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28 de novembro de 2014
ECONOMIA NACIONAL
Crescimento de 0,1% no terceiro trimestre demonstra recuperação econômica em curso: Após dois trimestres de queda na atividade, o resultado do PIB do terceiro trimestre aponta para um início de recuperação da economia brasileira ainda em 2014. Com o crescimento de 0,1% na atividade divulgado nesta manhã pelo IBGE, o PIB brasileiro acumula alta de 0,2% no acumulado do ano em comparação ao mesmo período do ano anterior. Nos últimos quatro trimestres, a elevação chega a 0,7% se comparado com os quatro trimestres imediatamente anteriores. O crescimento do PIB foi puxado, sob a ótica da oferta, pela recuperação da indústria (1,7%) e pelo crescimento do setor de serviços (0,5%), enquanto a agricultura apresentou queda de 1,9%. Já sob a ótica da demanda, o principal motor da recuperação foram os investimentos que cresceram 1,3% em relação ao trimestre anterior, alcançando a taxa de 17,4% do PIB (apesar de se manter abaixo dos 19% registrados no terceiro trimestre de 2013). Por outro lado, o consumo das famílias desacelerou e apresentou queda de 0,3% na comparação com o trimestre anterior, mas ainda apresenta variação positiva de 0,1% na comparação com o mesmo trimestre de 2013. Em valores nominais, o PIB alcançou R$ 1,289,1 bilhão no terceiro trimestre de 2014.
Comentário: O crescimento marginal do PIB no terceiro trimestre encarra um ciclo de quedas iniciado no primeiro trimestre deste ano e aprofundado no segundo, em grande medida devido à Copa do Mundo. Mesmo não sendo uma recuperação robusta, encerra-se de uma vez por todas a discussão inepta de “recessão técnica”, que em nenhum momento ajudou na compreensão sobre a atual realidade brasileira. Olhando os dados de mais longo prazo, percebe-se que o movimento de deterioração da taxa de investimento se reverteu, podendo manter esta trajetória crescente nos próximos trimestres caso o investimento público não seja muito afetado pelo plano de ajuste fiscal do governo. Por outro lado, o consumo das famílias, principal motor do crescimento nos últimos anos, chegou ao seu limite em um regime de baixo crescimento, só devendo contribuir positivamente para o crescimento novamente a partir do momento em que a economia, emprego e renda voltarem a crescer mais fortemente. Do ponto de vista da oferta, a queda de preço de algumas commodities se reflete no valor total da produção agrícola e a recuperação industrial se dá sob uma base ainda baixa. É preciso que o processo de recuperação dos investimentos se aprofunde e que o empresário volte a acreditar na economia brasileira para retomarmos taxas de crescimento do PIB mais vigorosas.
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Análise: Guilherme Mello, Economista
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