Presidente da estatal diz que pediu ao órgão ambiental a retomada do licenciamento. Mas empresa anunciou que vai deslocar a sonda na costa do Amapá para a Bacia de Campos

O presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, anunciou que a empresa tem condições de atender às condicionantes apresentadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para perfurar um poço na bacia da Foz do Amazonas. “A licença não deve ser dada a qualquer custo, mas é nosso dever recorrer. Estamos pedindo ao Ibama a retomada do licenciamento”, disse.

Apesar dos esforços para poder perfurar um poço na foz, Prates reconhece que a decisão sobre a atividade na região cabe ao Ibama e que o órgão pode manter o indeferimento, como já fez em maio. A exploração da margem equatorial é parte dos esforços da Petrobrás para repor reservas. A exploração e produção de óleo continuará a ser prioritária na empresa, inclusive para financiar a transição energética para uma economia de baixo carbono.

Caso o novo pedido seja necessário, a estatal pedirá também à Agência Nacional do Petróleo (ANP) uma dilação do prazo para perfurar o poço, que hoje é até agosto de 2024. Em maio, o Ibama negou um pedido da petrolífera com o argumento de que havia problemas no projeto da estatal. A Petrobrá

A negativa do Ibama abriu uma crise no governo, que se divide quanto ao projeto. Com a negativa, o líder do governo no Senado, Randolfe Rodrigues (Sem partido-AP), favorável à exploração nas águas profundas da costa do Amapá, deixou a Rede, partido da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

O plano prioritário da Petrobrás ainda é conseguir a autorização para fazer a perfuração e analisar a viabilidade da exploração comercial do poço no local. A estatal aumentou um ponto de recuperação de fauna e flora atingidos por vazamentos de óleo em Oiapoque (AP) e alterou rotas de voos para minimizar problemas de ruídos de aeronaves para comunidades tradicionais da região.

Enquanto aguarda um aval do governo, a Petrobras anunciou na semana a desmobilização da sonda que estava no local da perfuração por exigência do Ibama. Ela seguirá para o Sudeste, onde a estatal planeja perfurar dois poços com o mesmo equipamento, na Bacia de Campos. A sonda onde está hoje custa R$ 3,4 milhões por dia à Petrobras. Ao todo, a companhia já gastou R$ 1,2 bilhão com o projeto envolvendo a exploração comercial de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas.

A bacia entrou no radar da Petrobrás depois de descobertas gigantes de petróleo na Guiana e no Suriname. As reservas de petróleo recuperáveis da Guiana já somam mais de 11 bilhões de barris — o que equivale a US$ 1,1 trilhão de dólares. Em 2013, geólogos da ANP estimavam que toda a área poderia ter 14 bilhões de barris de petróleo. •

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