Aliança de Marina Silva e Eduardo Campos e protestos no Rio de Janeiro dividem atenções da mídia.

 

 
Aliança de Marina e Campos e protestos no RJ dividem atenções da mídia:A aliança anunciada entre o PSB, do governador Eduardo Campos, e a Rede, de Marina Silva, ainda é o fato político que atrai maior atenção no noticiário nacional. Anunciada no sábado, 5, a aliança pegou de surpresa a quase totalidade dos analistas políticos, que cuidam agora de avaliar o potencial e os desafios de tal aliança. Ruídos já começaram a surgir, particularmente por integrantes da Rede no estado de São Paulo, que não ficaram satisfeitos com a aliança e com a forma como ela ocorreu, sem debate no interior do partido. Outra pauta que tomou conta do noticiário nacional foram os protestos dos professores grevistas no Rio de Janeiro, que ao mesmo tempo em que ganharam adeptos (fala-se em 10 mil manifestantes) contaram com a presença e atuação maior dos black blocs, o que gerou cenas de depredação e confronto com a polícia, fartamente retratados nas capas das principais publicações do país.
Comentário: A aliança Campos/Marina é um fato político relevante, mas com resultado incerto. Inicialmente, quem aparece como principal perdedor é o senador Aécio Neves, que vê a possibilidade de ser substituído como principal nome da oposição ao governo Dilma. Ao mesmo tempo, restam dúvidas acerca de como funcionará tal aliança, dado que o acordo foi fechado às pressas e sem definições claras de candidatura e plataforma.  A convivência de Marina com ruralistas (como Ronaldo Caiado) e direitistas tradicionais (como Paulo Borhausen e Heráclito Fortes), filiados ao PSB, pode gerar atritos na aliança, assim como um eventual cenário de não crescimento da candidatura de Eduardo Campos, o que poderá forçar Marina a assumir a cabeça de chapa. O discurso da dupla Campos/Marina tende a ser mais oposicionista e voltado aos setores conservadores da sociedade (conforme ficou claro no discurso raivosamente antipetista de Marina no sábado), mas isso pode levar Campos a perder o status de herdeiro do Lulismo , que busca construir, diminuindo seu potencial eleitoral. Quanto aos protestos no Rio (e em menor escala em São Paulo), a possibilidade de tomarem as mesmas proporções dos protestos de junho é pequena, dado o grau de violência e agressividade de parte dos manifestantes (black blocs), que naturalmente afasta boa parte das pessoas deste tipo de protesto. Além disso, a postura da polícia tem sido mais comedida do que a observada nas primeiras manifestações de junho, que gerou comoção e mobilização diante da evidente truculência da polícia paulista.

IGP-DI sobe 1,36% em setembro, mas reduz ritmo em relação ao IGP-M:A inflação medida pelo Índice Geral de Preços/Disponibilidade Interna (IGP-DI) indica crescimento de 1,36% no mês de setembro, uma aceleração comparado ao mesmo indicador medido em agosto (0,46%). Os três índices que compõe o IGP-DI mostraram aceleração, com avanço de 1,9% no atacado (IPA), 0,3% no varejo (IPC) e 0,43% na construção civil (INCC). As altas mais destacadas ficam por conta dos preços no atacado, onde o IPA agropecuário subiu de 0,36% em agosto, para 2,04% em setembro, e o IPA de produtos industriais avançou de 0,67% para 1,85%, em setembro. Apesar da alta, o IGP-DI registrou avanço menor que o IGP-M calculado para o último mês, que apresentou alta de 1,5%, indicando uma tendência de arrefecimento das pressões inflacionárias para os próximos meses.

Comentário: A elevação rápida dos preços no atacado é basicamente resultado da desvalorização cambial, ocorrida alguns meses atrás, que tem seu impacto nos preços apenas agora. O repasse de tal aumento de custos ainda não se refletiu de maneira clara nos preços do varejo, que mantêm uma trajetória normal para o período, reduzindo inclusive o acumulado em 12 meses. Com a recente estabilização do câmbio, em um patamar menos desvalorizado do que o anteriormente esperado pelo mercado, é possível vislumbrar um arrefecimento no ritmo de aceleração dos preços no atacado (calculado pelos IGPs), o que pode levar a uma resposta ainda mais tímida dos preços no varejo. Esta tendência já pode ser vista na comparação entre o IGP-DI e o IGP-M, que mostra o recuo em alguns preços no atacado, particularmente das commodities agrícolas. O cenário internacional, com a concretização de uma safra recorde de grãos no EUA e o fechamento do governo americano, contribui para a manutenção do câmbio em patamares mais valorizados e para a manutenção da inflação em patamares baixos.
Análise: Guilherme Mello, Economista
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