PT comemora seu 43º aniversário de fundação em grande festa que marca sua ligação profunda com a militância e a sociedade. Emocionado, Lula lembrou dos dias em que permaneceu na prisão

Na sexta-feira, 10 de fevereiro, o Partido dos Trabalhadores comemorou 43 anos de existência desde sua fundação, em São Paulo. A legenda tem uma história forjada nas lutas do povo brasileiro por democracia e por direitos fundamentais. As comemorações tiveram seu apogeu na festa realizada no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff.

No discurso, Lula se emocionou ao relembrar a solidariedade da militância do partido no momento mais difícil de sua vida, quando permaneceu preso na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, por 580 dias, sentenciado mesmo sendo inocente. “Eu quero agradecer aquela vigília porque, sem ela, eu não estaria aqui. Pessoas que eu não conhecia e se dispuseram, durante 580 dias, a enfrentar chuva, sol, provocação”, lembrou, com lágrimas nos olhos. “Pois voltamos para governar com respeito aos mais pobres e para recuperar a democracia em toda a sua essência”.

Em outros momentos, Lula chorou ao se lembrar da luta pela criação do PT em 1980 e para mantê-lo de pé desde então. Ele homenageou companheiros que se foram e lamentou a situação difícil e indigna dos brasileiros provocada pelos seis anos que se seguiram após o Golpe de 2016, que retirou Dilma Rousseff do poder e colocou o país à mercê do mais reacionário neoliberalismo, com a retirada de direitos do povo.

“A vida é o dom mais importante que Deus nos deu e nós temos que aproveitá-la da melhor forma possível. E a melhor maneira é a gente ter uma causa, uma razão para viver”, comentou o presidente. “E qual razão melhor do que a gente contribuir para melhorar a vida do povo brasileiro? Do que garantir que aqueles índios ianomâmis não morram? Do que fazer com que não tenha mais crianças e pessoas dormindo debaixo de viadutos?”

O presidente disse que mudar a situação do povo é a razão pela qual o PT existe. “A razão da nossa existência é melhorar a qualidade de vida do nosso povo. Não é a gente viver bem, a gente ganhar as coisas. É a gente repartir. Felicidade, ou a gente reparte, ou a gente perde, porque não é possível a gente ser feliz sozinho”, disse. “Por isso temos de estender a mão às pessoas que mais necessitam da gente. Por isso temos de ter um olhar mais meigo, mais fraterno, mais carinhoso com essas pessoas”.

Antes de Lula, Dilma também falou e enalteceu também o papel da militância petista. Dilma disse que sua previsão ao sofrer o golpe em 2016 — a de que o Partido dos Trabalhadores voltaria — só se realizou porque Lula foi um líder que não fugiu e enfrentou as dificuldades de cabeça erguida.

“Muitas pessoas aconselharam o presidente a ir embora do país. Mas por que seis anos depois nós voltamos? Porque teve uma liderança que, na hora, não fugiu da raia, que encarou e enfrentou”, disse Dilma. “Eu sei e muitos aqui sabem, não é fácil ir para a prisão. O presidente foi, foi com a cabeça erguida, e por isso nós conseguimos voltar. O ‘voltaremos’ se realizou”.

Dilma lembrou que a militância também exerceu um papel fundamental. “Nós sabemos que, em alguns momentos da vida, é preciso ter coragem. E nós tivemos coragem. Cada um de nós aqui presente, em vários momentos, foi ameaçado, se sentiu oprimido e resistiu e lutou e teimou”, reconheceu.

História de luta

O PT foi fundado em 10 de fevereiro de 1980, no Colégio Sion (SP), por um grupo formado por dirigentes sindicais, intelectuais de esquerda, ex-exilados políticos e ativistas católicos ligados à Teologia da Libertação.

O PT nasceu em meio a grandes mobilizações sociais, principalmente do movimento sindical no ABC paulista, que marcaram a história política, econômica e social brasileira a partir da segunda metade da década de 1970. Naquele momento histórico, a sociedade brasileira ainda vivia sob uma ditadura militar que durou 21 longos anos.

Tendo à frente o então líder sindical Lula da Silva, o PT foi oficialmente reconhecido como partido político pelo Tribunal Superior de Justiça Eleitoral em 11 de fevereiro de 1982.

A partir daí, em quatro décadas de destacada atuação, o PT se tornou o maior partido político de esquerda da América Latina e um dos maiores do mundo. Atualmente, a legenda tem mais de 2,5 milhões de filiados, organizado em todas as capitais e na grande maioria dos municípios do país.

Neste período, o PT obteve importantes vitórias nas três esferas dos poderes Legislativo e Executivo, elegendo líderes políticos nas prefeituras, governos estaduais governado o Brasil por quatro mandatos consecutivos, com Lula de 2003 a 2008 e Dilma de 2010 a 2016, sendo o último mandato interrompido por golpe em 2016, forjado por impeachment sem crime de responsabilidade.

Nas eleições de 2022, após enfrentar uma das mais duras disputas contra a máquina governamental e uma avalanche de fake news, o PT e os partidos da frente ampla venceram e colocaram Lula, o maior líder popular do país, pela terceira vez na Presidência, com mais de 60 milhões de votos.

Além dessa conquista que colocou um fim em quatro anos de desgoverno autoritário, movido por ideais fascistas e à base de mentiras e de atentados à democracia, o PT elegeu uma bancada de 69 deputados e deputadas federais e mais quatro parlamentares para o Senado.

No início deste ano, uma tentativa de golpe contra a democracia brasileira foi frustrada pela reação das instituições da República. Agora, o PT mais uma vez se consolida como o principal instrumento para a tão sonhada unidade nacional. • Agência PT

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