Uma eleição que colocou frente a frente dois projetos opostos de país e que hoje tem um único e grande vencedor: o povo brasileiro”, disse.

Ele iniciou o discurso agradecendo a todos os apoiadores e especialmente a duas mulheres que o apoiaram no segundo turno: a senadora Simone Tebet (MDB-MT), que foi candidata à Presidência no primeiro turno, e a senadora pelo Maranhão Eliziane Gama (Cidadania). Em seguida, agradeceu o candidato do PT ao governo de São Paulo, Fernando Haddad, e a deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP).

“Esta não é uma vitória minha, nem do PT, nem dos partidos que me apoiaram nessa campanha”, disse. “É a vitória de um imenso movimento democrático que se formou, acima dos partidos políticos, dos interesses pessoais e das ideologias, para que a democracia saísse vencedora”.

O líder da esquerda brasileira disse que o povo brasileiro queria ter de volta a esperança. “É assim que eu entendo a democracia. Não apenas como uma palavra bonita inscrita na lei, mas como algo palpável, que sentimos na pele, e que podemos construir no dia-dia. Foi essa democracia, no sentido mais amplo do termo, que o povo brasileiro escolheu hoje nas urnas. Foi com essa democracia — real, concreta — que nós assumimos o compromisso ao longo de toda a nossa campanha.

Ele defendeu unidade e a retomada da paz social. “Não interessa a ninguém viver numa família onde reina a discórdia. É hora de reunir de novo as famílias, refazer os laços de amizade rompidos pela propagação criminosa do ódio”, afirmou.

E continuou: “Este país precisa de paz e de união. Esse povo não quer mais brigar. Esse povo está cansado de enxergar no outro um inimigo a ser temido ou destruído. É hora de baixar as armas, que jamais deveriam ter sido empunhadas. Armas matam. E nós escolhemos a vida”. Segundo o presidente eleito, é preciso reconstruir a própria alma deste país. “Recuperar a generosidade, a solidariedade, o respeito às diferenças e o amor ao próximo”, disse.

Mais tarde, ainda na noite de domingo, discursando a apoiadores na Avenida Paulista, em São Paulo (SP), Lula declarou que a eleição de 2022 e a vitória dele Presidência foi “a mais consagradora” de todas as que teve na vida. “Nós derrotamos o autoritarismo e o fascismo neste país. A democracia está de volta no Brasil, a liberdade está de volta no Brasil”, disse. “Estou muito emocionado porque foi a guerra mais difícil que enfrentei”. •

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