Trata-se de um prédio imenso, com vários andares, três dos quais ocupados pela exposição museografica propriamente dita.

O Museu da História do Partido Comunista da China abriu suas portas em 1921, como parte das comemorações do centenário de fundação do PCCh.

No salão de entrada aparece um imenso painel da Grande Muralha, que os comunistas chineses não cansam de lembrar que trata-se de uma barreira defensiva.

No espaço a seguir, ao som da Internacional, um vídeo e vários letreiros resumem a exposição e os 100 anos. 

Nestes e noutros espaços, as cores dominantes são o vermelho e o dourado. A imensa maioria das legendas está escrita em caracteres chineses, havendo pouca coisa em inglês.

A exposição está dividida em 4 partes: os 100 anos de humilhação findos em 1949, o período 1949-1978, o período das reformas e o período atual.

A primeira parte começa falando da guerra do ópio, de todas as agressões imperialistas e dos tratados desiguais. Depois fala das lutas do povo chinês contra a opressão feudal e colonial, desembocando na revolução nacionalista e republicana de 1911. Há muitas fotos, algumas imensas, bem como esculturas, alto-relevos e outras invenções museograficas, por exemplo uma reprodução da fachada do Palácio de Verão, queimado e saqueado pelos imperialistas.

Em seguida são apresentados os primeiros marxistas chineses, com destaques para o movimento de maio de 1919, para os estudantes e para a revista La Jeunesse. 

Aliás, para quem gosta de artes gráficas, tem de tudo, de impressoras até manuscritos de Marx, passando por edições de época (livros, jornais, revistas, panfletos, cartazes).

Neste pedaço há uma bela estátua de Marx e Engels, cujo estilo lembra aquela que a China doou para a cidade natal de Marx (Trier/Treveris). 

Há também uma reprodução da fachada da casa de Mao em Pequim, bem como três exemplares das primeiras obras marxistas que ele leu. Aparece uma tabela com as datas de fundação dos primeiros partidos comunistas mundo afora. E, numa sala específica, se reproduz os dois ambientes em que o PCCh foi fundado, em Shangai: uma casa e um barco.

Há fotos e outras informações sobre as células integradas por aqueles que fundaram o PCCh. E uma fotografia de cada um dos 15 participantes da reunião fundacional, sendo 13 chineses e dois enviados da Internacional Comunista. Mao é um dos 13; nessa época ele tinha 28 anos, que era também a idade média da delegação presente ao congresso de fundação. 

Detalhe: dos 13, somente dois estariam presentes no ato de fundação da República Popular da China, em 1 de outubro de 1949.

A exposição falará, também, dos congressos partidários seguintes, bem como da fundação, em 1924, de uma academia militar dirigida por Chiang Kai-shek e por Chu Enlai. E trará uma tabela mostrando a progressão da militância partidária, entre 1921 e 1927. Os dados são impressionantes:


1921, 58
1922, 195
1923, 420
1924, 994
1925, 3.000
1926, 13,281
1927, 57.967

Nesse contexto, a exposição dá grande destaque para o patíbulo em que foi executado um dos fundadores do Partido. Igualmente recebe grande destaque o levante de 1927, bem como a repressão que se seguiu. A exposição explica que ali fracassou a estratégia, inspirada na soviética, de fazer a revolução a partir das grandes cidades.

Detalhe: em 1928, 160 militantes do Partido vão para Moscou, realizar ali o 6º Congresso do PCCh. Mao não vai. 

Nesse mesmo ano de 1928, a exposição retrata o encontro das tropas lideradas por Chu Teh e por Mao Zedong. A partir de então, o partido constitui “zonas liberadas” em trinta regiões diferentes. Ao mesmo tempo, em 1929, o Partido formaliza que é o Partido que lidera o Exército.

Em 1931 o Japão ataca a China. Começam ai os 14 anos da guerra contra o Japão. Mas o Kuomitang está mais preocupado em cercar e exterminar os comunistas, numa ofensiva que obriga os comunistas a fazer uma longa fuga, denominada com o nome mais heróico de “longa marcha”.

A longa marcha merece um grande destaque na exposição, com direito a filmes da época, bem como vídeos com animações reproduzindo combates decisivos. 

Destaca-se que foram transpostas 40 montanhas, com 4 mil metros de altura.

Uma curiosidade: os filmes exibidos, feitos na época, foram exibidos para quem? Os guias do Museu não souberam responder.

Em 1936, o PCCh propõe ao Kuomitang, novamente, a constituição de uma Frente Única contra os japoneses. E, a partir de 1937, começa uma guerra total dos japoneses contra a China. 

A previsão dos japoneses era que em três meses conquistariam o antigo Império do Meio. Não foi o que aconteceu: por longos anos, o Japão teve que manter imensos exércitos, para poder enfrentar os chineses.

Data deste período uma foto muito interessante: a de um pelotão de soldadas. Mas, de maneira geral, era muito diminuta a presença feminina entre os quadros dirigentes do PCCh.

Também desta época (1943) é uma foto do pai de Xi Jinping. Os responsáveis pela museografia incluíram pelo menos duas fotos do pai de Xi, que foi combatente nesse período e, depois, integrante do Comitê Central do PCCh.

A exposição também destaca:

1/o sétimo congresso de 1945, que inclui o pensamento maozedong no estatuto do Partido;
2/a retomada de Taiwan, até então sob controle japonês, para o controle chinês;
3/os acordos de paz entre o Kuomitang e o PCCh, acordos rompidos pelos nacionalistas;
4/a importância da reforma agrária para a vitória da revolução;
5/as grandes batalhas da guerra civil;
6/a atitude respeitosa do Exército Popular de Libertação, para com os civis;
7/e, finalmente, a proclamação da República Popular da China, em 1 de outubro de 1949.

Sobre a proclamação, a exposição tem várias perólas.

Uma delas é o filme do ato de 1 de outubro de 1949. Até 2019, acerca daquela data célebre, os chineses tinham um filme em em preto e branco. Mas em 2019 os russos presenteiam os chineses com uma versão colorida do filme.

Outra pérola é a exposição dos diferentes estudos que foram feitos, para decidir qual seria a bandeira da República Popular da China. A versão escolhida tinha, originalmente, uma foice e um martelo dentro da estrela maior. Mas, depois, se optou por retirar a foice e o martelo.

Finalmente, o conhecido discurso de Mao, proferido com um sotaque que – nos disseram os guias, não era fácil de ser entendido. Mas tudo indica que todo mundo entendeu a frase celebre dita por ele: “a China levantou-se”.

Na continuidade, os três outros períodos (1949-1978, 1978-2012, 2012-2024).