A política de desmonte do governo Bolsonaro não deixaria a comunicação pública de fora da destruição. A Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), criada em 2007, deveria ser de grande interesse de um governo com vistas a investir em democracia, inclusive da comunicação.

O programa Pauta Brasil desta quarta-feira, 9 de junho, ouviu Ivonete da Silva Lopes e Laurindo Lalo Leal Filho, com mediação de João Brant, sobre as ações danosas do governo Bolsonaro para a comunicação pública.

Ivonete da Silva Lopes é professora da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Doutora em Comunicação e autora do livro ‘TV Brasil e a construção da Rede Nacional de Televisão Pública’. Ela questionou as razões que fazem o país não ter uma comunicação pública, “que não começou com os governos Lula e Dilma” e é uma área considerada central para outros países.

A professora falou sobre a constituição da comunicação pública no país e as diferenças entre 2008 e 2016, “não fosse a ruptura, poderíamos estar muito melhor hoje”. Citou mudanças positivas drásticas, como a democratização do conselho curador da EBC, “que se democratizou, teve mais diversidade, indígenas, mulheres negras. A tevê pública não é perfeita e precisa da participação da sociedade”.

Laurindo Lalo Leal Filho é sociólogo e jornalista, professor aposentado da Escola de Comunicações e Artes da USP. Participou da criação da EBC, onde foi Ouvidor Geral, diretor e apresentador do programa VerTV. É autor de livros e artigos sobre comunicação, integra o Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e é um dos Coordenadores do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.

O professor defende que a comunicação pública é pilar para a democracia. “Ataques à EBC são ataques à democracia”, disse. Para ele a situação de atraso do país em relação à políticas de comunicação pública também comprova o quanto a Constituição não é seguida, que garante comunicação como direito de todos.

A solidariedade aos trabalhadores da EBC, o golpe de 2016 e as ações do governo Temer contra a Empresa e a tentativa de sua privatização foram também abordados no Pauta Brasil. “A etapa final de entrega de serviços públicos, o que começou com o golpe, acontece agora com a privatização completa da EBC. As empresas privadas estão de olhos nas frequências de rádio e tv”, explicou Lalo, que elencou os países que fazem grande investimento em comunicação pública, “que desse conta da importância geopolítica que tinha o Brasil”.

E para a professora Ivonete também há um outro fato, além dos interesses econômicos: “medo do potencial da tevê pública, que, inclusive foi a primeira a discutir LGBTfobia, racismo e a própria crítica da mídia tradicional. As pessoas têm medo da diversidade e da reflexão e não querem que sejamos cidadãos”. Lalo ainda defendeu que são necessários mais de um canal público, com mais setores da sociedade incluídos na programação, canais 24 horas, “e assim funcionam os grandes países. Eles querem destruir o país e o Estado brasileiro”.

Como inovar e avançar nas programações públicas, acesso à internet e às novas plataformas, diversificação, popularizar o tema da comunicação pública, unificar as lutas de outras áreas vítimas de desmonte como saúde e educação e a solidariedade aos trabalhadores da EBC são as tarefas para tentar reverter a situação atual. “A ideia da comunicação pública precisa ser mantida viva”, disse Lalo.

 

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Pauta Brasil receberá especialistas, lideranças políticas e gestores públicos para discutir os grandes temas da conjuntura política brasileira. Os debates serão realizado nas segundas, quartas e sextas-feiras, sempre às 17h, e serão transmitidos ao vivo pelo canal da Fundação Perseu Abramo no YouTube, sua página no Facebook e perfil no Twitter, além de um pool de imprensa formado por DCM TV, Revista Fórum, TV 247 e redes sociais do Partido dos Trabalhadores.

O novo programa substitui o Observa Br, programa que era exibido nas quartas e sextas-feiras, às 21h. Clique aqui e acesse a lista de reprodução com todos os 66 programas.

Pauta Brasil: ataques à EBC são ataques à democracia do país