Em entrevista ao jornal italiano, o ex-presidente critica Bolsonaro, a quem chama de corrupto e louco, e defende uma nova sociedade: verde, digital e humana

 

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva continua a ser procurado pela imprensa internacional para falar sobre os desafios que o Brasil e o mundo vão enfrentar no pós-pandemia. Ao jornal italiano La Reppublica, Lula defendeu que a esquerda tenha coragem de criar as condições para a formação de um mundo mais justo e menos desigual. “Precisamos desenhar uma nova sociedade tecnológica, digital verde, mais humana. E um modelo econômico, produtivo e sustentável diferente”, defende.

Na entrevista Lula duvida da possibilidade de uma ruptura institucional no país, apesar de manter-se preocupado com os ataques de Jair Bolsonaro às instituições democráticas. “Tudo pode acontecer no Brasil”, advertiu. “Já houve um golpe em abril de 2016 quando a presidente Dilma Rousseff foi derrubada com um impeachment que não tinha fundamento, nenhuma evidência. Mas se eu tiver que responder sua pergunta, acho que não. Talvez aqueles que lideram o país hoje tenham dificuldade em deixar o poder, eles se oporão a isso”, afirma.

Lula também criticou o discurso do atual mandatário na Assembleia Geral das Nações Unidas. “O Bolsonaro foi à ONU para mentir. Uma fantasia”, denuncia. “Ele descreveu um Brasil que só existe na cabeça. Não aquele em que há uma investigação parlamentar sobre corrupção no Ministério da Saúde para o gerenciamento da pandemia, de como e quando as vacinas foram compradas, porque já houve quase 600 mil mortes por Covid”, ressaltou.

“Bolsonaro falou em nome de seu público formado por milícias e neofascistas.  Ele poderia contar à ONU uma verdade que é vista todos os dias: 15 milhões de desempregados, 30 milhões passando fome”, lembrou o ex-presidente. Lula chamou Bolsonaro de louco e corrupto e não poupou também os procuradores da República e o ex-juiz Sérgio Moro que o perseguiram até à prisão injusta e sem provas.

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