Ex-presidente convoca sindicatos a denunciar escravização dos trabalhadores. “Existe uma revolução digital ocorrendo em todo mundo e o Brasil está atrasado”, advertiu. Ele aponta para a necessidade de mudanças na atuação das entidades sindicais

 

Diante das sequelas da pandemia da Covid-19, o futuro do sindicalismo brasileiro deve rumar novos caminhos. Durante a 16ª plenário da Central Única dos Trabalhadores (CUT), na terça-feira, 20, Lula fez um alerta sobre a necessidade de mudanças na atuação dos sindicatos. Com tantos retrocessos no desgoverno Bolsonaro, há muitos desafios para o movimento sindical. O desemprego, o crescimento do mercado informal, o aumento da pobreza, da fome e a miséria são algumas das mazelas.

“Existe uma revolução digital ocorrendo em todo mundo e o Brasil está atrasado nisso. Essa indústria dos aplicativos está consumindo a energia da nossa juventude, oferecendo emprego [aos jovens] como se fossem micro ou médio empreendedores quando, na verdade, são pessoas que estão enfrentando um serviço que deveria ter Previdência Social, segurança e direitos mínimos”, denunciou.

O presidente Nacional da CUT, Sérgio Nobre, criticou o momento que o país vive, com a crise econômica, agravada pela pandemia negada por Bolsonaro, com altas taxas de desemprego e miséria. “Vivemos uma crise social sem precedentes com trabalhadores desempregados ou no desalento”, desabafou. “Nas periferias, especialmente nas capitais, vemos famílias inteiras dormindo na calçada, pedindo ajuda nas ruas, nos semáforos. Isso tudo resultado de um governo genocida, que negou a existência da pandemia”.

Lula falou sobre o desmonte da legislação trabalhista e ressaltou a falta de proteção do Estado. Ele ainda que é preciso cuidado para o trabalhador não ser escravizado. E citou a situação atual dos motoristas de aplicativos, dos microempreendedores, afirmando que o Brasil não está conseguindo acompanhar a revolução tecnológica aliada aos direitos dos trabalhadores e que será necessário criar um novo paradigma. “Essa gente, trabalha, trabalha, trabalha e quando se acidenta ou fica doente não tem nenhuma proteção do Estado”, disse.

O ex-presidente destacou que é o movimento sindical quem deve dar uma resposta ao conjunto de mudanças no país no pós-pandemia, especialmente depois dos desdobramentos do golpe contra a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), em 2016, acrescido das políticas promovidas por Temer e Bolsonaro. “É preciso que a gente tenha consciência que a revolução digital, talvez a mais importante que a humanidade tenha conhecimento, ainda não representa uma contrapartida para a retribuição social ao povo trabalhador”, pontuou.

Lula lembrou das transformações tecnológicas e sociais em décadas passadas para falar sobre os medos da população e a resistência popular. “Sempre a humanidade encontrou um jeito. E esse jeito foi encontrado pela luta, pela combatividade e pela persistência dos trabalhadores. E esse desafio [tal qual em outros períodos], está colocado para nós outra vez”, afirmou.

“Do ponto de vista dos empresários, eles querem acumulação de riqueza, de lucro, agora estão preocupados em voar para saber se há uma possibilidade de sobreviver no espaço. Gastam milhões de dólares de passagem para fazer turismo, enquanto as pessoas morrem de fome no Brasil, na América Latina, morre de fome no continente africano”, completou.

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