As manifestações de #2deOutubro levaram 700 mil pessoas às ruas de 304 cidades do Brasil e 18 países no exterior

Dez partidos e centenas de organizações dos movimentos sociais e sindicais ganharam as cidades para protestar contra o governo da destruição e da morte

Em defesa do emprego e pelos 597.749 mortos

Fora, Bolsonaro! 

 

O Brasil assistiu no sábado, 2, novas manifestações massivas contra o presidente Jair Bolsonaro e seu governo de destruição e morte. No momento em que o país contabiliza 597.749 mortos durante a pandemia, pelo menos 700 mil pessoas ganharam as ruas de 304 cidades do Brasil e em 18 países no exterior para defender a vida, exigir a saída do presidente da República e protestar pelo aumento da fome, da miséria e do desemprego.

A maioria das capitais e grandes cidades do país foi tomada por manifestações contra Bolsonaro e seu governo. Em cartazes, faixas e palavras de ordem, a denúncia da alta dos preços, do desemprego e da fome. As dificuldades vividas pelo povo foram acompanhadas pela cobrança de impeachment, engavetado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira. As manifestações expressaram também avançou na busca da unidade das forças progressistas e populares.

Líderes dos movimentos sindicais comemoraram a ampla adesão, inclusive de setores que ainda não haviam saído às ruas em protesto contra o governo. Em São Paulo, o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, exultou a construção da unidade das forças democráticas.

“Foi um ótimo ato, com um palco democrático. Isso nos fortalece para construir um ato ainda mais amplo no dia 15 de Novembro. Vai ser o maior da história. Não dá pra passar por essa situação e ficar parado. O objetivo é o Fora, Bolsonaro. Hoje, são 1.005 dias de sofrimento para o povo brasileiro”, disse.

O presidente da CUT, Sérgio Nobre, também disse que o próximo ato em 45 dias será maior e mais amplo. “Temos que fazer um debate com a periferia. Temos que falar que a indignação com o preço do feijão, da carne e da gasolina não tem como acabar com Bolsonaro na Presidência”, afirmou. Ele disse que, com o presidente no Palácio do Planalto, o desemprego que já atinge 15 milhões de brasileiros vai aumentar ainda mais.

Líderes políticos da oposição têm a mesma avaliação. Foi lindo o ato na Avenida Paulista, com muita energia de luta e com mais forças políticas, entidades sindicais, movimentos sociais e ativistas da sociedade civil. A ampliação da unidade dessas forças vai se construindo pelo objetivo comum de tirar Bolsonaro”, disse a presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR).

Sérgio Nobre bateu duro: “Ou o povo vem para luta, ou os preços vão continuar aumentando. Trabalhadores têm que ter consciência de que um terço da população hoje está desempregada. Se não derrubarmos o governo, o desemprego vai bater na porta, vai chegar a todos nós. É uma tragédia jamais vista”.

As manifestações do final de semana reuniu líderes sociais, movimentos indígenas e negros, centrais sindicais, artistas e políticos de vários partidos. Na Avenida Paulista, os ex-candidatos a presidente da República Fernando Haddad (PT), Guilherme Boulos (PSOL), Ciro Gomes (PDT) e dirigentes de outras agremiações partidárias compareceram e fizeram discursos. Eles atacaram o governo, a inflação e a trágica crise social e econômica que o país assiste desde que Bolsonaro assumiu o poder e aprofundou a agenda neoliberal adotada por Michel Temer depois do Golpe de 2016.

Haddad disse que as expressivas manifestações que aconteceram em 304 cidades são uma demonstração de que a maioria do povo brasileiro não admite mais os ataques de Bolsonaro e o seu governo da miséria e da corrupção. “Estamos dando uma resposta ao dia 7 de Setembro. Essa avenida foi ocupada pelos bolsonaristas e nós resolvemos dobrar a aposta. E a cada vez que o Bolsonaro nos ameaçar, nós vamos dobrar a aposta. Vamos dobrar a aposta na democracia”, defendeu o ex-prefeito de São Paulo. 

