Presidenta do PT diz em alto e bom som que o PT não quer “sangrar Bolsonaro” e que só com saída do presidente será possível reconstruir o país. “Precisamos do apoio do centro e da centro-direita para tirar esse governo de onde está”, lembra

 

Pela primeira vez em muitos anos, desde o Golpe de 2016, um dirigente da Executiva Nacional do PT participou de um painel da Globonews para discutir a conjuntura política e apontar saídas para a crise nacional. Ao lado do coordenador do MTST, Guilherme Boulos, e do deputado federal Marcelo Freixo, a presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), reiterou o compromisso das esquerdas com o impeachment de Jair Bolsonaro e negou que seja intenção da legenda deixar o atual presidente sangrar. 

“O grande desafio é construir um caminho para resolver os problemas do povo. O problema da fome que assola este país, da carestia, da inflação que voltou ao Brasil e depois de 21 anos estamos novamente com inflação de dois dígitos”, lembrou. “Resolver o problema do desemprego. E para isso o que precisamos é tirar Bolsonaro de onde ele está”.

Ela comento que existem mais de 120 processos de impeachment no Congresso Nacional e o PT é signatário de pelo menos cinco dos requerimentos apresentados. “Desde 2019 temos colocado em todas as resoluções de nosso partido que só a saída de Bolsonaro vai resolver o problema do povo brasileiro”, lembra. “Por isso a nossa ação é para tirar Bolsonaro. Queremos que o impeachment aconteça”, reiterou.

“O PT não acha que sangrar Bolsonaro é a melhor forma, não. Aliás Bolsonaro é quem está sangrando o Brasil. Enquanto ele estiver sentado naquela cadeira não teremos solução para crise”, defendeu a parlamentar. Ela comentou que as manifestações de 2 de Outubro foram importantes, com atos realizados em 300 cidades no Brasil. “A manifestação de São Paulo foi grande, a do Rio de Janeiro, de Fortaleza, de várias capitais, mostrando que o povo brasileiro não quer que esse governo continue”, disse.

Gleisi disse que Bolsonaro cometeu diversos crimes de responsabilidade e crimes comuns. “Por muito menos tiraram a Dilma, que foi um golpe, que aliás trouxe toda essa desestabilização que estamos vivendo”, destacou.

Ela criticou a política de desmonte da Petrobrás e disse que a divisão dos lucros da Petrobras, e dividendos, com os acionistas privados é um escândalo. “Colocam a gasolina a R$ 7, o diesel a quase R$ 5, o gás a R$ 100 e aí distribui lucros de mais de R$ 50 bilhões para acionistas privados em cima da dor do povo brasileiro?”, criticou.

“A Petrobras foi construída com o suor e o esforço do povo brasileiro, como empresa pública”, lembrou. “Depois abriu seu capital e agora está servindo para abastecer os interesses de acionistas privados. Por que que o povo tem que pagar uma gasolina tão cara se hoje somos um dos maiores produtores de petróleo do mundo?”.

Gleisi criticou ainda a política de preços da estatal, por estabelecer de paridade com mercado internacional. “Por que vendemos nossas refinarias, por que depois de tirarem a Dilma começamos a importar gasolina dos Estados Unidos, se podíamos fazer o refino aqui?”, indagou. “É isso que temos que combater, uma empresa pública precisa ter uma função pública, mesmo que ela seja de economia mista como a Petrobrás”.

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