Mercado de trabalho brasileiro: avanços, desafios e perspectivas dos anos 2000

Boletim Diário de Política Social 65 – Mercado de trabalho brasileiro: avanços, desafios e perspectivas dos anos 2000

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16 de setembro de 2014

Mercado de trabalho brasileiro: avanços, desafios e perspectivas dos anos 2000


Nos anos 2000, houve melhoria de uma série de indicadores, tais como o crescimento do emprego, especialmente o formalizado, a redução proporcional dos ocupados sem proteção previdenciária e uma relativa melhora na renda do trabalho. Percebe-se também nos anos 2000 a queda na taxa de desemprego nas metrópoles no Brasil. A informalidade diminuiu e continua caindo, não só como reflexo da dinâmica econômica, mas também pela importância das políticas de regulação do trabalho e uma atuação efetiva dos órgãos fiscalizadores. Também houve expressiva melhoria do poder de compra do salário mínimo (que se elevou 68% de maio de 2004 a janeiro de 2014) e índices positivos nas unidades de negociação salarial, com parte significativa das mesmas obtendo reajustes acima da inflação ao longo dos anos.

A melhoria dos índices de crescimento econômico e inflação nos anos 2000 em relação aos 1990 teve impactos positivos no mercado de trabalho, mas é importante salientar a contribuição da regulação social do trabalho, o papel das instituições públicas e a ação sindical, bem como as políticas públicas, tais como a valorização do salário mínimo, o Programa Bolsa Família (PBF), acesso ao crédito, apoio à agricultura familiar e a ampliação de créditos do BNDES, entre outros fatores.

Ainda, estudiosos são unânimes em afirmar que houve um significativo processo de diminuição da desigualdade de renda no país nos anos 2000, apesar de seu alto patamar persistir. Esses dados, apesar de relacionados às políticas de transferência de renda, também se devem à melhoria do mercado de trabalho.

Apesar das melhorias no mercado de trabalho na década de 2000, ainda há vários problemas estruturais: rotatividade, informalidade, desemprego estrutural, a grande heterogeneidade das estruturas ocupacionais, diferenciais de raça, gênero, etnia, idade em salário, desemprego e jornada e tendências precarizantes, a alta desigualdade social e a alta jornada semanal, além da segmentação do mercado de trabalho, com grande peso dos autônomos e dos assalariados sem carteira. Também existe a necessidade de um padrão de desenvolvimento que dê acesso a direitos, além da renda.

Nesse sentido, o Estado nos últimos dez anos tem dado atenção à articulação entre as próprias políticas sociais e entre as políticas sociais e as políticas para o mercado de trabalho. É necessário continuar avançando nesse sentido para continuar garantindo melhorias para a grande maioria da população, que depende dos rendimentos do trabalho para sobreviver. A adoção de políticas recessivas e corte de gastos com investimentos e políticas sociais pode ter efeitos devastadores no mercado de trabalho.



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Análise: Ana Luíza Matos de Oliveira, economista
Acesse: www.fpabramo.org.br
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