Aos 70 anos, a estatal está pronta para a exploração na Bacia Potiguar, na Margem equatorial situada no litoral do Rio Grande do  Norte, a nova fronteira do petróleo. Ibama emitiu licença ambiental. Operação deve começa em novembro

Em meio às comemorações dos seus 70 anos, a maior empresa brasileira está prestes a enfrentar grandes e novos desafios. Na última semana, a Petrobrás recebeu a licença ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente, para exploração de reserva de petróleo e gás natural no litoral do Rio Grande do Norte, na chamada Bacia Potiguar. “É um belíssimo começo em direção ao Amapá”, disse o presidente da estatal, Jean Paul Prates. 

O projeto está situado na chamada Margem equatorial, considerada a nova fronteira de exploração de petróleo e gás no país, que também abriga outro empreendimento da estatal em fase de licenciamento, no litoral do Amapá. A licença concedida pelo Ibama permitirá a perfuração de dois poços exploratórios no bloco marítimo BM-POT-17, em águas profundas da Bacia Potiguar. O primeiro poço será perfurado a 52 km da costa.

“Ao que parece, Ibama e MMA (Ministério do Meio Ambiente) optaram por começar a licenciar a possibilidade de perfuração marítima em águas profundas da Margem equatorial pela região em que há mais estudos, atividades e experiência operacional: a bacia Potiguar (costa do Ceará e do Rio Grande do Norte) possui sete poços produzindo petróleo e gás, 437 poços marítimos já perfurados pela Petrobrás historicamente, além de mais de 8.680 poços em terra”, disse.

A notícia vem em boa hora, quando a empresa completa 70 anos de criação pelo governo Getúlio Vargas, com planos de expansão e a retomada de operações que foram vendidas pelo governo anterior. “A Petrobras é o melhor, se não o único, operador capaz de fazer a operação na Margem equatorial com total segurança”, Jean Paul. “O Brasil tem direito de saber se há petróleo no país”. De acordo com estimativas do governo, os blocos da Bacia Potiguar reúnem um volume de 2 bilhões de óleo equivalente.

A perfuração está prevista para ser iniciada em novembro, após a chegada da sonda da petrolífera na locação. Com a pesquisa exploratória, a companhia pretende obter mais informações geológicas da área para avaliar a viabilidade econômica e a extensão da descoberta de petróleo realizada em 2013 no poço de Pitu. Não há produção de óleo ou gás nesta fase. A sonda a ser usada é a que ficou meses aguardando o licenciamento do bloco FZA-M-59, na bacia do Rio Amazonas, a 560 quilômetros da Foz do rio Amazonas. A sonda está no momento realizando trabalhos na bacia de Campos, e voltará a ser deslocada para o norte do país a fim de perfurar dois blocos no campo de Pitu Oeste.

Prates lembrou que a Petrobrás atendeu a todos os requisitos e procedimentos solicitados pelo Ibama, em cumprimento e zelo pelo rigor que esse tipo de licenciamento ambiental exige. Como última etapa de avaliação, a companhia realizou, entre 18 e 20 de setembro, um simulado in loco, denominado Avaliação Pré-Operacional (APO), por meio do qual o Ibama comprovou a capacidade da Petrobrás de dar resposta imediata e robusta a um evento acidental envolvendo vazamento de petróleo.

“Essa perfuração em águas profundas da Margem equatorial deve durar de 4 a 5 meses. Caso o Ibama ainda autorize a realização de similar APO na bacia da foz, a Petrobrás deverá conduzi-la imediatamente, com vistas à obtenção da licença no Amapá”, informou.

De acordo com a Petrobrás, a campanha para a Margem equatorial consiste de um total de 16 poços exploratórios (busca de novas reservas) a serem perfurados entre 2023-2027, um investimento estimado em R$ 15 bilhões (US$ 3 bilhões). As bacias sedimentares onde a estatal tem blocos exploratórios a perfurar são: FZA (Foz do Amazonas), PAMA (Pará-Maranhão), BAR (Barreirinhas) e POT (Potiguar).

A ida para o norte do Brasil busca a reposição de reservas de petróleo, movimento necessário para que o Brasil mantenha a produção para o abastecimento interno e exportação. O bloco FZA-M-59, onde a Petrobrás pretende iniciar a campanha exploratória, em águas profundas, pode ter 14 bilhões de barris de petróleo in situ – volume originalmente contido num reservatório.

A fronteira é considerada de grande potencial, próxima do Suriname e da Guiana — onde já foram descobertos mais de 11 bilhões barris de petróleo — o equivalente a US$ 1,1 trilhão. Os blocos exploratórios da foz foram licitados na 11ª rodada, em 2013. TotalEnergies, BP e BHP deixaram o projeto, restando a Petrobrás como operadora dos blocos. A estatal brasileira reservou US$ 3 bilhões no plano 2023-2027 para a perfuração de 16 poços exploratórios na margem equatorial. 

No país vizinho, a produção já é uma realidade. Com uma área territorial 40 vezes menor que o Brasil, a Guiana já tem mais de 11 bilhões de barris em reservas provadas. Para efeitos de comparação, o Brasil possuía, em 2022, 14,8 bilhões de barris, segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). •

Lula comemora: “A Petrobrás voltou”

O Congresso Nacional promoveu na manhã de quarta-feira, 4, uma sessão solene em comemoração aos 70 da maior empresa brasileira. “A Petrobrás voltou”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em video transmitido durante a cerimônia. “A megaoportunidade que o país tem, de ser o maior produtor de energia renovável, vai depender da Petrobrás. Mesmo quando acabar o petróleo, a Petrobrás ainda será a grande empresa de energia do país”.

Em agosto, a Petrobrás produziu mais de 2,2 milhões barris de petróleo por dia, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A empresa responde por mais de 60% da produção nacional. E agora se prepara para ser uma empresa que aposta em novas fontes de energia.

Uma das principais medidas da Petrobrás é a descarbonização de processos e produtos da companhia, além da promoção da transição energética justa para todos, como liderança na América Latina. Entre os projetos, estão os combustíveis sustentáveis, eólica offshore, hidrogênio verde e outras soluções de baixo carbono, com o objetivo de intensificar o uso de novas fontes de energia mais limpas e renováveis.

O presidente da estatal, Jean Paul Prates, destacou o simbolismo da celebração dos 70 anos da companhia. Ele ressaltou que a empresa existe para garantir energia para todo o povo brasileiro. “É simbólico eu estar aqui no Congresso Nacional, em uma das mais importantes cerimônias de celebração dos 70 anos da Petrobrás. Esta é casa do povo e pelo povo brasileiro que a gente celebra as sete décadas de trajetória da Petrobrás, empresa que nasceu e existe para garantir que a energia e chegue de ponta a ponta desse país”, afirmou.

A Petrobrás foi fundada em 3 de outubro de 1953 pelo presidente Getúlio Vargas. O governo federal é hoje o maior acionista da sociedade de economia mista, seguido de investidores estrangeiros e brasileiros. A empresa emprega mais de 40 mil pessoas e atua nas áreas de petróleo, gás, energia e biocombustível. No governo Lula, a Petrobras torna-se a empresa com maior potencial de geração eólica do Brasil. •

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