SÍMBOLO DA UNIÃO Um dia depois do ataque às sedes dos poderes, o presidente Lula e autoridades da República deixam o Palácio do Planalto e caminham pela Praça dos Três Poderes até a sede da Suprema Corte

No dia seguinte ao ataque à democracia, Lula se reúne com governadores, presidentes do STF, do Senado e da Câmara e pede. “Não vamos permitir que a democracia escape das nossas mãos”

A tentativa de golpe executada pela extrema-direita fracassou e culminou numa rara demonstração de unidade em defesa da democracia no Brasil. Pela primeira vez, representantes dos Três Poderes, dos 27 governadores de estado e do Distrito Federal, além de líderes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, se reuniram para defender o Estado Democrático de Direito.

O episódio ocorreu na noite de segunda-feira, 9, 24 horas depois das cenas de barbárie terrorista afetada pelos radicais apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Foi uma resposta ao terrorismo bolsonarista que atacou a democracia e as instituições do Estado no domingo. Lula deu o tom da reunião no Palácio do Planalto: “O gesto de vocês é demonstração de que aqui nesse país é possível tudo: é possível discordar, é possível fazer passeata, é possível fazer greve. A única coisa que não é possível é alguém querer acabar com a nossa incipiente democracia que já sofreu com o golpe na presidenta Dilma Rousseff”, afirmou.

Além de governadores e vice-governadores, participam do encontro a presidenta do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, o presidente interino do Senado Federal, Veneziano Vital do Rêgo, o presidente da Frente Nacional de Prefeitos, Edvaldo Nogueira, e o procurador-geral da República Augusto Aras, além de ministros de Estado e parlamentares.

“Nós não vamos permitir que a democracia escape das nossas mãos, porque é a única chance de a gente garantir que esse povo humilde consiga comer três vezes ao dia, ou ter direito de trabalhar”, disse Lula. “Em nome de defender a democracia, não vamos ser autoritários com ninguém, mas não seremos mornos com ninguém. Vamos investigar e vamos chegar a quem financiou”, continuou.

Em sua manifestação, Lula questionou o caráter da mobilização golpista que insiste em tentar inviabilizar o novo governo. “Estavam reivindicando o quê? Reivindicando melhoria na qualidade de vida das pessoas? Reivindicando mais liberdade? Aumento de salário? Não, eles estavam reivindicando o golpe”, disse Lula após criticar a negligência das forças policiais que permitiram o ataque às sedes dos Três Poderes.

A reunião foi aberta pelo presidente do Fórum de Governadores, governador Helder Barbalho (MDB-PA), que saudou o caráter de “união nacional” do encontro e repudiou a tentativa de impor a instabilidade sobre as instituições. Além de Barbalho, falaram governadores das diferentes regiões do país que destacaram a simbologia do momento. “Vamos trabalhar para trazer paz, emprego e cidadania para o povo brasileiro”, afirmou a governadora Fátima Bezerra (PT-RN).

Ao final da reunião, o presidente Lula e todos os participantes do encontro cruzaram a Praça dos Três Poderes até o prédio do STF para prestar solidariedade à instituição, sua presidenta e integrantes da Corte. O prédio do STF teve seu interior, em especial o plenário do tribunal, totalmente destruído pelos terroristas. Na reunião, a presidenta Rosa Weber informou que o STF vai retomar suas atividades normalmente, em 1º de fevereiro.

A presidente do STF, Rosa Weber, disse que a corte foi “duramente atacada” e agradeceu pela união “em torno do Brasil que todos queremos, que é um Brasil de paz, um Brasil fraterno”. “Estou aqui em nome do STF agradecendo a iniciativa dos governadores e das governadoras de testemunharem a unidade nacional de um Brasil que todos nós queremos no sentido da defesa da nossa democracia e do Estado Democrático de Direito”, disse.

Ela relatou a situação da sede do tribunal: “Nosso prédio histórico no seu interior foi praticamente destruído, em especial o nosso plenário. Esta simbologia a mim entristeceu de uma maneira enorme”. Na reunião, a presidenta Rosa Weber informou que o STF vai retomar suas atividades normalmente, em 1º de fevereiro. •

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