Na visita ao estado de Pernambuco, o ex-presidente lembra da infância sofrida, das lições de Dona Lindu e de que é possível sonhar com dias melhores para o povo brasileiro

 

A viagem de Lula ao estado de Pernambuco, onde nasceu e de onde partiu para construir uma das mais impressionantes histórias de um líder político, na última semana, foi marcante e repleta de simbolismo. O ex-presidente passou por Serra Talhada, Garanhuns — onde visitou uma réplica da casa que viveu na infância em Caetés — até chegar ao Recife, onde cumpriu uma agenda de encontro com artistas e fez um grande comício. Acompanhado do candidato Geraldo Alckmin, que integra sua chapa, Lula prometeu acabar com a fome que atinge 33 milhões de brasileiros, durante sua visita à região onde nasceu há 76 anos.

“Esse é um compromisso que eu quero ter com vocês, essa cidade vai comer três vezes por dia de novo”, disse o candidato do PT, em ato político no município de Garanhuns. “Eu nasci em Caetés e eu fui comer pão pela primeira vez aos 7 anos de idade. Eu vim para São Paulo 70 anos atrás para não morrer de fome, não foram poucas as vezes que minha mãe não tinha comida para colocar no fogo. Eu olhava no semblante da minha mãe e ela nunca perdia a esperança. Ela falava: ‘Hoje não tem, mas amanhã vai ter’. E essa crença… Essa crença me formou”, disse Lula sobre a mãe, emocionado.

Quando Lula tinha 5 anos de idade, conheceu o pai, que migrara para São Paulo quando a mulher ainda estava grávida. Dois anos depois, Dona Lindu e os oito filhos passariam 13 dias e 13 noites viajando de pau de arara para o Sudeste. Anos depois, em 2003, ele se tornaria presidente da República, responsável por tirar 36 milhões de pessoas da miséria, levar água para o sertão e tirar o país do Mapa da Fome. Foi inspirado no exemplo de Dona Lindu que o sonho de um Brasil para todos e todas se tornou realidade.

“Eu sei que é o sofrimento, eu quando vejo uma pessoa na rua eu sei o que essa pessoa está passando. Quando eu vejo uma mulher com criança na calçada pedindo esmola, eu sei o que ela está passando. Então, é essa causa que me move na política”, disse o ex-presidente, durante entrevista à rádio Super, de Minas Gerais.

O fogão a lenha, o chão de terra batida, o colchão de palha, o candeeiro e os móveis de madeira ajudam a compor o cenário de como era a vida na região na década de 1950, quando a família se mudou para São Paulo em um pau de arara. O projeto da casa, uma homenagem idealizada pelo PT de Pernambuco, teve início em maio e substitui uma réplica feita no início dos anos 2000 e que não resistiu à ação do tempo.

Na noite de quinta-feira, 21, ao encerrar sua viagem a Pernambuco, Lula assumiu o compromisso de, se voltar a ser presidente do Brasil, cuidar e garantir que os mais pobres tenham oportunidade de melhorar de vida. “O que o pobre precisa é ter oportunidade igual para competir por um emprego”, disse.

O ex-presidente estava ao lado de José Paulo, pernambucano que, após viver em situação de rua na infância, melhorou de vida com a ajuda dos programas sociais sociais criados por Lula e se formou médico graças ao ProUni. “A gente não quer tirar nada de ninguém”, prosseguiu Lula para uma multidão de 13,5 mil pessoas.

“A gente não quer que o rico fique pobre, mas a gente também não quer ficar pobre, porque ninguém gosta de ser pobre. Então, o que a gente tem que fazer? Criar oportunidade, dar para todo mundo igualdade”, disse.

Discursando antes de Lula, o ex-governador Geraldo Alckmin mostrou afinidade. “Por que estamos aqui? Porque o Brasil precisa. Para salvar a democracia, o Brasil precisa: volta, Lula! Para recuperar a economia, o emprego, acabar com a inflação, voltar a esperança, o Brasil precisa: volta, Lula! Para salvar a educação, a saúde, o meio ambiente, o Brasil precisa: volta, Lula!”, disse.

O evento no Recife serviu para Lula declarar apoio às pré-candidaturas de Danilo Cabral (PSB), ao governo do estado, e Teresa Leitão (PT), ao Senado. Ambos declararam seu compromisso com a democracia e a justiça social.

Também estavam presentes e discursaram o governador Paulo Câmara (PSB); a vice-governadora Luciana Santos (PCdoB); o prefeito do Recife, João Campos (PSB); o senador Humberto Costa (PT-PE); o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira e outros dirigentes políticos da aliança Vamos Juntos pelo Brasil. •

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