Aventuras do PT na China (parte 5)
O Partido Comunista foi fundado em 1921.Qual era o contexto?
Primeiro, uma nação com milhares de anos de história.
Segundo, um povo majoritariamente camponês, submetido à exploração por parte de uma classe de proprietários da terra.
Terceiro, um país que desde 1839 vinha sendo sistematicamente humilhado, atacado, roubado e explorado por potências europeias, pelos Estados Unidos e pelo Japão.
Quarto, uma economia onde as relações capitalistas de produção estavam assentado raízes, mas ainda muito atrasado em relação às principais economias capitalistas da época.
Quinto, uma cultura dividida entre as tradições e as novidades que vinham do Ocidente, entre as quais o impacto da Revolução Russa de 1917 e da Internacional Comunista.
Sexto, uma elite política que ficou chocada com as decisões que a Conferência de Versalhes de 1919 tomou a respeito da China.
Há outros aspectos, mas estes são fundamentais para compreender em que ambiente realizou-se o congresso de fundação do Partido Comunista da China, em 1921, com 13 delegados, representando cerca de 50 militantes espalhados por algumas cidades do país.
Apoiados pelos soviéticos, o Partido cresceu e firmou uma aliança com o Kuomitang, o Partido Nacionalista dirigido por Sun Yat Sen e, depois, por Chiang Kaichek.
A aliança entre comunistas e nacionalistas é rompida em 1927. Segue-se uma guerra civil entre as duas forças. Em 1937, por conta da invasão japonesa, se constitui uma frente única entre Kuomitang e PCCh. Esta frente acaba em 1945, quando os japoneses são derrotados. A nova guerra civil termina em 1949, com a vitória dos comunistas.
Nestes primeiros 28 anos de vida, o Partido Comunista se transforma profundamente. De partido fundamentalmente urbano, se converte em partido majoritariamente camponês. Cria o Exército Popular de Libertação. E adota a estratégia da Guerra Popular Prolongada, do cerco da cidade pelo campo, da Nova Democracia.
Entre 1949 e 1978, a República Popular da China sofre imensas transformações, políticas, econômicas, sociais e culturais. E dentro do Partido Comunista ocorre uma intensa luta interna, acerca do caminho da construção do socialismo. A principal divergência se trava entre os que defendiam a estratégia da Nova Democracia, que pressupõe um longo processo de desenvolvimento econômico, em que se combinarão diferentes formas de propriedade pública e de propriedade privada; e os que
defendiam ser possível e necessário acelerar o processo e pular etapas, seja através de medidas econômicas (como algumas do Grande Salto Adiante), seja através de medidas políticas (como algumas da Grande Revolução Cultural Proletária).
A disputa entre estas duas linhas se resolve em 1978, quando o Partido adota a política de reforma e abertura. Esta política segue vigente desde então e até hoje.
Mao Zedong foi o principal dirigente do Partido nas duas primeiras etapas (1921-1945 e 1945-1978). Deng Xiaoping é o principal dirigente da terceira etapa, iniciada em 1978 e continuada até hoje.
Vale esclarecer que Mao morrem em 1976 e Deng morreu em 1997. Vale esclarecer, também, que Deng – apesar de toda sua importância, destacada pelos próprios chineses – nunca foi presidente nem secretário-geral do Partido Comunista Chinês.
A política de reforma e abertura contribuiu para que a China, hoje, disputa com os Estados Unidos em terrenos nos quais os EUA e os capitalistas se consideravam imbatíveis: a eficiência, a produtividade, a qualidade, a tecnologia, a intensidade do crescimento e desenvolvimento.
Desde 2008, ou seja, desde a grande crise, a China entrou em uma nova etapa de sua história, seja por conta de contradições internas, seja por conta de sua crescente influência internacional. É nesse contexto que Xi Jinping chega à secretaria geral do Partido Comunista da China. E é nesse contexto que o Partido inaugurou, em 2021, um Museu para contar sua história centenária.
Em seguida falaremos com mais detalhes do Museu. Mas, antes, façamos um spoiler: quase na parte final da exposição, os visitantes são convidados a sentar num “carrinho de montanha russa”, onde passam por duas experiências: a de sobrevoar todo o território chinês e a de sobrevoar os avanços tecnológicos da China.
O passeio virtual termina em Marte, quando uma nave espacial chinesa pousa no “planeta vermelho”.
Termina? Ao que tudo indica, para usar uma expressão do Chavez, “por enquanto” termina.
Vamos então ao Museu, na próxima parte deste texto.
Mais informações sobre a visita do PT à China, leiam AQUI a parte 6 deste texto.