16 de dezembro de 1976 – DOI-Codi comanda a Chacina da Lapa

Uma das últimas ações de extermínio executadas pela ditadura militar brasileira, a Chacina da Lapa acontece em 16 de dezembro de 1976. Agentes do DOI-Codi e do Dops invadem uma casa no bairro da Lapa, em São Paulo, e assassinaram a tiros dois dirigentes do Partido Comunista do Brasil (PCdoB): Pedro Pomar e Ângelo Arroyo. Um terceiro, João Batista Franco Drummond, preso horas antes, foi torturado e morto na sede do DOI-Codi. Outros quatro líderes que haviam deixado a casa durante a madrugada foram seguidos, presos e torturados.

Na reunião da Lapa, a direção do PCdoB fazia um balanço da derrota da Guerrilha do Araguaia, consumada em 1974. Segundo a versão oficial, Pomar e Arroyo teriam morrido em tiroteio, resistindo à prisão, e Drummond teria sido atropelado quando fugia pela Avenida 9 de Julho. Investigações posteriores mostraram que se tratava de uma farsa do DOI-Codi.

Os agentes do Dops no bairro eram comandados pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, o mais famoso torturador e assassino daquele período. Já à frente da equipe do DOI estava o tenente-coronel Rufino Ferreira Neves, que respondia a Dilermando Gomes Monteiro, general prestigiado no comando pelo general presidente Ernesto Geisel.

Após matar 10 dos 29 dirigentes do Partido Comunista Brasileiro (PCB) entre 1974 e 1976, a ditadura liquidou na Lapa o comando do PCdoB. Três anos depois do massacre, o partido acusou o dirigente Manoel Jover Telles, que havia escapado ao cerco, de ter denunciado o encontro à repressão. Telles negou a acusação, mas foi expulso da legenda.

17 de dezembro de 1980 – Justiça reconhece morte de Manoel Fiel Filho no DOI

O juiz Jorge Flaquer Scartezzini, da 5ª Vara Federal de São Paulo, responsabiliza a União pela morte do operário Manoel Fiel Filho e manda indenizar sua família. A Procuradoria Geral da República reconhece que Fiel Filho foi submetido a torturas e sevícias nas dependências do DOI-Codi do 2° Exército, em janeiro de 1976.

Dois anos antes, também em primeira instância, a União havia sido responsabilizada pela morte do jornalista Vladimir Herzog, em circunstâncias semelhantes à de Fiel Filho. Tanto o jornalista quanto o operário foram presos por suspeita de ligação com o PCB. A sequência de assassinatos no DOI-Codi, num intervalo de três meses, provocou a exoneração do comandante do 2° Exército, general Ednardo D’Ávila Mello.

A viúva do operário, Teresa de Lourdes Martins Fiel (foto acima), lutaria durante dez anos na para receber a indenização.

22 de dezembro de 1988 – Chico Mendes é assassinado em Xapuri, no Acre

Seringueiro desde a infância, líder dos trabalhadores rurais da Amazônia e ambientalista de expressão internacional, Francisco Alves Mendes Filho, o Chico Mendes, é assassinado a tiros em Xapuri (AC) em 22 de dezembro de 1988, em frente a sua casa e diante de sua família. O crime foi cometido por fazendeiros da região incomodados por seu ativismo e pela repercussão de suas denúncias.

Em 1975, Chico Mendes assumiu a secretaria do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia. Compreendendo que seringueiros e extrativistas dependiam da preservação da floresta para sobreviver, passou a liderar os “empates” — manifestações pacíficas em que os seringueiros faziam barreiras humanas contra o desmatamento.

Em 1977, Chico fundou o Sindicato de Xapuri e se elegeu vereador pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Passou, então, a receber ameaças de morte. Por suas atividades sindicais e ao lado de movimentos sociais, em 1979 foi acusado de subversão, preso e torturado.

Já em 1980, participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT). No mesmo ano, foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional a pedido de fazendeiros que o acusavam de envolvimento no assassinato de um capataz. Em 1981, assumiu a presidência do Sindicato de Xapuri, cargo que ocuparia até sua morte.

Em 1990, foram julgados e condenados por seu assassinato o fazendeiro Darly Alves e seu filho Darcy, que Chico já acusara de ameaças de morte. Já no governo Lula, em 2007, foi criado o Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio) no âmbito do Ministério do Meio Ambiente e encarregado de fiscalizar a conservação ambienta.

Outras datas históricas:

    16/12/1926: Nasce a professora Zilah Wendel Abramo, militante dos direitos humanos e fundadora do Partido dos Trabalhadores. Formada pela Universidade de São Paulo, começou sua militância política no começo dos anos 1950, quando passou a integrar o Partido Socialista Brasileiro (PSB). Em 1952, se casou com o jornalista, professor e militante Perseu Abramo (1929-1996) – eles tiveram cinco filhos: Laís, Helerna, Mário, Marta e Bia.
    19/12/1930: Nasce em Budapeste, na Hungria, István Mészáros, filósofo, intelectual marxista.
    18/12/1945: Nasce em Tarkastad, na África do Sul, Steve Biko. Ativista político, foi um dos fundadores do Movimento da Consciência Negra e militante do movimento anti-apartheid, conhecido pelo slogan “black is beautiful”.
    22/12/1963: É criada a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG).
    20/12/1983: Inauguração da sede da Fundação Wilson Pinheiro, com presença de Paulo Freire.
    18/12/2010: Eclode a Primavera Árabe no Norte da África e no Oriente Médio.

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