Acampamento denuncia violência, emergência climática e a paralisação na demarcação de terras

Abril é mês de Acampamento Terra Livre e o tema da sua 19ª edição foi “O futuro indígena é hoje. Sem demarcação, não há democracia!”. O acampamento, tradição e referência de mobilização social democrática e participativa, é organizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), e foi realizado na Praça da Cidadania, em Brasília, reunindo mais de 6 mil indígenas na última semana.

Na convocatória do acampamento, a Apib aponta a importância do movimento e da luta organizada. “Nossa diversidade é nosso futuro. Somos 305 povos em território brasileiro. Essa grande riqueza cultural e humana é um privilégio de poucas nações”, diz a ONG. “O futuro Indígena é hoje, sem demarcação não há democracia”.

Maior mobilização indígena do Brasil, o acampamento este ano reforça a necessidade da demarcação das terras indígenas, pede o fim da violência e decreta o estado de emergência climática, para enfrentar o racismo ambiental e as violações de direitos causadas pelas mudanças no clima. A mensagem reforça a importância da demarcação de terras indígenas, que ficaram paralisadas nos últimos quatro anos, durante a gestão de Bolsonaro.

A presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, visitou as instalações do local e participou da plenária. Ela reforçou a importância da retomada dos processos de demarcação de terras indígenas. E denunciou o sucateamento do órgão no governo anterior. “Esse é o primeiro desafio, reverter esse quadro negativo em que encontramos a Funai. Queremos cumprir nossa missão, mas precisamos estruturar o órgão”, disse. Ela anunciou a retomada do trabalho de regularização fundiária. “Estamos preparando 14 áreas indígenas a serem homologadas. Também instituímos 14 grupos de trabalho para identificação e delimitação. Já existem seis áreas com a portaria declaratória a ser assinada”, disse. Ela anunciou a revogação de instruções normativas e a retomada do diálogo com lideranças dos povos indígenas. “Essa luta é nossa”, afirmou.

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