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03 de dezembro de 2014
ECONOMIA NACIONAL
Produção industrial para de cair em outubro, mas resultado no ano é ruim: A produção industrial brasileira apresentou estabilidade no mês de outubro frente ao mês de setembro, segundo dados divulgados pelo IBGE. Esse resultado representa um avanço frente à queda de 0,2% de setembro, mas o acumulado do ano permanece muito negativo, com queda de 3,6% na produção industrial. No acumulado de janeiro até outubro, as quedas mais relevantes encontram-se nos setores de bens de capital (-8,8%) e bens de consumo duráveis (-9,6%). Já no acumulado de 12 meses a queda é um pouco menor (-6,9% e -8,5% respectivamente), sendo que apenas o setor de bens de consumo de semi e não duráveis apresenta leve crescimento (0,1%). Uma das razões apontadas para o crescimento baixo neste período de fim de ano, marcado costumeiramente pelo crescimento da produção para atender às festas de fim de ano, é o fato de os estoques estarem ainda elevados. Combinado ao elevado grau de endividamento das famílias e as expectativas negativas do consumidor e dos empresários, a produção industrial mostra um resultado de estabilização no início deste último trimestre.
Comentário: A deterioração da indústria brasileira é um processo de longo prazo, que teve início ainda na década de 1990 com o desmonte de uma série de cadeias produtivas. O crescimento acentuado dos governos Lula permitiu que a indústria crescesse, mesmo que de forma desigual, perdendo espaço para os produtos importados e se tornando cada vez mais uma importadora de insumos e máquinas, devido em grande medida à sobrevalorização cambial que perpassou quase todo o período. Este esgarçamento das cadeias de fornecedores tem hoje reflexos claros, principalmente sobre a balança comercial e a aversão de alguns empresários à desvalorização cambial. Reconstruir alguns elos da cadeia produtiva e reerguer setores importantes de nossa indústria (principalmente a de produção de máquinas e equipamentos) exigirá mais do que novas rodadas de desvalorização cambial e uma melhoria nas expectativas dos empresários: precisaremos, em primeiro lugar, de uma política industrial forte e bem planejada, onde a utilização da política de compras governamentais e a exigência de conteúdo nacional se coadune com as necessidades e oportunidades criadas nos setores de infraestrutura, petróleo e gás e agronegócio. Mais que isso, será preciso utilizar o crédito do BNDES e o incentivo à inovação de maneira inteligente, de forma a beneficiar os setores mais dinâmicos de nossa economia em que temos chance de competir internacionalmente.
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Análise: Guilherme Mello, Economista