O seminário: “Política de Defesa e Projeto Nacional de Desenvolvimento”, reuniu no dia 4/6, em Brasília, ministros de Estado, representantes de partidos políticos, parlamentares, oficiais da ativa da Aeronáutica, do Exército e da Marinha, e estudiosos do tema.  O evento foi realizado pelas fundações Perseu Abramo (PT), Maurício Grabois (PCdoB), João Mangabeira (PSB), e Leonel Brizola-Humberto Pasqualini (PDT).

O Partido dos Trabalhadores foi representado no seminário por Elói Pietá, seu secretário geral, que dividiu seu tempo com  José Genoino, ex-deputado federal (PT/SP) e atual assessor especial do ministro da Defesa. Para Pietá, nos dois mandatos do presidente Lula e agora no de Dilma Rousseff, criou-se uma união em torno de um interesse nacional multiclassista, trazendo para o debate as organizações políticas e de trabalhadores – incluindo, também, a parcela da população que ascendeu socialmente – e as instituições do Estado (como ministérios, o Itamarati, e o Congresso Nacional, entre outros).

Um dos maiores desafios, segundo Pietá, é o relativo ao esforço para que o tema esteja no amplo debate da sociedade brasileira. “Esse debate é importante para conseguir recursos para a defesa nacional”, disse Pietá, para quem é imprescindível pautar o tema dentro dos partidos. O secretário geral do PT enfatizou que o seminário promovido pelas fundações partidárias acontece depois de o país avançar na política de segurança publica, se encontrando, hoje, na perspectiva de um novo salto na política de segurança nacional.

Projeto de Defesa e de Desenvolvimento: A visão do PT

José Genoino afirmou que o Brasil adota hoje uma política externa protagonista, o que exige que o país tenha capacidade militar e se traduz em capacidade de emprego, de combate, e de equipamentos e material humano. Para Genoino, durante vinte anos as Forças Armadas foram colocadas numa espécie de isolamento mas, hoje, tem um papel estratégico.

Ele considera que os desafios apresentados na estratégia nacional de Defesa incluem a diminuição da vulnerabilidade do país e o impedimento da concentração de forças contrárias aos seus interesses e projeto estratégico. Genoino citou também a necessidade da presença das Forças Armadas garantindo  monitoramento, mobilidade em diferentes frentes, como a aérea, a cibernética, e a nuclear.

Também lembrada por Genoino foi a importância de, hoje, as Forças Armadas estarem subordinadas ao poder civil. “O comando político tem que interagir no que se refere à politica de defesa do país.” Para ele, o momento é de superar o conceito de isolamento para adotar o da integralidade.

Genoino chamou a atenção para o fato de que, sem meios eficazes de se proteger, um país grande abre espaço para a aventura – ainda que tome conhecimento de alguma vulnerabilidade, sem a mobilidade da aeronáutica, da marinha e das outras forças um país naturalmente terá problemas.

O assessor especial do ministro da Defesa defendeu, por fim, que é preciso quebrar os preconceitos no debate sobre Defesa: “Quando discutimos, não ficamos apenas com o retrovisor. Usamos o parabrisa para colocar no centro esse caminho que o Brasil está construindo“, disse. E concluiu: “Se estamos repensando o papel da Defesa no cenário nacional como parte integrante de um projeto justo e soberano, o protagonismo externo é fundamental que seja produzida uma renovação na nossa doutrina militar.”

Durante o debate, a secretária de Relações Internacionais do Partido dos Trabalhadores Iole Ilíada ressaltou que não existe soberania efetiva se não houver defesa do território nacional. Para ela, a esquerda brasileira tem tradição pacifista e muitos pensam que o Brasil deveria basear suas relações internacionais em uma postura que prescinda de instrumentos fortes de defesa nacional. Mas isso é uma  ilusão, uma ingenuidade, segundo ela.

A dirigente petista enfatizou que o Brasil só terá uma política realmente  soberana e altiva se tiver condições de garantir sua soberania nacional, que por sua vez se faz com a defesa do território nacional. “E quanto mais o Brasil se tornar uma potência importante, tiver voz ativa no mundo, mais vai incomodar, quanto mais desenvolver seus recursos naturais, sua tecnologia, a utilização desse manancial de recursos e fontes que temos, poderemos sim, ser alvo de ataques e de tentativas de dominação nosso território, porque por mais que as regras tenham mudado, elas se apoiam na dominação territorial”, concluiu.

Os partidos de esquerda, segundo ela, defendem um projeto nacional democrático e popular, que esteja antenado com os interesses do povo brasileiro. Ela também enfatizou a importância do acerto das contas com o passado, para que neste novo projeto de desenvolvimento nacional e para que a estratégia de defesa nacional seja efetivada, as Forças Armadas estejam trabalhando nessa mesma direção, a dos interesses do povo brasileiro.

(Foto: Richard Casas)

 

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Atualizado em 8/6/2012, às 17:00