Presidenta Dilma Rousseff responde a críticos da política econômica. Leia mais:
Dilma responde a críticos da política econômica: Após uma série de críticas a respeito da condução da política econômica do governo federal, por parte dos candidatos oposicionistas, a presidenta Dilma respondeu, em discurso proferido ontem, 14, para empresários mineiros, parte dos argumentos daqueles que a criticam. Segundo Dilma, o Brasil tem um profundo compromisso com a solidez macroeconômica; cumprirá pelo 10º ano consecutivo a meta inflacionária estabelecida pelo Banco Central (BC), além de manter o endividamento público sob “rígido controle”, mesmo diante da maior crise econômica desde 1929, que atirou muitos países no abismo fiscal. Estes comentários foram interpretados, por parte da imprensa, como uma resposta à Marina Silva, que no dia anterior defendeu um retorno ao tripé macroeconômico (com aumento do superávit primário, câmbio plenamente flutuante e metas de inflação controladas pela taxa de juros), pretensamente abandonado pelo atual governo, segundo a candidata.
Comentário: A disputa política acerca do modelo econômico será um tema central da campanha eleitoral de 2014, já plenamente antecipada por Marina Silva e Aécio Neves, em recentes artigos de jornais e declarações públicas para investidores financeiros. O argumento (repetido por ambos) de que o governo abandonou o tripé macroeconômico e, com isso, fragilizou as finanças públicas, a solidez macro e as expectativas empresariais, é absolutamente falacioso. Para se chegar a esta conclusão, basta verificar o cumprimento das metas inflacionárias em anos recentes, a independência do BC na condução da política monetária, o enorme esforço fiscal ilustrado pelo superávit primário brasileiro (um dos maiores do mundo) e as recentes flutuações do câmbio. O governo, longe de abandonar o tripé macro, realizou ajustes em sua institucionalidade, permitindo maior flexibilidade em sua implementação e um maior controle público sobre preços macroeconômicos-chave, como câmbio e juros. Os discursos de Marina e Aécio clamam pelo retorno ao radicalismo liberal, com o fim da flexibilização da forma de implementação do tripé, o que certamente trará custos sociais profundos, com elevação dos juros, redução dos investimentos e aumento do desemprego. A “solidez macroeconômica” defendida pela oposição significaria um retorno à hegemonia do mercado financeiro sobre a economia brasileira, discurso que agrada os circuitos sociais em que transitam Marina Silva e Aécio Neves, mas que pode não agradar a maior parte da população.
Comércio varejista cresce 0,9% em agosto e sugere PIB positivo no 3° trimestre: O crescimento do comércio varejista no mês de agosto surpreendeu positivamente boa parte dos analistas financeiros, registrando alta de 0,9% contra uma expectativa média de crescimento de apenas 0,2%. A alta de agosto soma-se à recente expansão constatada em julho, quando o varejo cresceu 2,1% (número revisado para cima pelo IBGE, que havia inicialmente divulgado uma alta de 1,9% no mês de julho). Esta é a sexta alta consecutiva do comércio varejista, somando 5,1% de expansão em 12 meses, e 3,8% no acumulado dos primeiros oito meses de 2013. A receita do setor varejista também se expandiu, crescendo 1,2% em agosto e 2,1% em julho.
Comentário: Os dados positivos do varejo compensam parcialmente a queda na produção industrial, verificada em julho e estabilizada em agosto. O crescimento do setor comercial indica a possibilidade de manutenção de um ritmo de crescimento da demanda que atenda às expectativas dos empresários, levando-os a realizar novos investimentos. Quanto aos fatores estimuladores deste crescimento acima do esperado, destacam-se a queda recente da inflação, que ajudou a elevar o comércio nos supermercados, e o programa Minha Casa Melhor, que impulsionou a venda de móveis e eletrodomésticos. Além disso, a redução no endividamento das famílias, a manutenção do desemprego em patamares historicamente baixos, o aumento da renda familiar (mesmo que em ritmo menor que o registrado em anos anteriores) e a melhoria nas expectativas dos consumidores (particularmente após a superação do pessimismo de junho, decorrente tanto das manifestações quanto do clima negativo criado pela imprensa e por analistas financeiros acerca do futuro da economia brasileira), contribuíram decisivamente para impulsionar o comércio varejista. Com este resultado, é possível vislumbrar novamente um crescimento positivo do PIB no terceiro trimestre, com perspectivas positivas de aceleração para o quarto.
Análise: Guilherme Mello, Economista
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