Proposta de autonomia do Banco Central divide base aliada. Leia ainda outras análises de conjuntura econômica…

 

 
Proposta de autonomia do BC divide base aliada: A proposta de conferir autonomia operacional ao Banco Central, de autoria do senador Francisco Meirelles (PP-RJ), gerou nova divisão na base aliada do governo no Senado. O presidente do senado, senador Renan Calheiros, havia afirmado na semana passada que colocaria em votação a proposta de Dornelles, contrariando os objetivos e interesses do governo e da maioria do PT. Diante da possibilidade de votação da proposta, o governo fez chegar ao PMDB e a Renan, por meio do vice-presidente Michel Temer, sua posição contrária ao projeto. O ex-presidente Lula, cogitado como possível incentivador da ideia, negou qualquer articulação em favor da votação do tema, afirmando que se fosse favorável ao projeto o teria votado ainda em seu governo. Diante da reação do Planalto e do PT, o senador Renan Calheiros recuou parcialmente de seu objetivo, devendo pautar o tema apenas nas Comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Constituição e Justiça (CCJ) do senado.
Comentário: O tema da autonomia operacional do Banco Central é recorrente no debate público brasileiro, apesar do fato de que o Banco Central (BC) atualmente já possui ampla autonomia e liberdade de ação. Conferir mandados irrevogáveis ao presidente do BC seria como desvincular as decisões de política monetária da formulação geral da política econômica, sem, no entanto, desvincular as decisões do Banco Central (e de seus diretores) da praticamente irrefreável influência do mercado e dos grandes bancos. A autonomia formal do BC subordina importantes decisões da política econômica às concepções teóricas e empíricas de técnicos, que apesar de competentes, não foram eleitos por ninguém para comandar a economia do país. Esta defesa de um “governo dos não eleitos” agrada o mercado, que enxerga nessa alternativa uma segurança contra eventuais pressões do governo contra seus interesses imediatos. Neste raciocínio, a única influência política considerada danosa é aquela exercida por políticos eleitos, que representam os interesses populares, não sendo considerada maléfica a interferência política cotidianamente praticada por agentes de mercado, de caráter particularista, sobre o governo e sobre os “técnicos” do Banco Central. A recolocação deste tema em pauta soa como mais uma chantagem política de setores do PMDB (particularmente aquele ligado ao senador Calheiros) para obter cargos e benesses do governo, além de apoios políticos e eleitorais nos estados para as eleições de 2014, em uma relação cada vez mais marcada pelo dissenso programático.

Produção industrial de setembro cresce 1,3% em São Paulo, segundo Fiesp:Dados divulgados hoje, 31, pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) apontam que o Indicador de Nível de Atividade (INA) da indústria paulista cresceu 1,3% no mês de setembro, em relação ao mês de agosto. No acumulado do ano, o INA apresenta crescimento de 2,6%, sendo que entre janeiro e setembro de 2013 o índice se expandiu 3,4%. O principal crescimento no mês de setembro foi registrado na indústria automobilística, que avançou 8,8% em setembro, já considerado o ajuste sazonal. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) da indústria paulista também apresentou expansão no mês, passando de 81% em agosto para 81,4% em setembro. A má notícia é a piora na confiança dos empresários paulistas, que ficou em 49,3 pontos em outubro, contra 51,8 pontos em setembro, indicando uma possível desaceleração nos investimentos no último semestre do ano.

Comentário: O avanço da produção industrial em setembro na indústria paulista, motivada pela importante indústria automobilística, reforça a expectativa de crescimento positivo da produção industrial nacional, que será divulgada amanhã, 1º/11, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar disso, a deterioração das expectativas registradas recorrentemente nas pesquisas da FGV, e, agora, da Fiesp, trazem alguma preocupação em relação ao último trimestre de 2013, dado o risco de queda no crescimento dos investimentos. Ainda paira sobre a economia brasileira, particularmente sobre parcelas do empresariado e do mercado financeiro, um clima de excessivo pessimismo sobre o desempenho atual e futuro do Brasil no cenário mundial, o que afeta negativamente os índices de expectativas. Este pessimismo tem origem difusa, seja na imprensa nacional e internacional, seja no clima pré-eleitoral que já contamina boa parte das análises econômicas. Espera-se que, caso as expectativas se confirmem e o ano de 2013 termine com uma taxa de crescimento acima de 2,5%, e com a inflação em um patamar menor do que o verificado em 2012, parte do empresariado se convença de que o pessimismo exagerado estava errado em suas previsões, revertendo parcialmente o cenário de deterioração das expectativas.
Análise: Guilherme Mello, Economista
www.fpabramo.org.br
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