Levantamento do IPEC indica diferentes composições das avaliações do presidente comparado ao seu antecessor. Governo vai bem entre aqueles com mais de 60 anos e pretos e pardos

Neste artigo, damos sequência à análise da mais recente pesquisa IPEC, o antigo Ibope. Aqui, Aprofundamos a análise de três recortes da pesquisa – as segmentações da avaliação do governo Lula por gênero, faixa etária e raça/cor. O padrão de avaliação da administração atual nestes segmentos difere substancialmente do que vimos durante o período do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Entre os homens, a aprovação de Lula é de 40%, enquanto a avaliação regular é de 29% e a negativa de 26%. Já entre as mulheres, 41% de aprovação, 32% de avaliação regular e 22% de negativa. Considerando os limites das margens de erro, os números são bastante semelhantes.

Já por faixa etária, o governo Lula é melhor avaliado entre os que possuem mais de 60 anos: a aprovação neste segmento é de 48%, a avaliação regular é de 23% e a reprovação alcança 21% dos mais velhos. Entre os mais jovens, Lula é aprovado por 38%, avaliado regularmente por 40% e reprovado por 17%.

Entre a parcela da população que se considera preta ou parda, o governo Lula é aprovado por 43%, considerado regular por 30% e reprovado por 21%. Entre a parcela que se considera branca, o governo é bem avaliado por 37%, reprovado por 28% e outros 31% consideram o governo regular.

Em termos gerais, a pesquisa trouxe a aprovação de Lula em 41%, a avaliação regular em 30% e a reprovação em 24%. No artigo anterior, demonstramos que esta é a melhor avaliação em início de mandato desde o primeiro governo Dilma. E a comparação entre a avaliação negativa de Lula e a votação de Bolsonaro indica um arrefecimento no bolsonarismo.

Por isso, a comparação com a trajetória da avaliação do governo Bolsonaro é pertinente. O Núcleo de Opinião Pública, Pesquisas e Estudos (Noppe) da Fundação Perseu Abramo já havia indicado, em artigos anteriores, que durante o governo Bolsonaro as segmentações por gênero, idade e raça, entre outros, eram decisivos para entender o apoio ao ex-presidente.

Em agosto de 2022, durante o governo Bolsonaro, havia uma discrepância na reprovação do então governo na ordem de 7 pontos percentuais, no recorte de gênero: 39% dos homens consideravam ruim ou péssimo a administração do líder da extrema direita, número que entre as mulheres era de 46%. Entre os jovens, a aprovação era de 22%, 7 pontos a menos que a média da população.

Assim, poderíamos esperar que, por exemplo, homens reprovassem em maior medida o governo Lula por terem apoiado mais o governo do ex-presidente. Isso porque seriam mais sensíveis a integrar o bolsonarismo. Essa primeira pesquisa, no entanto, indica que não parece ser o caso.

O sentido inverso, nessa análise, também merece destaque.  Durante o governo Bolsonaro — e em pleno o processo eleitoral —, segmentos como as mulheres, os mais jovens e a população preta/parda sustentavam, junto com a base da pirâmide social, o alto índice de intenção de voto em Lula e a rejeição ao bolsonarismo.

No presente momento, à exceção dos mais pobres (que já abordamos anteriormente), os outros segmentos aproximam-se da média na avaliação de Lula. Um acompanhamento sistemático da opinião pública no próximo período responderá se tais questões se configuram como tendência ou apenas um retrato do momento. •

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