Reajustes dos produtos são puxados por altas na batata, tomate, café, óleo de soja e açúcar. Segundo Dieese, com deterioração do poder de compra, salário mínimo deveria ser R$ 5.886,50 para família de quatro pessoas

Sem poder de compra, a população mais vulnerável é a mais atingida pela crise causada pela política econômica imposta pelo ministro Paulo Guedes e aceita submissamente pelo presidente Jair Bolsonaro. Com a inflação fora de controle e a economia paralisada, a população mais vulnerável é a mais atingida pela erosão de seu poder de compra.

Dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apontam que o valor da cesta básica ultrapassou R$ 700. Os reajustes foram detectados em 16 cidades, de acordo com o órgão ligado aos sindicais. Em um ano, o item essencial já acumula alta de mais de 30% no país.

“A cesta mais cara foi a de Florianópolis (R$ 700,69), seguida pelas de São Paulo (R$ 693,79), Porto Alegre (R$ 691,08) e Rio de Janeiro (R$ 673,85)”, aponta nota do Dieese. “Entre as capitais do Norte e Nordeste, onde a composição da cesta tem diferenças em relação às demais cidades, Aracaju (R$ 464,17), Recife (R$ 485,26) e Salvador (R$ 487,59) registraram os menores custos”.

O Dieese comparou ainda o salário mínimo líquido, contabilizado após o desconto da Previdência Social, de cerca de 7,5%, com o preço do item essencial. E conclui que, em outubro, o trabalhador comprometeu, em média, 58,35% do salário líquido para comprar  alimentos básicos para uma pessoa adulta. Em setembro, o percentual foi de 56,53%.

Os reajustes foram puxados pelas altas da batata, do tomate, do pó de café, do óleo de soja e do açúcar. O quilo do tomate, por exemplo, chegou a ter alta de 55,54% em Vitória (ES).

Pelos cálculos do Dieese, levando-se em conta o valor mais alto cobrado por uma cesta básica no país, o salário mínimo deveria ser de R$ 5.886,50 para que uma família viva com dignidade. O valor equivale a 5,35 vezes o atual piso, de R$ 1.100. O cálculo é feito considerando uma família de quatro pessoas, com dois adultos e duas crianças.

Quando Lula assumiu a Presidência, em janeiro de 2003, o salário mínimo era R$ 200. Treze anos depois, o mínimo chegava a R$ 880, indicando um aumento de 97,2% sobre o valor atualizado de 2003. Em média, o salário mínimo teve 77% de aumento real. 

Lula transformou a valorização do salário mínimo em lei, fruto de construção com os movimentos sindicais. A lei garantia garantia o reajuste real do salário mínimo por meio de sua correção a partir da variação do PIB do ano anterior somada ao repasse da inflação do período.

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