Em outras cidades, as manifestações surpreenderam até mesmo políticos experientes, pelo tamanho e pelo peso da adesão massiva. “Está é, sem dúvida, a maior manifestação do Recife pela democracia e contra o presidente Jair Bolsonaro”, afirmou o senador Humberto Costra (PT-PE), um dos expoentes da CPI da Covid, no Senado. “O sentimento de rejeição ao desgoverno só cresce“, constatou, comentando a manifestação realizada na capital pernambucana, marcada pela energia, mas também pela alegria do povo.

No Rio, a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), o povo gritou “fora Bolsonaro” mais uma vez. Ela disse que a população luta “por mais emprego, comida no prato, vacina no braço e a retomada de um país melhor para o povo”.  Benedita alertou que o país está sendo entregue na mão de usurpadores e denunciou a PEC 32 que ameaça a destruição do Estado brasileiro, com a chamada reforma administrativa.

Em Brasília, os atos organizados voltaram a reunir milhares de pessoas contra Bolsonaro na Esplanada dos Ministérios. “Estamos na rua para derrubar o desgoverno e a inflação. O arroz tá caro. O gás tá caro e a culpa é do Bolsonaro”, denunciou a deputada federal Erika Kokay (PT-DF). “Chega de fome, miséria, inflação, desemprego, destruição ambiental”, afirmou. “Derrotar o fascismo é nossa missão histórica”, completou.

Em Belém, o líder do PT no Senado, acompanhou os protestos. “É a sociedade indo às ruas mostrando a indignação contra o governo”, resumiu. “Bolsonaro negligenciou a vacina contra a Covid-19, usou medicamentos sem eficácia, nada faz para dinamizar a economia, que já tem cerca de 15 milhões de desempregados e 20 milhões na linha da miséria”.

Em Porto Alegre, o líder Elvino Bohn Gass, deputado pelo PT do Rio Grande do Sul, resumiu o estado de ânimo de quem foi às ruas. “Faltam 455 dias para o fim do mandato de Bolsonaro. Mas ele precisa sair antes, por impeachment, porque é mentiroso, incapaz, corrupto e perverso e genocida”, afirmou, por sua vez o líder do PT na Câmara dos Deputados, Elvino Bohn Gass.

O destaque, no entanto, foi mesmo a população, que com suas máscaras de proteção, bandeiras, cartazes e palavras de ordem ocupou a avenida para denunciar o descalabro que se revelou o governo Bolsonaro. “A fome voltou”, “O arroz tá caro, a culpa é do Bolsonaro”, “Amazônia em pé, abaixo Bolsonaro”, “Fuzil não enche bucho” e “Vai para Haia” eram algumas das mensagens, mostrando que o governo Bolsonaro é um fracasso generalizado, da área econômica à social, passando pela segurança pública, saúde e meio ambiente.

Na capital paulista, o ato ocupou dez quadras da avenida Paulista, com a presença de diversos líderes de movimentos e entidades da sociedade civil, como MST, MTST, CMP, Acredito, Frente Brasil Popular, Frente Povo Sem Medo, UNE, ABI, Marcha Mundial das Mulheres, União Brasileira de Mulheres, Coalização Negra por Direitos e Direitos Já, além de centrais sindicais, artistas e representantes de comunidades indígenas.

Estiveram presentes ainda líderes como Marcelo Freixo (PSOL), Randolfe Rodrigues (REDE), Orlando Silva (PCdoB), Manuel D’Ávila (PCdoB) e representantes dos partidos Cidadania, DEM, MDB, PC do B, PDT, PL, Podemos, Solidariedade, PSD, PSB, PSDB, PSL, PSOL, PT, PV, Rede, UP, PCB, PSTU, PCO e Novo.

No exterior, os protestos aconteceram em cidades da Alemanha, Argentina, Canadá, Estados Unidos, Espanha, França, Inglaterra, Itália, Porto Rico, Portugal, Suíça, Dinamarca, Bélgica, Áustria, Holanda, Irlanda, México e República Tcheca.

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