Na solenidade dos 1 mil dias do governo, Bolsonaro ignora os 597.749 mortos pela Covid, admite que não tem qualquer controle ou ideia sobre o que fazer diante da disparada do dólar e da volta da inflação. A economia avança para o pior dos mundos

Era para ser um evento no Palácio do Planalto cheio de pompa e circunstâncias diante da passagem do tempo de Jair Bolsonaro na Presidência da República. Já são 1.000 dias do governo. Mas nem o próprio presidente se deu ao trabalho de comemorar. É que não há nada a comemorar. Diante dos 597.749 mortos, dos 14 milhões de desempregados, da inflação descontrolada e do aumento da desigualdade, o próprio Bolsonaro admitiu o fracasso.

“Nada está tão ruim que não possa piorar”, disse o boquirroto numa tentativa de justificar a alta da inflação e do dólar. “Não é maldade da nossa parte, é uma realidade”, disse. Era uma tentativa tosca de esquivar-se da responsabilidade pelo desastre da economia, conduzida pelo ministro Paulo Guedes. O fracasso realmente subiu à cabeça de ambos.

“Hoje estive com o ministro Bento [Albuquerque, das Minas e Energia], conversando sobre a nossa Petrobrás, o que podemos fazer para melhorar, diminuir o preço na ponta da linha. Onde está a responsabilidade?”, indagou o presidente e dublê de paraquedista. “Eu usei muito nos últimos dias uma outra passagem bíblica: por falta de conhecimento meu povo pereceu. Nós temos que ter conhecimento do que está acontecendo antes de culpar quem quer que seja”.

No dia seguinte à solenidade no Planalto, a Petrobrás anunciou Depois de 85 dias sem realizar ajustes nos preços dos combustíveis, a estatal confirmou um aumento de 8,89% no preço médio de venda do diesel para as distribuidoras. O aumento das tarifas passou a valer 24 horas depois. Daí a disparada da inflação, que Bolsonaro não consegue explicar. É que o aumento da carestia está diretamente ligado à dolarização dos preços dos combustíveis, com aumentos sucessivos que impactam os preços de alimentos, serviços e toda cadeia produtiva.

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