Lula diz que vai ligar para primeiro-ministro inglês porque se ‘esqueceu’ de falar de jornalista, durante audiência. Austrialiano está detido desde 2019 e pode ser julgado a prisão perpétua nos EUA

Em visita ao Reino Unido, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou a prisão do ativista e jornalista australiano Julian Assange, classificando-a como uma “vergonha”. Ele criticou imprensa por não “fazer nada” para libertar o jornalista, preso desde 2019, acusado, preso e condenado por vazar informações sensíveis do Pentágono sobre operações de espionagem contra países do ocidente, inclusive o Brasil. Se julgado pelos Estados Unidos, poderá ser condenado a até 175 anos de prisão. Assange permanece na prisão de Belmarsh, em Londres.

“É uma vergonha que um jornalista que denunciou as falcatruas de um Estado contra o outro esteja preso, condenado a morrer na cadeia e a gente não fazer nada para libertar”, disse, após a cerimônia de coroação do rei Charles III, em Londres. “Eu vou falar, inclusive, na frente dos jornalistas, porque isso vale para vocês e vale para mim”.

O presidente disse ter esquecido de mencionar o tema em seu encontro com o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, na véspera. Ele afirmou que, assim que retornar ao Brasil, ligará para Sunak para tratar da prisão de Assange. Ele disse que o jornalista não denunciou nada “vulgar”. O petista fez críticas à imprensa por não ter feito um movimento para libertar Assange.

Esta não é a primeira vez que Lula menciona o caso. Em 17 de junho de 2022, o então candidato à Presidência defendeu o fundador do Wikileaks, cuja extradição do Reino Unido para os Estados Unidos ficou mais próxima depois de o governo britânico aprovar o processo. “Estamos aqui falando de democracia precisamos perguntar que crime o Assange cometeu”, declarou Lula à época. Ele disse que o crime de Assange foi “falar a verdade”.

Julian Assange, 51 anos, fundou o site WikiLeaks em 2006. A partir de 2010, começou a publicar informações confidenciais sobre os Estados Unidos. O governo norte-americano estima que foram 700 mil documentos. O material, publicado no WikiLeaks e em outros veículos, como Guardian e New York Times, continha dados sobre guerras do Afeganistão e do Iraque e outras informações diplomáticas e de operações militares.

Em julho de 2015, o WikiLeaks divulgou uma lista classificada pela Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos como “ultrassecreta”, a qual revela que, além da própria presidente Dilma Rousseff, 29 telefones do governo petista – incluindo o de ministros, diplomatas e assessores – foram espionados pela agência de inteligência.

O telefone via satélite Inmarsat instalado no avião presidencial, com o qual Dilma se comunica com o mundo quando está a bordo da aeronave, é um dos 29 números grampeados pela NSA. Os números telefônicos foram monitorados no início da gestão Dilma. Até mesmo computadores, arquivos e telefones de dirigentes da Petrobrás, a maior empresa brasileira, foram alvos da espionagem da NSA.

Entre outros nomes, estavam na lista da NSA o ex-chefe da Casa Civil Antonio Palocci; o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, que, à época, ocupava o cargo de secretário-executivo do Ministério da Fazenda; o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general José Elito Siqueira, responsável pela segurança da presidenta da República; e o ex-ministro das Relações Exteriores e embaixador na época do Brasil em Washington Luiz Alberto Figueiredo, então subsecretário-geral de Meio Ambiente. •

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