O acordo entre União Europeia e Mercosul é uma “prioridade e deve estar baseado na confiança mútua e não em ameaças”. O recado foi reiterado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na segunda-feira, 17, no encontro de cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) com a UE, que ocorre em Bruxelas, Bélgica.

O acordo entre UE e Mercosul foi deixado de lado devido a impasses que dificultam avanços. Um dos entraves à a posição europeia de bloquear a entrada de produtos que possam ter origem em áreas de desmatamento. A medida desagrada os integrantes do Mercosul, principalmente o Brasil.

“A defesa de valores ambientais, que todos compartilhamos, não pode ser desculpa para o protecionismo”, disse Lula. “O poder de compra do Estado é uma ferramenta essencial para os investimentos em saúde, educação e inovação. Sua manutenção é condição para industrialização verde que queremos implementar.”

De acordo com Lula, a cooperação deve refletir a realidade de ambos os lados. “Para a América Latina e o Caribe, isso se traduz em um enfoque claro na redução das desigualdades e na erradicação da fome e da pobreza”, declarou. “Temos que encontrar caminhos para superar as assimetrias de desenvolvimento econômico e social”.

Lula defendeu “uma parceria que ponha fim a uma divisão internacional do trabalho que condena a América Latina e o Caribe ao fornecimento de matéria-prima e de mão de obra migrante, mal remunerada e discriminada”. Segundo ele, a cooperação também é um instrumento para o fortalecimento democrático.

Em seu discurso, Lula criticou os “negacionistas das mudanças climáticas” e cobrou dos países ricos a promessa de investir US$ 100 bilhões anuais entre 2020 e 2025 para a transição verde dos países em desenvolvimento. •

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