O Escritor Martin Amis morre aos 73 anos
O Reino Unido perde o autor de “Grana” que ajudou a definir a cena literária inglesa dos anos 1980 e 1990. Ele morreu de câncer de esôfago. Um de seus romances, “Zona de Interesse”, ganhou as telas em adaptação exibida no Festival de Cannes
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Um dos mais importantes romancistas ingleses dos últimos 40 anos morreu em casa, na Flórida, vítima de um câncer no esôfago. Martin Amis, o influente autor de romances que definiram os anos 1980 e 1990, morreu aos 73 anos em casa, segundo a mulher, a escritora e jornalista estadunidense Isabel Fonseca.
A morte foi anunciada um dia depois da exibição do longa “Zona de Interesse”, no Festival de Cannes. O filme, dirigido por Jonathan Glazer, foi inspirado no livro homônimo escrito por Amis, um dos principais de sua carreira literária. Amis estava entre o célebre grupo de romancistas, incluindo Salman Rushdie, Ian McEwan e Julian Barnes, cujas obras definiram a cena literária britânica na década de 1980.
Seu romance de 1984 “Grana” foi nomeado por Robert McCrum no jornal britânico The Guardian entre os 100 melhores romances escritos em inglês. É apontado como um “livro de zeitgeist que continua sendo um dos romances dominantes da década de 1980”. Em uma entrevista à Paris Review, Amis disse que “as tramas realmente importam apenas em thrillers”, e que “Grana” era um “romance de voz”. “Se a voz não funcionar, você está ferrado”, disse.
Amis nasceu em 1949 em Oxford e estudou em escolas na Grã-Bretanha, Espanha e EUA, antes de ir para o Exeter College, Oxford, onde se formou com honras de primeira classe em inglês. Ele creditou sua madrasta, a romancista Elizabeth Jane Howard, por acordá-lo para a literatura quando era um adolescente à deriva.
Seu primeiro romance, “The Rachel Papers”, foi publicado em 1973, enquanto ele trabalhava como assistente editorial no ‘Times Literary Supplement’. Ganhou o prêmio Somerset Maugham em 1974, e outro livro, o cômico “Blackly Dead Babies”, foi publicado no ano seguinte. Ele trabalhou como editor literário do “New Statesman” entre 1977 e 1979, período em que publicou seu terceiro romance, “Success”.
Amis foi frequentemente comparado com seu pai, Kingsley Amis, que ganhou o prêmio Booker em 1986 por seu romance “The Old Devils”. Embora o Amis mais jovem nunca tenha ganho o Booker, ele foi pré-selecionado para seu romance de 1991 “Time’s Arrow”, um retrato de um criminoso de guerra nazista contado em ordem cronológica inversa, e pré-selecionado em 2003 para seu romance “Yellow Dog”.
Amis escreveu sobre a morte do pai em seu livro de memórias “Experience”, publicado em 2000. O livro aborda a separação de Amis de sua primeira esposa e mãe de seus dois filhos, a acadêmica americana Antonia Phillips. A obra também descreve o que aconteceu quando o autor descobriu que ele era o pai de uma filha de 17 anos, Delilah Seale, que nunca conheceu, e reflete sobre a vida da prima de Amis, Lucy Partington, assassinada por Fred e Rosemary West.
Amis e seu amigo íntimo Christopher Hitchens faziam parte de uma corte de romancistas e pensadores com um perfil público que se estendia muito além da página. Em 2002, Amis publicou “Koba the Dread: Laughter and the Twenty Million”, uma obra de não-ficção sobre o Grande Terror de Stalin. O livro provocou uma controvérsia literária, em parte por causa de seu ataque a Hitchens, a quem Amis acusou de ter simpatia por Stálin e pelo comunismo. •