Debate promovido pelo NAPP Direitos Animais mostrou que é urgente candidaturas petistas se alinharem ao tema

Mesmo para um partido como o PT, sempre alinhado com as pautas consideradas urgentes, falar sobre Direitos Animais ainda parece um desafio a ser enfrentado. A boa notícia é que o presidente Lula tem demonstrado disposição para dialogar com representantes do setor e colocado em prática medidas que já começam a dar novos rumos para a causa.

É o que lembrou Vanessa Negrini, diretora do Departamento de Proteção, Defesa e Direitos Animais do Ministério do Meio Ambiente e coordenadora do NAPP Direitos Animais, que realizou debate no dia 18.

“Logo no início da nova gestão, Lula convocou reunião com 200 pessoas ligadas aos Direitos Animais e admitiu que não tinha conhecimento sobre muitas demandas apresentadas. Com isso, nos pediu para listar o que consideramos urgente”, contou Vanessa.

Uma dessas medidas que ganhou força com Lula foi a realização do Censo Animal pelo IBGE. “Isso é fundamental para mapearmos a população de animais do país e pensar em como acolhê-los com políticas públicas”.

Por falar em políticas públicas, a deputada Luciene Cavalcante vê nas Eleições Municipais uma grande oportunidade para colocar em prática ações já consideradas viáveis sobre Direitos Animais.

“As Eleições Municipais serão um termômetro para o que vai acontecer nos próximos anos e a adesão ou não às pautas sobre Direitos Animais vai mostrar como pensa a sociedade e o que podemos fazer para convencê-la de que se trata de uma pauta importante”.

Um exemplo viável e que já virou lei em alguns municípios é a inclusão dos Direitos Animais como disciplina nas escolas municipais. “Isso faz com que as crianças tenham ciência sobre a importância em proteger tanto animais domésticos como silvestres, por exemplo”.

Já a promotora Vânia Tuglio defende a criação de coordenadorias ou secretarias de Defesa Animal nas cidades. “O tema não pode continuar a ser considerado secundário, pois envolve muitas questões como a de segurança e saúde públicas”.

Paulo Campos, coordenador Nacional da setorial de Direitos Animais do PT, lembrou que as propostas apresentadas pelas candidaturas petistas devem fugir do punitivismo. “Isso não tem funcionado. Precisamos sempre pensar em Direitos Animais como política ligada à Educação e não algo que dê resultado a curto prazo. Casos de violência doméstica contra animais, por exemplo, com certeza estão ligados a outros tipos de violência. Mudar a maneira como enxergamos a pauta vai fazer com que as pessoas questionem esse tipo de abuso e denunciem”.

Representante do Ibama, Roberto Cabral citou outro ponto importante a ser lavado para o debate nos municípios. “A venda e comercialização de animais tem que ser banida definitivamente, mas sabemos que isso ainda acontece em diversos municípios. As eleições serão uma oportunidade para mostrarmos o quão isso é prejudicial e afeta toda a natureza”.

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