Ao contrário do que aponta a mídia e o mercado financeiro, o país não está quebrado. Nunca esteve desde que o PT assumiu o poder. Em 2002, o governo federal dispunha de apenas US$ 16,3 bilhões de reservas internacionais líquidas, deixadas por Fernando Henrique Cardoso. Em 2015, último ano de Dilma à frente da Presidência da República, as reservas somavam nada menos do que US$ 368,7 bilhões

 

Este é o terceiro artigo de uma série organizada para desconstruir a narrativa mentirosa segundo a qual a política econômica do PT teria “quebrado o Brasil”. A realidade, demonstrada por fatos e dados, é outra.

No texto anterior, sublinhamos que quando Lula assumiu, em 2003, o Brasil era devedor do Fundo Monetário Internacional, as reservas cambiais eram reduzidas, a dívida externa bruta chegava a 42% do PIB — mais que o dobro do observado em 1995 —, e o país tinha dificuldades para honrar seus compromissos internacionais.

Durante os governos petistas, a dívida externa caiu de forma contínua. Em 2011, representava apenas 12,07% PIB, patamar três vezes inferior ao observado em 2002. Mesmo em um momento de crise econômica e queda do PIB, como em 2015, a dívida externa bruta representava 18,6% do PIB, montante inferior ao verificado em 1995.

Neste artigo, vamos analisar o comportamento das reservas em moeda estrangeira e da dívida externa líquida — dívida externa bruta menos as reservas — no período 1995-2020.

A falácia da narrativa segundo a qual a política econômica do PT teria “fracassado”, marcada por suposto “desenvolvimentismo irresponsável”, fica patente quando se observa que, em 2002, o Brasil dispunha de apenas US$ 16,3 bilhões de reservas internacionais líquidas. Isso representava grave constrangimento estrutural e fragilizava o país nas crises internacionais, expondo o Brasil à ação especulativa nos mercados financeiros.

Um dos grandes legados dos governos petistas foi ter reduzido significativamente essa vulnerabilidade, ao trocar dívida em dólar por dívidas em reais e, ao mesmo tempo, acumular um grande volume de reservas cambiais. Note-se que entre 2002 e 2015 as reservas cambiais aumentaram mais de 20 vezes, tendo passado de US$ 16,3 bilhões, para US$ 368,7 bilhões.

Com a redução da dívida externa pública bruta e a elevação das reservas cambiais, a dívida externa pública líquida — dívida bruta menos reservas —, que era de 37% do PIB em 2002, passou a ser negativa a partir de 2007. Ou seja, o Brasil passou a ser credor em moedas estrangeiras, fato que acontecia naquele momento, pela primeira vez em toda a história econômica brasileira. Passou a ser credor, inclusive, do FMI, ao qual emprestamos US% 15 bilhões de dólares para seus programas de assistência financeira aos países em desenvolvimento.

Dessa forma, também no caso das reservas cambiais e da dívida externa líquida, os fatos demonstram que é mentirosa a narrativa da qual se servem os protagonistas da farsa do impeachment. Com base nos dados apresentados, cabe a pergunta: o Brasil estava quebrado em 2013-2015? Ou estava quebrado em 2002?

Com o golpe parlamentar, o Brasil só não voltou a quebrar, nos governos Temer e Bolsonaro, por conta das reservas cambiais acumuladas pelos governos do Partido dos Trabalhadores. Esse legado dos governos Lula e Dilma permitiu ao Brasil  absorver o impacto cambial da crise mundial 2008/09 — a maior desde os anos 30 do século passado — ​e atravessar a atual depressão econômica, sem problemas de escassez de divisas e dificuldades no balanço de pagamentos. Ao contrário. Graças ao legado dos governos petistas, a situação externa da economia brasileira ainda é bastante sólida.

Pela primeira vez na história do Brasil, não somos constrangidos pela restrição de divisas, para planejar o nosso futuro. Afastamos esse obstáculo externo ao desenvolvimento, mesmo que ​nos anos recentes ​outros permaneçam e tenham-se acentuado, em particular no​s campos social, ​produtivo e tecnológico.

Esse legado dos governos petistas é o alicerce sobre o qual deve assentar-se qualquer projeto futuro de retomada do desenvolvimento.

No próximo artigo dessa série, demonstraremos, com mais fatos e números, que o Brasil quebrou em 2002 — pela segunda vez em menos de quatro anos —; que o governo do Partido dos Trabalhadores salvou o país, reduzindo, também, de forma substancial, a dívida pública interna bruta e líquida.

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