Estadão omite ampla preferência pelo PT
O jornal O Estado de S.Paulo publicou na edição hoje matéria baseada em dados da pesquisa Governo Lula, imagem dos partidos, reforma e cultura política, realizada entre os dias 24 e 27 de novembro de 2006 pelo Núcleo de Opinião Pública da FPA. A matéria se sustenta sobre um dado isolado da pesquisa e não oferece aos leitores a ampla preferência dos entrevistados pelo PT, seja pela sua atuação na defesa dos mais pobres, seja por defender justiça social. A pesquisa sobre imagem partidária pode ser consultada na íntegra na página do Núcleo de Opinião Pública da FPA.
Leia a carta enviada pela FPA ao jornal O Estado de S.Paulo hoje.
Sr. Editor,
em relação à matéria publicada à página A8 da edição de 13/03/07, intitulada ‘PT é visto como a sigla que tem mais corruptos’, gostaríamos de registrar nossa decepção com a parcialidade que marcou o tratamento dos dados recebidos para publicação – um enfoque que mais desinforma que informa seu leitorado.
Vamos aos dados: muito antes que corrupçao, associada ao PT por 30%, os traços mais identificáveis pela opinião pública nacional na imagem do PT são a do partido ‘que mais defende os pobres’, apontado como tal pela maioria absoluta (57%), o ‘que mais defende a justiça social’ (citam o PT 42%), ‘o mais aberto à participação da população’ (41%), o ‘que defende melhor os interesses do Brasil’ (39%) e o que ‘tem mais apoio dos movimentos sociais’ (38%) – traços em que nenhuma outra sigla atinge sequer 10% das citações.
O efeito de desinformação é evidente: se a corrupção fosse o traço mais identificável na imagem do PT – e não os acima apontados – como entender que depois de um ano e meio sob denúncias (tantas vezes parciais como a matéria em questão) o PT tenha permanecido como o partido com maior taxa de preferência partidária no país – aferida em 27%, em novembro passado, por si só superior à soma da preferência por todos as demais 31 siglas existentes? Como entender a própria reeleição de Lula, uma vez que a identidade PT-Lula é evidente à opinião pública?
Como se vê, a manipulação de uma informação pode não estar no que se divulga – os dados publicados estão corretos – mas naquilo que se omite. A opção injustificável e infeliz da matéria editada abala a relação de confiança que a Fundação Perseu Abramo depositara n’OESP ao entregar ao jornal um estudo amplo sobre a imagem dos partidos no Brasil, certa de que receberia um tratamento equilibrado, fazendo jus à complexidade dos resultados obtidos na pesquisa e ao respeito que merece a inteligência de seus leitores”.
Presidente da Fundação Perseu Abramo