Quem mandou matar Marielle Franco? Esta é pergunta que o Brasil aguarda resposta e crime segue sem resolução. Lula assume compromisso de investigar mortes da vereadora e Anderson Gomes

Cinco anos sem respostas
VÍTIMA Marielle Franco foi eleita com 46,5 mil votos em outubro de 2016. Em março de 2018, foi brutalmente assassinada junto com Anderson Gomes

Desde 14 de março de 2018, o Brasil e o mundo querem saber quem foram os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e de Anderson Gomes. Em fevereiro, o ministro da Justiça, Flávio Dino, determinou a abertura de um novo inquérito na Polícia Federal para investigar o caso. A ideia é ampliar a colaboração federal na apuração.

A polícia chegou aos supostos executores do crime, os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, que já são réus e aguardam julgamento por júri popular. Mas os mandantes dos assassinatos e as motivações ainda não foram descobertos. Dino chegou a anunciar uma força-tarefa com a PF e o MP do Rio.

Mas o governo descarta, pelo menos por enquanto, a federalização do caso. Dino também já havia se comprometido com a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de Marielle, a esclarecer o crime político. Essa é uma questão de honra para o Estado brasileiro. A família concorda. “Não interessa para mim. O crime foi no Rio de Janeiro”, disse a mãe da vereadora, Marinete Franco.

“Acho que a Polícia Federal tem que estar junto, como sempre esteve. Muito mais agora com o [ministro Flávio] Dino. Mas a solução tem que partir do Rio de Janeiro. Foi lá que o crime aconteceu. O governo tem que dar uma resposta para mim, para a família, para a sociedade, para os eleitores da Marielle. Fui contra a federalização e fiz a campanha”, disse.

A partir do crime que chocou o mundo e abalou a democracia brasileira, o debate sobre o que é violência política de gênero ganhou urgência e maior visibilidade. No Dia Internacional da Mulher, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou o Dia Nacional Marielle Franco, a ser celebrado todo 14 de março, com o foco no enfrentamento à violência política de gênero e raça. 

A ação envolve os Ministérios das Mulheres e da Igualdade Racial. A proposta seguiu para apreciação do Congresso Nacional. Após tramitar nas duas casas legislativas, o projeto retornará para sanção presidencial.

Para a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, é urgente denunciar violências praticadas e dar visibilidade aos desafios da luta de mulheres negras na política: “A proposta desta data tem o peso da luta de Marielle e de muitas mulheres negras na política que vieram antes, como Luiza Bairros, Leci Brandão, a nossa querida deputada Benedita da Silva”, declarou Franco.

“Hoje temos um número maior de mulheres negras na política, mas precisamos garantir que elas possam exercer seus direitos políticos livremente. Estar na política não pode significar um risco de vida para as mulheres negras, cis e trans, que adentram esses espaços. E o primeiro passo é nomear e dar visibilidade a isso”, destacou. Eleita com 46.502 votos para o cargo de vereadora em outubro de 2016, Marielle tinha toda uma vida de importantes construções políticas à frente. São de autoria da dela projetos de lei que foram pensados para levar mais qualidade de vida e dignidade para reduzir as desigualdades para as comunidades cariocas. Em pouco mais de 15 anos de atuação na Câmara dos Vereadores do Rio, Marielle Franco apresentou 16 projetos. •