O ataque à liderança do PT na Câmara pela turba de apoiadores de Bolsonaro não intimida o partido. Saímos mais fortes e unidos na defesa da democracia e do Estado de Direito

Uma semana separou Brasília em situações completamente díspares. No primeiro dia do ano, a capital recebeu uma das maiores festas da sua história. Centenas de milhares de pessoas coloriram a esplanada com toda a diversidade do povo brasileiro, que subiu a rampa do Palácio do Planalto para dar posse a Lula no seu terceiro mandato na Presidência da República.

Já no domingo seguinte, cenas de terrorismo, vandalismo e violência tomaram conta da cidade que abriga as sedes dos poderes da República, invadidas e depredadas por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Numa ação previamente planejada, um alvo atingido fica num espaço simbólico entre os corredores do Congresso: o gabinete da liderança do PT na Câmara dos Deputados. Foi o local mais atacado, onde os terroristas depositaram toda sua fúria.

A bandeira do PT e todos os quadros com imagens históricas da trajetória do presidente Lula e do partido foram queimados numa fogueira. Os computadores e móveis, quebrados. Não sobrou um único vidro intacto. Certamente, eles tinham objetivo claro ao se dirigirem ao gabinete da liderança. A história e os ideais do nosso PT representam o que mais abominam. Orgulhosamente, somos a antítese do ideário fascista e terrorista.

Desde que o PT foi fundado, em 1980, a liderança do PT na Câmara fica no mesmo local. Naquele ano, quem ocupava o cargo de líder era o deputado Adhemar Santillo, de Goiás. Junto de outros cinco companheiros, eles formaram nossa primeira bancada, vindos de uma ala autêntica do MDB (Movimento Democrático Brasileiro), por onde foram eleitos em 1978. 

Depois de Santillo, outros 37 companheiros cumpriram a tarefa de liderar a bancada petista, inclusive Lula, que conduziu os trabalhos durante a Constituinte. O gabinete destruído pelos fascistas já vivenciou momentos históricos. Já foi ameaçado, mas jamais atacado como aconteceu no domingo.

Um relatório preliminar, elaborado pela Câmara dos Deputados, estima que o prejuízo com a invasão à Câmara supera R$ 3 milhões, além dos objetos de arte danificados, com valor incalculável. Assim também foi no Senado, no Palácio do Planalto e no Supremo Tribunal Federal. Mas os estragos maiores foram à nossa democracia.

Os atos fascistas deixam a certeza de que ganhar as eleições não é suficiente para consolidar a vitória do povo brasileiro. É preciso mobilizar um pacto da sociedade para a permanente defesa da democracia e do Estado de Direito.

Essa união teve o exemplo mais sublime um dia depois dos atos golpistas, através de uma caminhada entrou para a história. O presidente da República, junto dos chefes de outros poderes e dos 27 governadores, marchou do Palácio do Planalto até o STF como resposta ao terrorismo. Pelo caminho, a convicção de que saímos mais fortes e mais unidos, para isolar os fascistas e juntar os democratas. É esse também o sentimento que permeia o processo de reconstrução do gabinete da liderança do PT. Limpar os cacos, tirar a sujeira, recuperar os documentos. Cada quadro queimado está sendo reconstituído e novos serão pendurados. Afinal, a história do PT é cada vez mais bonita e vitoriosa. Tudo isso será mostrado numa grande cerimônia de relançamento desse cantinho petista na Câmara, que já tem 43 anos de vida. Se queriam nos amedrontar, saibam que nos fortaleceram.  •

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