27 outubro de 1973

CRIAÇÃO DO MOVIMENTO DO CUSTO DE VIDA

É criado em São Paulo o Movimento do Custo de Vida (mais tarde Movimento Contra a Carestia), que organiza a população mais pobre em torno de questões como inflação, custo do abastecimento e arrocho salarial. O movimento se estruturou em torno das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), uma nova forma de organização popular estimulada por bispos, padres e agentes pastorais da igreja católica. As CEBs cumpriram importante papel na educação política, mobilização e organização popular, na luta pela democracia e pela conquista de direitos dos trabalhadores, nas cidades e no campo.

As primeiras CEBs brasileiras foram criadas no começo dos anos 1960, nas arquidioceses de Natal e Volta Redonda (RJ), sob inspiração das reformas promovidas pelo Concílio Vaticano 2°. Pequenos grupos comunitários, de 20 a 50 pessoas, reuniam-se para estudar textos religiosos e refletir sobre sua aplicação à realidade local. Esse tipo de organização de base foi muito estimulado pela assembleia episcopal latino-americana de Medellín (1969), que fundamentou a Teologia da Libertação, e pela de Puebla (1979), que declarou a “opção preferencial (da igreja) pelos pobres”. No início da década de 1980, havia cerca de 80 mil CEBs no interior do Brasil e na periferia das grandes cidades.

24 de outubro de 1937

BOLSA DE NOVA YORK QUEBRA E ARRASTA PAÍSES

O preço das ações de empresas como American Telephone and Telegraph, United States Steel e White Sewing Machine Company, negociadas em altos valores, despenca vertiginosamente e, mesmo assim, ninguém as quer comprar. Milhares de americanos perdem tudo que investiram.  Pessoas que acreditavam ter seu patrimônio assegurado pelas ações de grandes bancos e companhias, viram-se falidos na chamada “Quinta-Feira Negra”. Foi como se toda a economia americana tivesse virado fumaça. O crash da bolsa foi um furacão que desestabilizaria toda a economia mundial, contaminando os mercados da Europa e da América Latina — inclusive o Brasil. Era o início da maior crise da história do capitalismo.

 

 

23 de outubro de 1985

MORRE NATIVO DA NATIVIDADE EM GOIÁS

Nativo da Natividade de Oliveira, presidente do Sindicato Rural de Carmo do Rio Verde, em Goiás, é morto com quatro tiros à queima-roupa pelo pistoleiro Júlio Santana, na entrada do sindicato. A viúva de Nativo denuncia que ele havia sido executado devido à sua militância no PT e na Central Única dos Trabalhadores (CUT). O assassinato fora encomendado pelo então prefeito da cidade, Roberto Pascoal Liégio, com o apoio do presidente do Sindicato Rural (patronal), Geraldo dos Reis de Oliveira, integrante da União Democrática Ruralista (UDR), e do fazendeiro Genésio Pereira. O julgamento foi anulado e o crime prescreveria sem condenações.

 

23 de outubro de 1956

HUNGRIA RECHAÇA DOMÍNIO SOVIÉTICO

A Hungria se insurge contra a União Soviética. Pela primeira vez, um país do Leste Europeu se levanta em massa e tenta instaurar uma república fundada em valores democráticos: direito de se movimentar sem ser detido arbitrariamente; liberdade de expressão; direito de reunião, associação e manifestação. É a Revolução Húngara.

O movimento foi uma reação às pressões da dominação da União Soviética — que ocupava militarmente o país e controlava toda a vida da sociedade — e buscou aproveitar as fissuras abertas no Kremlin pelo 20º Congresso do Partido Comunista que, em fevereiro, denunciara os crimes de Stálin.

Em junho, depois da denúncia, outros países se manifestaram: houve protestos em Berlim Oriental e na Polônia, que foram violentamente reprimidos. A Revolução Húngara, inspirada nas formulações de intelectuais que pregavam a construção de um socialismo humanista, democrático e nacional, iria além dos protestos.

27 de outubro de 2002

O PRIMEIRO TRABALHADOR CHEGA À PRESIDÊNCIA

Luiz Inácio Lula da Silva vence as eleições presidenciais, tornando-se o primeiro trabalhador a chegar à Presidência da República. Sua vitória decorreu do amadurecimento do eleitorado brasileiro — que desde a eleição municipal de 2002 vinha externando o desejo de mudança política — e da complexa conjuntura que precedeu o pleito.

No dia da eleição em segundo turno, e dia de seu aniversário, Lula conquistou 52,7 milhões de votos, ou 61,27% dos votos válidos, contra 33,3 milhões de votos, ou 38,72%, dados a José Serra (PSDB). Foi a maior votação já obtida por um candidato na nova fase democrática do país — uma conquista histórica, que mudaria a fisionomia do Brasil.

Desde o início da campanha, Lula encarnou o sentimento de que o Brasil precisava romper com a estagnação econômica, a desigualdade e a exclusão social.  Seus comícios atraíam multidões e sua candidatura recebeu a adesão de lideranças populares, empresariais, sindicais, de artistas, intelectuais e religiosos dos mais variados matizes. Lula defendia a retomada do crescimento e a implantação de políticas audaciosas de combate ao desemprego, à exclusão e à desigualdade social.  Manteve-se na dianteira na preferência dos eleitores, com uma média de 38% das intenções de voto, enquanto outros candidatos se revezavam no segundo lugar, com médias inferiores a 20%.

Diante do agravamento da crise econômica, que o governo e o mercado insistiam em atribuir ao chamado “risco Lula”, em junho o candidato petista lançou a Carta ao Povo Brasileiro, um documento no qual prometeu honrar contratos e compromissos do país e manter os fundamentos da economia: câmbio livre, inflação controlada e superávit primário. Reiterava, porém, seus compromissos com a mudança social.

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