Na quinta-feira, 21 de julho, a série Diálogos pelo Brasil debateu a defesa da vida das pessoas e de todos os animais, com a participação de Alexandre Terreri, Isabel Dranka, Luli Sarraf e Natalia Chaves e mediação de Vanessa Negrini. Durante o programa, os debatedores abordaram a construção e a valorização dos direitos animais na elaboração do programa de governo.

A professora da Universidade de Brasília Vanessa Negrini, que integra o Núcleo de Estudos sobre Direitos Animais e Interseccionalidade. Ela coordena o setorial de defesa dos direitos dos animais dentro do o PT, abriu o debate explicando que quando se fala de direitos animais, é preciso considerar que há animais domésticos, silvestres, usados na ciência e aqueles que continuam sendo explorados na produção. E ainda um que a gente nunca lembra que é animal: o ser humano. “Por isso, o tema do nosso debate é pela vida das pessoas e de todos os animais, um reconhecimento de que todos os direitos estão conectados e quando a gente viola os direitos animais não humanos, da natureza, do meio ambiente, os humanos acabam vítimas também dessa violação”, disse.

Para Alexandre Terrier, fundador do Elo Animal e representante da Rede Sustentabilidade, precisamos pensar uma ciência moderna e ética, sem crueldade e maltrato de animais. “A primeira questão é uma modernização da ciência e da legislação que rege o uso de animais em experimentos. O correto seria a gente pensar de realizar uma ciência sempre sem a utilização de animais. Há inúmeros recursos e tecnologia avançada”, pontuou.

A mestranda em Educação e representante do Partido Socialista Brasileiro Isabel Dranka, falou sobre os animais silvestres. “Dentro dos estudos, a gente vê que o direito ambiental brasileiro é um dos que têm a legislação mais completa e mais, ao meu ver, assim, poética e bonita. Só que a gente não vê tanto a aplicação dela quanto deveria. O primeiro ponto a ser ressaltado é a caça esportiva. Os animais merecem respeito e assassinar um animal por diversão não seria um ponto a ser questionado? A gente tem que ter políticas públicas mais sérias, que coíbam essa prática ao bel prazer do homem. Aí entra no pontos de proteção de todos os animais silvestres, terrestres e aquáticos”, destacou.

A ativista da defesa animal e fundadora da ONG Celebridade Vira Lata, Luli Sarraf, que representou o Partido Verde no debate, falou sobre animais domésticos. “A gente cria um vínculo com eles, são membros da nossa família e isso vale para todos os níveis de classe social, em todas as esferas. Enfim, homens e mulheres, moradores de rua e médicos, desembargadores, as pessoas conseguem criar esse vínculo”, disse.

Ela pontou problemas seríssimos, como por exemplo a criação e comércio de animais de raça. “Dentro dessa esfera a gente desenvolve um mercado inviável, que implica muito sofrimento para os animais, inclusive os abandonos. Eu vivo ensinando pra quem começa na proteção animal de cães e gatos, nos resgates, que não adianta sonhar em ter um abrigo, a gente tem de sonhar em erradicar o abandono. Agora, sem castração disponível em cada esquina desse país, sem conscientização sobre a criação e comércio de animais de raça, sem as pessoas entenderem o quanto causa um impacto ruim para todos os animais domésticos do país essa ideia de consumir raças a gente nunca vai conseguir zerar o abandono”.

A militante ecossocialista e vereadora da bancada feminista do PSOL Natália Chaves abordou combate à crueldade animal. “Nós defendemos a libertação animal. Também sou vegana, mas até que a gente consiga estruturar a sociedade, ter uma mudança civilizatória que nos leve à abolição da exploração de animais, é muito importante que ao menos seja garantido, seja consenso, que a crueldade com os animais deve acabar”, disse.

Ela leu alguns exemplos de propostas para o programa acabar com a exportação de gado vivo, a marcação de animais a ferro, o foie gras, a produção da carne de vitela, a criação de animais em gaiolas, em especial o fim das gaiolas de gestação para porcas reprodutoras, das baterias de gaiolas para galinhas poedeiras e o fim da criação de peixes em gaiolas flutuantes.

“Muitas dessas medidas têm sido vitoriosas no Parlamento Europeu e a gente espera que se ensine positivamente as políticas brasileiras. E como o Brasil é uma grande referência para a América Latina, pode surgir daí um movimento muito interessante”, afirmou.

Assista ao debate completo.

`