Ajuda humanitária inclui também restabelecimento de energia e telecomunicações, recuperação de estradas, acolhimento em abrigos e atenção à saúde

Foto: Michel Corvello
Milhares de militares executam diuturnamente uma missão fundamental: salvar vidas. Foto: Michel Corvello

Na maior operação humanitária da história do país, chegou a 20 mil o número de profissionais ligados ao governo federal atuando no Rio Grande do Sul, afetado por enchentes. Em um grande esforço para salvar vidas, a força-tarefa já resgatou 76.470 pessoas e 10.814 animais. Só nas últimas 24 horas, foram mais de 100 resgates.

Os números atualizados foram divulgados nesta segunda-feira (13) pela Defesa Civil, ligada ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MDR).

Liderados pelo presidente Lula, que já esteve no Rio Grande do Sul por duas vezes desde o início das chuvas, os agentes federais atuam em parceria com o estado, os municípios gaúchos e a sociedade civil. São militares das Forças Armadas, servidores conectados aos ministérios da Justiça e Segurança Pública (Polícia Federal, Polícia Rodoviária e Força Nacional), da Saúde e do MDR, entre outros.

Além de salvar vidas, eles também restabecem energia e telecomunicações, recuperam estradas e estruturas, acolhem e estruturam abrigos para desalojados, prestam atendimento de saúde e protegem instalações.

Em apoio ao efetivo de 20 mil agentes, o governo federal enviou ao estado 42 aeronaves, 271 embarcações, 2.700 viaturas e o maior porta-aviões do país, que funciona como hospital.

Mais de mil horas de voo

Desde o início das operações de resgate, já foram realizadas mais de mil horas de voo. A informação foi divulgada durante a 9ª reunião da Sala de Situação, coordenada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, nesta segunda-feira (13).

O trabalho de domingo a domingo das equipes federais no estado, com profissionais atuando por 24 horas, segue sob a coordenação do comandante militar do Sul, o General de Brigada Marcelo Zucco.

Em outra frente, os Correios também estão prestando uma importante contribuição, com o recebimento e transporte gratuitos das doações feitas por brasileiros de todas as regiões do país, que atuam também como voluntários.

Mais recursos federais

Os esforços federais, iniciados logo no início da situação emergencial, são realizados com a presteza que o momento exige. Como tem repetido o presidente Lula, “não há limite para a ajuda ao Rio Grande do Sul”.

No sábado (11), o governo destinou mais recursos para o estado, por meio da publicação de uma Medida Provisória assinada por Lula e que tem efeito imediato.

A MP abre crédito extraordinário de R$ 12.179.438.240,00 para que diversos órgãos do governo federal possam executar as ações necessárias no atendimento aos municípios gaúchos afetados pelas enchentes. Com esse crédito, os recursos federais repassados ao estado já ultrapassam R$ 64 bilhões.

A MP envolve diversas frentes de atuação, como reposição de medicamentos perdidos, garantia de atendimento nos postos de saúde e hospitais, reconstrução de infraestrutura rodoviária, ações de Defesa Civil e atendimentos emergenciais executados pela Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Força Nacional.

“Eu estive lá duas vezes para dizer ao governador, ao povo gaúcho, ao povo brasileiro, que estamos 100% comprometidos com a ajuda ao Rio Grande do Sul. Não haverá falta de recursos para atender às necessidades”, disse Lula. “Nós temos que nos preparar porque a gente vai ter o tamanho da grandeza dos problemas quando a água baixar e quando os rios voltarem à normalidade”, acrescentou.

O ministro Rui Costa afirmou que a MP se faz necessária frente às dificuldades que ainda nem podem ser totalmente dimensionadas.

“O crédito extraordinário é uma das medidas do governo para não comprometer o orçamento dos ministérios, que já está em execução, e para garantir o atendimento e a retomada do Rio Grande do Sul. Esse é um dos primeiros passos para fazer com que os recursos cheguem o quanto antes aos governos municipais e estadual, mas também para as pessoas, para o comércio, para as empresas”, explicou.

Malha aérea emergencial

O governo federal tem tomado também providências para possibilitar o deslocamento da população gaúcha e o reencontro das famílias.

Começaram a chegar ao interior do Rio Grande do Sul os primeiros voos extras da malha aérea emergencial anunciada na quinta-feira (9), pelo ministério de Portos e Aeroportos, Anac, ABR, Infraero, Abear e companhias aéreas. No sábado (11), três companhias aéreas (Gol, Latam e Azul) operaram com voos para os municípios gaúchos de Passo Fundo, Santo ngelo e Caxias do Sul.

Nesta segunda-feira (13), os voos foram para Passo Fundo, Santa Maria, Uruguaiana e Caxias. A malha aérea nas regiões faz parte do plano emergencial que prevê 116 voos semanais nesta primeira fase, sendo 88 no Rio Grande do Sul e 28 em Santa Catarina.

“Estamos vendo os primeiros voos extras chegando ao interior do Rio Grande do Sul garantindo, com isso, o direito de ir e vir da população neste momento delicado. Amanhã, nos reuniremos com o governador Eduardo Leite para discutir a malha e novas medidas. Gostaria de aproveitar para parabenizar a todo o setor aéreo pelo trabalho para garantir voos extras aos nossos irmãos gaúchos”, disse o ministro.

Mentiras

Durante a reunião da Sala de Situação, o general Zucco destacou que as notícias falsas, fabricadas de modo enganoso para viralizar em redes sociais, têm colocado em risco a proteção e o salvamento de vidas. O assunto já foi tratado em reunião na semana passada e voltou a ser destacado.

“As fakes news acabam atrapalhando muito, porque paramos de fazer o que estamos fazendo para tentar responder a um vídeo montado de forma a tentar enganar a população. Quando botes, viaturas param para abastecer, eles filmam para dizer que os equipamentos estão parados. Isso é desleal, lamentável e atrapalha todo o trabalho”, criticou o militar.

Já o ministro Rui Costa voltou a destacar que o governo federal já tomou providências para reforçar o combate às notícias mentirosas. “Vamos dar sequência ao conjunto de ações individualizando essas pessoas. Não adianta apelo por educação, apelo humanitário, porque esses propagadores não entendem isso. Querem exatamente promover o caos e vão ser responsabilizados por tamanha irresponsabilidade”, afirmou Costa.