Exposição virtual mostra relação histórica do PT com pauta ambiental
Documentos do acervo do CSBH, da Fundação Perseu Abramo, apontam que a preservação da natureza é tema do partido desde a década de 80

crédito: Lucivaldo Sena / Acervo CSBH/FPA
Está disponível a partir desta sexta-feira (7), no site da Fundação Perseu Abramo, a exposição “Ecologia sem luta de classes é jardinagem”: o Partido dos Trabalhadores na luta socioambiental”.
Com produção do Centro de Documentação e Memória Política Sérgio Buarque de Holanda, o repertório virtual traz materiais históricos que mostram o acúmulo do PT na pauta do Meio Ambiente desde a década de 80 até os dias atuais.
São fotos, documentos, cartazes, entre outros itens, que destacam a organização da militância em defesa da preservação dos seis biomas brasileiros e o caminho percorrido na discussão da importância de ter no programa partidário o cuidado com o patrimônio ecológico.
“Diante das mudanças climáticas e do risco real que o nível de degradação ambiental representa para a humanidade, é natural que a pauta ambiental, de justiça climática, transição socioecológica e defesa dos povos tradicionais ocupe um lugar cada vez mais central na agenda do PT”, afirma Elen Coutinho, diretora da fundação.
Na visão da diretora, o debate passa pela reflexão do modelo de produção. “Nos últimos anos, com o agravamento da crise climática e a ampliação do debate global sobre os limites do modelo de produção capitalista, essa discussão ganhou mais densidade. A compreensão de que ser anticapitalista também implica enfrentar as contradições socioambientais tornou-se cada vez mais coletiva”, comenta.
A estruturação, nos anos 90, da Secretaria Nacional de Meio Ambiente e Desenvolvimento do PT, que tem Saulo Dias como atual secretário, é um dos destaques do conteúdo. Outros pontos, como os avanços conquistados nas políticas públicas do setor e a atuação da Fundação Perseu Abramo dentro do tema, estão entre os tópicos disponíveis para pesquisa do público.
A coordenadora do CSBH, Vanessa Nadotti, explica a construção do nome da exposição. “Escolhemos o título em homenagem a uma fala de Chico Mendes. Entendemos que é indissociável para a qualidade de vida dos trabalhadores que o meio ambiente seja preservado, e que os direitos no campo sejam garantidos”, diz.

Linha do tempo
Em março de 1988, houve a primeira Reunião da Comissão de Ecologistas do PT com o objetivo de formular propostas para o I Encontro Nacional de Ecologistas do PT. Em seguida, em julho de 1988, foi organizado no interior do partido o Seminário Nacional de Ecologistas do PT, realizado no Instituto Cajamar, no interior de São Paulo.
Neste mesmo ano, em texto assinado por Olívio Dutra, então presidente nacional da legenda, o partido já se pronunciava a favor da Amazônia brasileira. No ano seguinte, quando o PT concorreu à primeira eleição presidencial, o Grupo de Trabalho Questão Ambiental se reuniu com com objetivo de elencar diretrizes para o plano de governo nas eleições, pautando diretrizes políticas para o programa.
Dessa trajetória, surge o I Encontro dos Ecologistas do PT em 1991, que visava elaborar questões relativas à pauta ambiental para serem levadas ao I Congresso, também previsto para acontecer naquele ano.
Em 1993, por decisão do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores, levando em conta as deliberações do I Encontro Nacional dos Ecologistas do PT, foi criada a Secretaria de Ecologia e Meio Ambiente do PT que, a partir daquele momento, deixava de ser uma subsecretaria da Secretaria Nacional de Movimentos Populares para ganhar estrutura política de Secretaria Nacional.
Chico Mendes
No repertório virtual, há materiais que remontam momentos da vida política de Francisco Alves Mendes Filho, o Chico Mendes, um dos principais quadros da militância política relacionada às causas ambientais.
Nascido em Xapuri, no Acre, ele foi assassinado a tiros em 1988 por grileiros de terra. Seringueiro, ele foi sindicalista e defendeu nacional e internacionalmente os direitos dos povos da floresta.
“Nosso acervo possui muitas notícias nos jornais de veiculação nacional do PT, como o Boletim Nacional, denunciando os crimes daquela região, além da passagem dele pela estrutura do Partido dos Trabalhadores, que mostram a árdua luta que ele travou como sindicalista em Xapuri e militante do partido”, aponta Nadotti.
Outros repertórios virtuais disponibilizados pela Fundação Perseu Abramo são:
Das lutas pela redemocratização do país à Secretaria Nacional LGBT do PT
Sérgio Buarque de Holanda: 120 anos
O novo sindicalismo na construção do Partido dos Trabalhadores